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quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Futuro poliglota: novas tecnologias de tradução instantânea podem representar o fim do ensino de idiomas?

 

Cada vez mais comuns em todo o mundo, soluções que focam em tradução instantânea são fortes tendências para os próximos anos e têm mobilizado desenvolvedores

 

As últimas décadas foram marcadas por descobertas e avanços tecnológicos que revolucionaram a vida em sociedade. Computadores, celulares, drones, aplicativos, inteligências artificiais, incontáveis recursos e dispositivos projetados e desenvolvidos para facilitar e otimizar todo o tipo de atividade humana. Aos poucos, vemos práticas comuns se tornarem completamente obsoletas e serem substituídas por hábitos ligados a novas tecnologias.

No quesito educação, não há dúvidas de que a maneira em que os estudantes tem acesso ao conteúdo foi significativamente impactada por modelos digitais ao longo dos últimos anos. São infinitas opções de cursos, atividades, palestras e materiais de todos os formatos que são desenvolvidos e disponibilizados todos os dias em variadas vertentes pedagógicas, acadêmicas e instrutivas, e que podem ser acessados nos mais diferentes tipos de sites, aplicativos e plataformas digitais, e muito já se discutiu sobre a possibilidade de um futuro sem professores em sala de aula. Mas o aprendizado em si pode ser eliminado em função de uma tecnologia que substitua um conhecimento específico? 

Um bom exemplo para esta possibilidade é o ensino de idiomas. Os tradutores simultâneos online e aplicativos para smartphone permitem que textos e áudios sejam convertidos de uma língua para outra em questão de segundos e já existem até mesmo protótipos de fones de ouvido capazes de captar e traduzir em tempo real uma conversão entre duas pessoas falando em idiomas diferentes. Mas para Cláudio Matos, um dos responsáveis pela startup Kultivi (www.kultivi.com.br), considerada uma das maiores plataformas online de ensino do Brasil, isso não é uma ameaça ao modelo atual de aprendizagem ou as instituições especializadas no ensino de línguas. “Sem dúvida, os softwares de tradução auxiliam muito o estudante, você pode obter o significado de uma palavra muito mais rapidamente do que consultando um dicionário, por exemplo. Mas todo aluno de línguas que já utilizou esse tipo de ferramenta sabe que ela não funciona para frases completas, grandes textos e gírias, pois é muito falho ao traduzir tudo ao ‘pé da letra’ e seguir padrões poucos flexíveis de construções de frases”, explica. 

Mesmo que a tecnologia avance a ponto de permitir acesso democrático a dispositivos portáteis com essa finalidade, essas funções não englobam nem oferecem a agilidade e qualidade de um diálogo entre falantes que estudaram a língua. “Assimilar uma nova língua vai muito além do que apenas conhecer o vocabulário e saber o significado das palavras, envolve estudar também a cultura dos países que a falam, sotaques, conhecer as expressões entre outros diversos fatores que formam um idioma e fazem a conversação ser dinâmica e interativa”, acrescenta Cláudio Matos.

 

Tradução X Comunicação 

Uma das razões pela qual é pouco provável que o ensino de idiomas seja extinto no futuro é o fato de tradução instantânea não ser sinônimo de comunicação efetiva. “São soluções que podem ser muito úteis em situações pontuais, para ‘quebrar um galho’ em uma viagem, auxiliar um estrangeiro pedindo informações, ou compreender sentenças simples em um idioma muito remoto ou fora da sua realidade, mas se você é uma pessoa que precisa de um segundo idioma para trabalhar, participa de reuniões, atende ligações, esses dispositivos ainda são pouco funcionais e nunca poderão substituir de forma eficiente uma conversa rotineira. Além de tornar a conversa interpessoal e robótica”, afirma o profissional. 

Em todas as vertentes do ensino diversas tecnologias foram incorporadas ao aprendizado com o passar do tempo, mas nenhuma eliminou a necessidade de adquirir habilidades e capacitação. “A invenção da calculadora não acabou com o ensino de matemática. São recursos que se suplementam e imprimem agilidade e facilidade de acesso aos estudantes, é dessa forma que a inteligência artificial contribui no aprendizado de idiomas, como suporte e não substituição”, completa Cláudio Matos.


Um comentário:

  1. Estou com essa crise de identidade ao meu caminho de ser poliglota, essa matéria me ajudou muito! Continuarei a seguir o que acredito e o que me motiva nessa jornada. Caso futuramente não seja de muita serventia, pelo menos corri atrás ao invés de ficar parado nessa incerteza, e aumentarei o poder cognitivo do meu cérebro.

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