O consumo contínuo
da substância também aumenta as chances de desenvolver formas mais graves de
covid-19
No dia 29 de agosto, é celebrado o Dia Nacional de
Combate ao Fumo. O tabaco influencia diretamente na saúde bucal, estando
algumas lesões associadas ao seu consumo e outras a alterações sistêmicas. A
pandemia de covid-19 acendeu novo alerta sobre os malefícios do tabaco, já que
o consumo de cigarros cresceu durante o isolamento social, segundo dados de
pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – cerca de 34% dos
fumantes brasileiros declararam ter aumentado o número de cigarros fumados. Ao
mesmo tempo, as possibilidades de tratamento bucal estão limitadas neste
período, o que reforça a necessidade de conscientizar a população acerca dos
riscos envolvidos no uso da substância.
Estomatite nicotínica, pigmentação das mucosas pelo
tabaco e o câncer de boca são algumas das doenças associadas diretamente ao
consumo do tabaco. O tempo de uso e a frequência são determinantes no
desenvolvimento destas lesões, principalmente no caso do câncer de boca. “A
estomatite nicotínica se apresenta como uma placa única e difusa, com áreas avermelhadas
e localizada no céu da boca, tendo sua origem relacionada ao calor produzido
pelo uso do tabaco. Tal alteração é totalmente reversível, bastando cessar o
hábito de fumar”, destaca Fábio de Abreu Alves, presidente da Câmara Técnica de
Estomatologia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).
Já as pigmentações pelo uso do tabaco, um dos
principais fatores estéticos, são encontradas geralmente na gengiva e levam
mais tempo para sumir, geralmente em até três anos após cessar o uso contínuo
da substância.
O tabaco também está relacionado ao mau hálito e à
pigmentação amarelada dos dentes, ocasionados principalmente pelo alcatrão
presente no cigarro. Outro problema frequente nos pacientes tabagistas é a
doença periodontal, caracterizada por alterações das gengivas, o que os torna
mais suscetíveis a perdas dentárias.
“O fumo acelera a evolução da doença periodontal,
pois também diminui a resposta imunológica do paciente”, acrescenta Benedicto
Bassit, presidente da Câmara Técnica de Periodontia do CROSP.
Os perigos do narguilé e do cigarro eletrônico
Mas os cigarros tradicionais estão longe de serem
os únicos vilões dessa história. Estudos preliminares apontam que o uso
contínuo do narguilé pode causar câncer de boca e de lábio em jovens.
Já os cigarros eletrônicos ou vaporizadores, cada
vez mais populares, embora não apresentem a maioria dos elementos químicos de
um cigarro convencional, também oferecem riscos de câncer e outros males. De
acordo com os especialistas da CT de Estomatologia do CROSP, os líquidos
utilizados nos cigarros eletrônicos, uma vez aquecidos, se transformam em
substâncias cancerígenas associadas ao câncer de pulmão. Além disso, pesquisas
também têm investigado uma nova doença pulmonar relacionada ao consumo desses
dispositivos, que pode causar sintomas como dificuldades para respirar, dor no
peito, febre, tosse e vômito.
O tabaco e a covid-19
Com a limitação das possibilidades de atendimento
odontológico, por conta da pandemia, a situação se torna ainda mais complicada
para o fumante. “Mesmo no caso de pacientes não fumantes, a falta de
acompanhamento profissional pode levar à diminuição na qualidade dos cuidados
bucais e aumento de cárie e doença periodontal, principalmente. Quando o
paciente é fumante, a situação sempre pode ser mais complicada. A única maneira
de diminuir de fato o impacto do fumo na saúde bucal é parar de fumar. Mas uma
higiene bucal muito criteriosa pode amenizar um pouco os efeitos do manchamento
dental”, afirma Marcelo Cavenague, secretário da CT de Periodontia do CROSP.
A frequência e duração do uso do tabaco podem
trazer consequências não só para os pulmões ou a cavidade oral, mas também pode
aumentar o risco do indivíduo desenvolver infecções virais, como, por exemplo,
a covid-19.
“Essas pessoas acabam possuindo um comprometimento
maior do seu sistema respiratório e, por conta disso, o fumante apresenta maior
chance de desenvolver sintomas graves do coronavírus. O melhor tratamento ainda
continua sendo a prevenção, conscientizando a população e tomando medidas para
desestimular o uso do tabaco”, frisa Alves.
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo
(CROSP)
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