quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Maior especialista do país ensina dez lições sobre o saquê



Celso Ishiy revela todos os segredos da tradicional bebida japonesa que vem conquistando cada vez mais os brasileiros


O saquê praticamente permaneceu no Japão ao longo dos séculos apreciado somente pelos habitantes locais, sendo pouco exportado, se considerado o seu potencial. Mas, isso mudou ao longo dos últimos 20 anos e, agora, as fabricantes estão se esforçando para compartilhar a bebida ao redor do mundo. 

Com uma estreita ligação com o povo japonês e sua cultura, o Brasil possui mais potencial para o crescimento do saquê fora do Japão do que, talvez, qualquer país europeu. O que tem travado esse florescimento é a falta de informação.

É uma bebida cujo tempo chegou. Cheio de sabores a aromas, incrivelmente puro, simples e complexo ao mesmo tempo, profundo em todos os aspectos e surpreendentemente adaptável, o saquê detém grande potencial para a sua apreciação. 

O saquê percorreu uma história fascinante de mais de dois mil anos até chegar a essa mistura que os consumidores vêm bebendo atualmente. Esta bebida é uma das mais naturais e complexas que existem, sendo feita a partir de ingredientes básicos – arroz e água, somados aos agentes de fermentação (levedura e o fungo koji-kin).

Para disseminar a cultura do saquê no Brasil, Celso Ishiy, um dos maiores especialistas da bebida no país e diretor da TRADBRAS, empresa focada na importação e exportação de produtos da cultura oriental, revelou o que chamou de 10 goles de saquê. Confira:

- Saquê é a cachaça do Japão?
Sem desmerecer a nossa cachaça, que está melhorando de qualidade, para começar, eles pertencem a diferentes categorias. A cachaça é um destilado. O saquê é um fermentado de arroz.

- Saquê se toma com sal?
Já vi muita gente colocar sal para tomar um gole de saquê. Antigamente, no tempo dos meus avós, até se bebia assim. Desde o surgimento dos saquês Premium não se faz mais isso. Você mistura energético em um whisky 18 anos?

- Existe mais de um tipo de saquê?
O saquê não é uma bebida genérica. Para se ter uma ideia, há mais de 1800 fabricantes de bebidas no Japão que produzem cerca de 40 mil rótulos, o que confere uma diversidade incrível. Cada um deles produz saquê de diferentes tipos e classificações. A boa noticia é que está cada vez mais fácil encontrá-los no Brasil. 

- O saquê é uma bebida sagrada?
Assim como o vinho tem um significado religioso para a Igreja Católica, o saquê é usado em cerimônias xintoístas, principalmente no Japão, onde é considerado a bebida dos deuses.

- É melhor tomar saquê quente ou gelado?
Hoje, a maioria prefere consumir saquê gelado, mas depende do tipo e ocasião. Muita gente acha que o saquê quente serve apenas para disfarçar a má qualidade. Já adianto que é possível beber excelentes saquês quentes.

- Por que se toma saquê em copo quadrado?
É bonito e exótico, mas hoje em dia não se bebe mais saquê no massu, o copo quadrado de madeira. É um hábito antigo que alguns restaurantes persistem em usar.

- Saquê combina só com comida japonesa?
Muito pelo contrário. O saquê harmoniza com vários tipos de bebida – da italiana à alemã - até com feijoada. Cada prato tem o saquê que merece.

- Existe caipirinha de saquê no Japão?
A caipirinha de saquê é uma invenção brasileira, embora os japoneses usem o saquê comum e shochu (destilado) para preparar outros tipos de coquetéis. No Japão, a versão Premium da bebida é a que tem feito mais sucesso.

- É verdade que o saquê não dá ressaca?
O saquê Premium é uma das bebidas mais puras que existem e isso faz com que não cause ressaca na maioria das pessoas. É bom lembrar que cada corpo reage de maneira diferente à bebida alcoólica.

- O saquê tem prazo de validade?
O saquê não tem prazo de validade se conservado em condições adequadas. Recomenda-se, no entanto, degustarem, em, no máximo, dois anos para sentir o sabor que a fabricante quis propiciar. Existem também saquês envelhecidos, como o vinho.     





Celso Ishiy - sommelier de saquê e um dos principais especialistas no assunto no Brasil. Fez diversos cursos no Japão, entre eles o Sake Professional Course, ministrado por John Gauntner, o principal especialista estrangeiro em saquê. Para conhecer o processo de produção em detalhes, trabalhou em diversas fábricas de saquê no Japão. A convite da Jetro (Japan External Trade Organization), órgão do governo japonês para desenvolvimento do comércio entre os países, conheceu mais fabricantes em diversas províncias. Ministrou treinamentos, cursos e palestras sobre o tema em instituições como Fundação Japão, ABB (Associação Brasileira de Bartenders) e evento “Japão à Brasileira”, organizado pela Prefeitura de São Paulo. Elabora cardápios de saquê e ministra treinamentos para restaurantes e empórios. Além disso, é um dos diretores da TRADBRAS, empresa focada na importação e exportação de produtos da cultura oriental. Para mais informações, acesse: www.tradbras.com.br.



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