Conhecida como Doença de Crohn, a
enfermidade acomete o trato digestivo e é crônica
Enfermidade
inflamatória crônica, a doença de Crohn ganhou visibilidade após a recente
liberação da última temporada da série Vikings, pela Netflix. Na trama,
inspirado em Alfredo de Wessex, que viveu na Inglaterra no século IX, o
personagem de mesmo nome sofre com sintomas que, segundo especialistas, dão
indícios para a doença. Na vida real, acredita-se que o rei de Wessex também
tenha sido importunado pela doença de Crohn.
De causa
ainda não totalmente esclarecida, a doença de Crohn pode acometer todos os
segmentos do trato digestivo, da boca ao ânus. “Quando acomete o intestino
grosso, pode aumentar o risco de câncer desse segmento, como o câncer
colorretal”, comenta o oncoproctologista do Grupo OncoProcto do Felício Rocho,
Rodrigo Paiva.
“O paciente
com Crohn precisa se preocupar com a possibilidade de câncer, pois é condição
predisponente”, avalia Fábio Lopes, oncoproctologista do mesmo grupo. Ele
explica que o motivo para aumentar o risco de câncer colorretal é o próprio
processo inflamatório crônico. Indivíduos que pertencem a famílias que têm
pessoas com Crohn têm risco maior de desenvolverem a doença, podendo
acometer, inclusive, crianças”, comenta.
Diagnóstico e tratamento
Após análise
de sintomas como diarréia frequente, dor abdominal, febre e sangramento retal,
o principal exame para diagnóstico da doença de Crohn é a colonoscopia, que
também deve ser usada para acompanhar a evolução do tratamento.
“Alguns anos
atrás, a colonoscopia era indicada apenas para rastreamento de câncer, a partir
de 8 a 10 anos de diagnóstico. Hoje, é indicada de forma mais liberal e como
parte da avaliação de resposta ao tratamento”, explica Paiva.
“Segundo
alguns trabalhos recentes, a avaliação histológica seria o padrão ouro de
eficácia do tratamento instituído. Seguindo essa recomendação, os pacientes
devem ser submetidos a colonoscopia com biópsia, todas as vezes que houver a
necessidade de avaliação de resposta ao tratamento”, diz o médico.
“A remissão
histológica, além de evitar as complicações da doença diminui de sobremaneira o
risco de câncer colorretal”, comenta Paiva. “Embora não a cure, o tratamento
bem feito controla bem a doença”, acrescenta Lopes. Segundo os especialistas, o
tratamento inclui também a administração de medicamentos e dieta dosados a
partir da condição clínica de cada paciente.
Alimentação
Fábio Lopes
lembra que a má alimentação, de forma geral, é fator de risco para câncer,
independentemente da presença ou não da doença de Crohn. “Alimentos
industrializados, em especial as carnes processadas e defumadas, como bacon,
linguiça, salsicha, principalmente, são os que devem ser retirados ou reduzidos
da dieta de qualquer pessoa”, defende.
“Os cuidados com a alimentação do paciente com Crohn seguem os
mesmos indicados para a prevenção de câncer colorretal. No paciente bem
controlado, não existem restrições alimentares específicas”, complementa
Rodrigo Paiva.
Grupo Onco-Procto do Hospital Felício Rocho
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