O cancelamento das homenagens, no dia 2 de fevereiro, à "Rainha do Mar" nas praias de Salvador, na Bahia, e da procissão de Nossa Senhora dos Navegantes, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, foi mais um duro golpe para os produtores de flores de corte, principalmente os de rosas, que já amargaram em 2020 queda de 40% nas vendas. Cooperativa sugerem que devotos coloquem as flores em vasos com água, em suas casas, considerando que o mais importante é a intenção e a fé de cada um.
O produtores de flores de corte esperavam que as
homenagens à Iemanjá (no Sudeste e no Nordeste) e à Nossa Senhora dos
Navegantes (no Sul), movimentasse o mercado, principalmente de rosas. Com o
setor sofrendo desde o início da pandemia, em março, com a proibição de festas
e eventos, principalmente casamentos e formaturas em todo o país, eles fecharam
o ano com redução de 40% nas vendas, na comparação com 2019 e esperavam, nas
comemorações religiosas de 2 de fevereiro encontrar espaço para a
comercialização. No entanto, a proibição das festas e procissões no litoral
brasileiro devido a segunda onda da Covid-19 foi mais um balde de água fria
para eles. A solução é pedir aos devotos e pescadores que não deixem de
homenagear a “Rainha do Mar”.
“Todos podem colocar as rosas ou outras flores de
corte em vasos com água, em frente a imagem do orixá ou de Nossa Senhora dos
Navegantes e fazer seus pedidos e orações. Ou levar as flores em outros dias. O
importante é a intenção. E a fé”, sugere Thamara D`Angiere, gerente de
Marketing da Cooperativa. “Apenas a proibição dos eventos, como
casamentos, formaturas e corporativos, entre outros, correspondem a 30% do
mercado floricultor. As mais prejudicadas são as flores de corte, utilizadas na
decoração. Por isso, essas datas especiais são muito importantes para ajudar
esses produtores na manutenção de suas estufas, principalmente porque temos uma
demanda reprimida que surgirá tão logo esses eventos adiados possam ser
realizados”, avalia.
Curiosidades
Grande parte dos devotos de Iemanjá e de Nossa
Senhora dos Navegantes nem imagina que as flores enfrentam uma dura jornada
antes de serem lançadas ao mar como oferendas em todo o litoral brasileiro ou
para decorar os barcos dos pescadores. As rosas, consideradas as “Rainhas das
Flores” e preferidas para as homenagens ao orixá africano e à santa católica -
que acontecem na próxima terça-feira, 2 de fevereiro, - já foram colhidas pelos
produtores e estão sendo transportas em caminhões refrigerados para que cheguem
frescas e lindas em todo o litoral brasileiro até a véspera do evento.
A maior parte das rosas, por exemplo, nesta data,
viaja até quase 6.000 km, em caminhões climatizados, para que cheguem lindas e
frescas aos seus destinos. Produzidas nas fazendas de Andradas, Sul de Minas
Gerais, e de São Benedito, na Serra de Ibiapaba, no Norte do Ceará, elas
precisam, antes, serem levadas até a Cooperativa Veiling, em Holambra, no
interior paulista, onde são disputadas em leilão pelos distribuidores que
decidirão o seu destino final no varejo.
De São Benedito, no Ceará, até Holambra são 2.881
km e, de Andradas, 92 km. Uma vez vendidas no leilão, elas são embarcadas
novamente em caminhões para Fortaleza (2.837 km), Salvador, o principal centro
comercializador nesta data (2.011 km), Rio de Janeiro (522 km) e Porto Alegre
(1.237 km). Considerando as duas viagens, as rosas produzidas em São Benedito
percorrem 5.718 km para serem lançadas no mar de Fortaleza; 4.892 km para
chegarem até Salvador e 3.403 km para serem entregues no Rio de Janeiro. Até
Porto Alegre as duas viagem totalizam 4.118 km. Para as rosas produzidas
em Andradas, Sul de Minas Gerais, a viagem é mais rápida, mas também longa:
2.929 km até Fortaleza; 2.103 km até Salvador; 1.329 km até Porto Alegre e 614
km até o Rio de Janeiro.
Sobre Iemanjá
Iemanjá, a "Rainha do Mar", é um orixá
africano e faz parte do candomblé e de outras religiões afro-brasileiras. Seu
nome é derivado de expressão em iorubá que quer dizer "mãe cujos filhos
são peixes". Iemanjá era orixá de uma nação iorubá, os Egba, que
viviam inicialmente em um local no sudoeste da Nigéria, entre Ifé e Ibadan,
onde há um rio chamado Iemanjá. No século XIX, devido às guerras entre povos
iorubás, os Egba foram obrigados a se afastar do rio Yemanjá e passaram a viver
em Abeokuta. No entanto, continuaram cultuando a divindade que, segundo a
tradição, passou a viver em um novo rio, o Osun.
No Brasil, no Dia de Iemanjá,
comemorado em 2 de fevereiro, milhares de pessoas se vestem de branco e vão às
praias depositar oferendas, como flores, espelhos, joias, comidas, perfumes e
outros objetos. Salvador, na Bahia, tem a maior festa registrada no país,
atraindo turistas de todas as partes. Em 2 de fevereiro também é celebrado
o Dia de Nossa Senhora dos Navegantes, uma santa católica. No Rio Grande do Sul
e em Santa Catarina, ainda existe esse sincretismo entre as duas divindades. Já
no Rio de Janeiro, Iemanjá é sincretizada com Nossa Senhora da Glória.
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