Na semana passada, um vazamento de dados pessoais expôs informações de 220 milhões de brasileiros, segundo o dfndr lab, laboratório de pesquisa de segurança da PSafe. De acordo com a empresa, foram expostos nomes completos, datas de nascimento, CPF, além de dados de 104 milhões de veículos e de 40 milhões de empresas. De acordo com a jurista e mestre em Direito Penal, Jacqueline Valles, esses dados seriam mais que suficientes para um golpista tentar obter um cartão de crédito, empréstimos, realizar aberturas de empresas, entre outros delitos.
Oficialmente, a origem do problema ainda não é
exata, mas o Procon-SP notificou a Serasa Experian
pedindo explicações sobre o problema. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e
o Código de Defesa do Consumidor (CDC) preveem sanções para esse tipo de
ocorrência. A Serasa nega o vazamento, mas o fato suscita novamente a questão
das fraudes no ambiente virtual.
Vazamento de dados pessoais atinge 200 milhões de brasileiros
Vazamento não é novidade
A jurista Jacqueline Valles afirma
que o vazamento de dados é um problema antigo. “Daqui para
a frente, entretanto, com a chegada da LGPD
(Lei Geral de Proteção de Dados), esses vazamentos terão que ser evitados a
qualquer custo pelas empresas, sob pena de pesadas sanções já previstas na lei”,
explica. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrou em vigor em 18/9/2020
para disciplinar as regras sobre o tratamento e armazenamento de dados
pessoais, restabelecer ao titular desses dados o controle de suas informações e
proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade. As sanções
previstas poderão ser aplicadas a partir de agosto.
“Os dados
pessoais de todos já foram expostos de alguma forma”,
concorda Alexandre Hogata, CEO da empresa Cibertech, especialista
em tecnologia da informação, mas que, há um ano, passou a trabalhar na
implementação das diretrizes da LGPD nas empresas. “Não há
ninguém cujos dados pessoais não tenham ido para a chamada Deep Web, por isso,
a LGPD apareceu para ser uma poderosa aliada contra esse problema, pois impede
que um site faça qualquer armazenagem de dados pessoais sem autorização do
usuário”, acrescenta.
A Deep Web, “internet profunda”,
em tradução livre, é uma área da internet que fica "escondida" e tem
pouca regulamentação, não pode ser acessada por meio de pesquisas em buscadores,
como o Google ou Bing e não é acessada digitando um endereço em um navegador
comum.
O que fazer ao descobrir que seus dados foram
vazados
“Quando uma pessoa descobre que seus dados foram
vazados é preciso fazer um boletim de ocorrência eletrônico, porque desta
clonagem pode surgir uma empresa, um financiamento, entre outras situações,
forjadas através dos dados pessoais indevidamente obtidos por terceiros. O BO é
uma forma de ajudar a comprovar, caso necessário, que você não foi o autor”,
orienta a jurista Jacqueline Valles.
Para evitar fornecer dados pessoais ao realizar uma
transação pela internet, o especialista Alexandre Hogata orienta: “Antes de
comprar via web em um site que você não conhece, pesquise tudo o que puder,
investigue, se convença de que o endereço realmente é ilibado. Aliás, o
Procon-SP tem uma lista
chamada 'Evite esses sites', que pode ser uma excelente fonte de informação
para evitar o risco de ter os dados vazados”.
Sobre a maneira de pagar via web, se através de
cartão de crédito, débito ou boleto bancário, Hogata afirma
que, para evitar vazamento de dados, nenhuma delas faz muita diferença: “A forma de
pagamento não vai minimizar perder dados pessoais pela internet. O que ajuda,
como disse, é pesquisar muito quando o site é desconhecido. Nos mais famosos, a
proteção aos dados já está sendo realizada de forma acelerada, para evitar as
sanções da LGPD. Em todo o caso, eu sugiro o pagamento via PIX, quando o site
oferecer essa possibilidade”, complementa.
Com a repercussão do mega vazamento, também surge a
dúvida sobre a necessidade de contratar um advogado quando uma pessoa fica
sabendo de algum golpe em que seus dados foram utilizados de forma fraudulenta.
A jurista orienta: “A contratação de advogado é necessária quando, por
exemplo, um golpista realiza um empréstimo ou aluga um imóvel utilizando os
dados da vítima. Caso ao contrário, não há uma ação confirmada, repito que o
registro de um boletim de ocorrência online é a melhor opção”,
finaliza Valles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário