O home office, para muitos, já virou definitivo e requer um espaço preparado |
A
pandemia já mudou a vida e a casa de muitas pessoas. A sala de estar virou
escritório improvisado, o hall de entrada está constantemente cheio de calçados
e a mesinha lateral, agora é o lugar do álcool em gel. Algumas das adaptações
feitas em casa para esse período inédito, serão permanentes, mas como
transformar o temporário em definitivo? A arquiteta Ana Johns, à frente do
escritório Ana Johns Arquitetura, fala sobre as principais mudanças que estão
se tornando definitivas e dá algumas dicas para deixar os ambientes mais
funcionais.
Uma das partes da casa que, sem dúvidas, já mudou, é o hall de entrada. As
sapateiras agora têm a função importante de evitar que a sujeira passe para os
outros cômodos e a possibilidade de ter cabides para deixar casacos e bolsas
também é uma ótima opção. Segundo Ana, as alterações nesta parte da casa são as
mais solicitadas no momento. "A ideia é realmente deixar a sujeira no hall
e não levar calçados e casacos para dentro de casa. Um apoio perto da porta,
com álcool em gel, ou até mesmo um local para lavar as mãos, como um pequeno
lavabo mais perto da entrada, já são solicitados nos projetos", afirma a
arquiteta.
O home office, para muitos, virou uma realidade que, inclusive, se estenderá
após a pandemia. Entretanto, a questão do conforto para trabalhar por longas
horas em um ambiente deve ser levada mais à sério. "O mais importante é
ter cuidado na escolha da mesa e, principalmente, da cadeira, para que seja
possível manter a postura durante todo o horário de trabalho", diz a
arquiteta. Além dos itens principais, um detalhe que deve ser levado em
consideração é a altura dos elementos. "O uso de apoios, para o monitor e
para os pés, pode ser de grande ajuda. E nem sempre é necessário comprar
acessórios para isso, pode-se usar, por exemplo, alguns livros como suporte
para a tela", conta Ana.
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Outra questão que teve já mudanças significativas
durante a pandemia foi a da limpeza. Para evitar a contaminação, muitas
pessoas abriram mão do serviço de empregadas domésticas e estão limpando suas
próprias casas. Neste sentido, Ana conta que a preferência será por ambientes
mais práticos, com revestimentos mais fáceis de limpar e móveis mais
tranquilos de mover. |
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Temporário ou definitivo?
Uma solução temporária, que pode não funcionar
a longo prazo, são os ambientes multiuso. "Quando pensamos em ter mais de
um uso para um ambiente, ou isso é muito bem pensado e planejado, ou atrapalha
a rotina. Quem está trabalhando na mesa de jantar, precisa sempre montar e
desmontar seu home office; quem faz exercício na sala, precisa mexer os móveis
toda vez que vai fazer um alongamento; entre outras situações. Tudo isso é
estressante e não deve ser mantido por longos períodos", alerta a
arquiteta. O conselho é entender que pequenas mudanças podem ser feitas de
forma definitiva e estas facilitarão o uso dos ambientes da casa.
A mobilidade neste período também já mudou. O
uso de bicicletas para evitar o transporte coletivo e até mesmo para levar uma
vida mais saudável, aumentou consideravelmente, trazendo à tona a dificuldade
de armazená-la dentro de casa, principalmente em imóveis pequenos. Ana indica o
uso de suportes ou elementos na parede, de forma que a bicicleta não fique
atrapalhando a circulação. "Se a ideia for investir um pouco mais, é
possível pensar em lugares junto com o mobiliário, que fica algo bonito e
funcional. O segredo é ver a bicicleta como parte da decoração e não como algo
que está atrapalhando", completa.
Mesmo com as academias abertas, muitos ainda
buscam evitar esses ambientes e já até se acostumaram com a prática de exercícios
dentro de casa. Entretanto, poucos têm um espaço realmente preparado para essa
finalidade, e improvisam arrastando uma mesa ou sofá. Os itens, como
colchonetes e halteres, também não têm um lugar específico para armazenamento.
Ana diz que, às vezes, só remanejando o layout já é possível ter um espaço
livre para os exercícios. "Temos que ter em mente que, se virar algo muito
trabalhoso, nossa mente vai acabar sabotando a rotina de exercícios. Para
guardar os equipamentos, se não houver um local específico, é possível usar uma
caixa ou um baú. Não precisa ser complicado", afirma a arquiteta.
A nova realidade traz novas demandas dentro de
casa e já há uma procura por essas soluções que fazem a diferença no dia a dia.
"Os ambientes devem ter a possibilidade de atender às diferentes
necessidades. Acredito que a maleabilidade nos projetos pode ser algo muito
importante, para que os moradores sintam que podem realmente aproveitar ao
máximo suas casas", finaliza Ana.
Ana Johns é arquiteta e urbanista formada pela
Universidade Positivo e mestre em Sustentabilidade e Arquitetura Nórdica pela
Universidade de Aalborg, na Dinamarca. Com experiência no ramo desde 2008, a
profissional já desenvolveu trabalhos internacionais - no escritório Carvalho
Araújo, em Portugal - além de atuar em diversos escritórios renomados em
Curitiba, como o Maganhoto e Casagrande onde exerceu a função de gerente de
projetos na área de arquitetura de interiores. Com essa visão diferenciada e
ampliada da arquitetura, no início de 2016 fundou o escritório Ana Johns
Arquitetura, com o objetivo de desenvolver de forma consciente projetos em
todas as escalas.
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