Professora FGV
debate o crescimento do EAD assim como as tendências do setor para o próximo
ano
A pandemia em 2020 acelerou o processo de
digitalização. Dentre vários desdobramentos está a aceleração do sistema de
ensino a distância, o famoso EAD. Para a professora doutora da IBE Conveniada
FGV, Vanessa Janni, especialista em ensino a distância, apesar de, ainda, o
número de alunos optarem por aulas presenciais ser maior, o número de optantes
pela modalidade EAD apresentou maior crescimento nos últimos anos. “Segundo as
projeções, se continuar assim, a tendência é que em 2023 teremos mais alunos na
modalidade EAD que na presencial”, afirma ela.
A educação remota, principalmente em nível superior
e de pós-graduação já vinha apresentando crescimento no Brasil. O
distanciamento social só colaborou com o desenvolvimento de plataformas de
suporte para o modelo no país.
De acordo com um levantamento feito pela Unicesumar
- a quarta maior universidade brasileira -, somente entre agosto e outubro de
2020 houve um aumento de 39% em matrículas para cursos de graduação a
distância. A pesquisa mostra também que os cursos mais procurados são os da
área de saúde e bem-estar (85%); de tecnologia (64%); e de engenharia (56%).
O aumento das matrículas serve como exemplo para
cenário nacional nos últimos anos. De acordo com o Mapa do Ensino Superior no
Brasil 2020, houve um crescimento de 145% nas matrículas em cursos de graduação
EAD, entre 2009 e 2018.
Para a professora, que também dá dicas de finanças
pessoais no podcast Dra. Dinheiro, a ampliação dos cursos a distância foi
possível devido a regulamentação pelo MEC em 2017 da Educação a Distância em
todo o território nacional, permitindo que instituições de ensino superior
pudessem oferecer exclusivamente cursos na modalidade EAD”.
Porém, a especialista afirma que existem algumas
dificuldades ao crescimento da educação remota. “Em diversas regiões do Brasil
o número de pessoas conectadas à internet é muito baixo quando comparado aos
grandes centros, o que gera uma desigualdade em um sistema que deve ser pensado
em escala nacional – além de questões como, por exemplo, perda de contato com
outros alunos e professores”.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua - Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua
TIC) 2018, divulgada no final do ano passado pelo IBGE - Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística, uma em cada quatro pessoas no Brasil não tem acesso
à internet. Em números totais, isso diz que cerca de 46 milhões de brasileiros
que não tem acesso à rede. Já a pesquisa TIC Domicílios apontou que 58% dos
brasileiros acessavam a internet em 2019 exclusivamente pelo telefone celular.
Além disso a professora alerta para outro desafio.
“É preciso qualificar professores e promover condições de acesso às tecnologias
que possibilitem o ensino e a avaliação assertiva de alunos para promover uma
educação a distância de qualidade”.
Ela conclui dizendo que apesar das dificuldades, temas
como microlearning, nanolearning, gamificação e inteligência artificial - as
novas tecnologias da indústria 4.0 – são fundamentais e irão contribuir com o
EAD.
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