O impacto da Covid no comportamento do cliente foi abrangente, imediato e forçou os gestores repensarem tudo que, até então, era estratégico. Os gastos na maioria dos setores estão baixos, as compras mudaram dos canais presenciais para os digitais e a segurança pública se tornou uma prioridade para todos. Os executivos que elaboraram cuidadosamente estratégias omnichannel, para criar experiências exclusivas e atraentes para o cliente, tiveram que jogar fora seus manuais e improvisar para acompanhar o ritmo.
À medida que as empresas se preparam para o longo
prazo, o que chamamos de ‘próximo normal’, a situação continua mudando a cada
semana e pode variar drasticamente por região. Um dos desafios mais incômodos é
determinar quais comportamentos e tendências dos clientes vieram para ficar e
quais mudarão com a volta da tal normalidade.
Para vencer no próximo normal, é preciso
identificar os comportamentos atuais que definirão a experiência do cliente em
curto prazo. De acordo com a McKinsey, são três as prioridades que definirão a
experiência do cliente na era pós-pandemia: excelência digital, envolvimento
seguro e sem contato e percepções dinâmicas do cliente. Cada organização
buscará essas prioridades de maneira diferente com base em seu setor, ponto de
partida e cenário competitivo.
Os clientes estão reduzindo significativamente seus
gastos em quase todas as categorias, antecipando tempos difíceis pela frente. É
provável que essa tendência continue. Com o pico da crise nas economias
ocidentais, mais de um terço dos europeus e americanos disseram que sua renda
foi afetada negativamente pela Covid, afirma a McKinsey. Espera-se que os
gastos gerais diminuam em 50% em todas as categorias de consumo, mas certas
necessidades aumentarão: alimentação (até 14%), entretenimento (até 13%) e
suprimentos para casa (até 3%).
Comportamentos que vieram para ficar
A China, que está várias semanas à frente de outros
países na crise da pandemia, ainda não viu os gastos do consumidor voltarem ao
normal. A pesquisa da McKinsey revelou que os gastos caíram de 30% a 60%.
Embora a flexibilidade financeira possa ser cada
vez mais limitada, muitos clientes agora enfrentam um excesso de tempo. O
isolamento social estimulou um engajamento recorde nas plataformas digitais,
onde os clientes estão substituindo ou complementando atividades físicas e
presenciais com equivalentes digitais.
Em paralelo, a demanda por dados e largura de banda
disparou. Um levantamento recente de análise da web revela um aumento mundial
de quatro vezes nas pesquisas do Google por ‘atualização do plano de dados’.
Quase todas as organizações, sejam empresas
tradicionais ou startups, estão reorientando os modelos de negócios para ser
mais digital, porque é questão de sobrevivência. E é altamente provável que os
consumidores prefiram usar esses meios após a crise. Por exemplo, a China prevê
que a penetração online terá um aumento permanente de três a seis pontos
percentuais devido aos comportamentos incorporados durante a Covid-19.
Nesse cenário, os gestores devem ter a habilidade
de priorizar o que é mais importante, evitando a tentação de simplesmente ficar
atrás das últimas notícias sobre o vírus e a cura. A onda de produtos e
aplicativos para atender à demanda específica do coronavírus pode, em breve,
saturar o mercado e, provavelmente, veremos novas práticas chegarem ao topo.
Odilon Costa - CEO da Tree Solution
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