Dados da OMS
apontam que a cada três segundos ocorre uma tentativa de suicídio no mundo e
que a cada 40 segundos uma delas é concretizada. Especialistas avaliam que a
melhor forma de prevenir é falar sobre o assunto e buscar ajuda
A Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que, anualmente,
cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio no mundo. Nos últimos dez anos, a
taxa de suicídio cresceu mais de 40% entre os brasileiros de 15 a 29 anos. Na
Bahia, os dados apontam que entre 2010 e 2017 foram contabilizados 3.324 casos
de suicídio. Segundo a própria OMS, a maior parte desses casos poderia ser
evitada caso as pessoas tivessem recebido ajuda adequada. No contexto atual, no
qual as mudanças e dificuldades ocasionadas pela pandemia de Covid-19 acendem
um alerta para a saúde mental da população, especialistas já temem que o número
de suicídios possa aumentar nos próximos meses.
Ainda
cercado de mitos, o assunto tem sido mais debatido nos últimos anos, sendo o
mês de setembro dedicado à prevenção e debate sobre o suicídio. Embora falar
sobre o tema ainda seja um tabu, psicólogos e psiquiatras apontam que esse é um
dos caminhos para ajudar na prevenção. Para colaborar nesse no esclarecimento
sobre o problema, a clínica Holiste Psiquiatria promove uma série de debates ao
longo do mês de setembro. Com a campanha “O suicídio não espera setembro
chegar. É preciso falar sobre isso em todos os momentos”, a Holiste resgata o
sentido original do movimento, que é criar um ambiente para que as pessoas
possam conversar sobre o tema em qualquer momento.
No
dia 9, a psiquiatra Fabiana Nery discute o tema “Suicídio –Quebrando tabus”; no dia 16, a palestra “Depressão e o
suicídio” será ministrada pela psicóloga e Coordenadora do Núcleo de Depressão
Resistente da Holiste, Ethel Poll; o “Comportamento suicida infantojuvenil”
será a temática abordada pelo psiquiatra Victor Pablo da Silveira, no dia 23;
encerrando os debates, no dia 30, a psicóloga e Coordenadora da Residência
Terapêutica Holiste, Caroline Severo, fala sobre “O Transtorno Bipolar e o
suicídio”. Em função da pandemia de Covid-19, os eventos serão online,
transmitidos através do Instagram @holistepsiquiatria.
“Existe
uma percepção equivocada de que falar sobre suicídio irá incentivar as pessoas
a fazerem isso, mas o que percebemos é que isso não acontece, entretanto existe
a maneira correta para abordar o assunto. Falar sobre isso não vai dar a ideia
de cometer suicídio, é exatamente o contrário. O indivíduo que está com
pensamentos suicidas vai ficar aliviado em falar sobre isso, e em buscar uma
ajuda, uma saída dessa situação. Ao notar alguma mudança de comportamento
em um familiar, um amigo, deve-se perguntar, mas sem fazer julgamentos, apenas
oferecer ajuda.”, indica a psiquiatra Fabiana Nery.
Transtornos
mentais e suicídio
O ato
suicida é um fenômeno complexo, que dificilmente é causado por um só fator, mas
a estimativa é que 90% dos casos sejam ligados à um transtorno mental, sendo
80% associados diretamente a cinco diagnósticos: Depressão, Transtorno Bipolar,
Dependência Química, Esquizofrenia e Transtornos de Personalidade. Isso
acontece porque, quando o transtorno mental não é tratado adequadamente, ele
pode provocar um sofrimento profundo e sentimentos de desesperança.
“O
suicídio é um ato radical, no qual o indivíduo atenta contra a própria vida e
decreta uma ruptura definitiva com aquilo que o está fazendo sofrer. É
importante entender que este ato é, na maioria das vezes, a única possibilidade
que a pessoa encontra para dar fim a dor da sua própria existência. É chegada a
hora de falarmos abertamente sobre este tema, dialogando de forma responsável
sobre porque a morte se torna a única saída para um sujeito”, explica a
psicóloga Ethel Poll.
A
psicóloga Caroline Severo aponta que no transtorno bipolar ambas as fases do humor
características da doença podem levar a pessoa a cometer o suicídio, ainda que
por motivações diferentes. Um quadro agudo de depressão pode apresentar um
risco tão grande quanto um quadro agudo de mania, por exemplo.
“O que
a gente percebe na mania é que há uma superação de tudo que, possivelmente, foi
perdido para ele. Não há mais sentimento de falta, ele está totalmente
preenchido, a euforia dá essa sensação de que ele pode tudo, que ele dá conta
de tudo, e o quanto, por causa disso, ele se coloca em situações de risco que
podem, sim, levar ao ato suicida. Na depressão há uma ruptura no sentido da
relação com o próprio eu, e muitas vezes esse sentimento de vazio, de
inutilidade, leva a atos extremos como o suicídio”, explica Caroline.
Suicídio
na juventude
A
população juvenil entre 15 e 29 anos é a faixa etária mais atingida pelo
suicídio. No caso de crianças e adolescentes, o psiquiatra Victor Pablo da
Silveira afirma que sempre existem sinais de que algo não vai bem, de que
existe um sofrimento profundo que precisa de atenção e cuidado.
“Se a
família e outras pessoas próximas identificam corretamente esses sinais,
buscando ajuda especializada, as chances de evitar que o jovem cometa o ato são
muito altas. Nos últimos anos, a campanha do Setembro Amarelo vem ganhando
visibilidade e força no Brasil. O conhecimento da natureza do suicídio é
relevante por ser uma das principais causas de morte e lesões físicas entre
jovens. A campanha de prevenção, em diversos países, ajudou pessoas com
pensamentos suicidas a serem acolhidas com maior facilidade e teve impacto na
redução das mortes juvenis”, pontua o psiquiatra.
Serviço:
Lives
09/09 – Suicídio
–Quebrando tabus – psiquiatra Fabiana Nery
16/09 – Depressão
e o suicídio – psicóloga e coordenadora do Núcleo de Depressão Resistente,
Ethel Pool
23/09 –
Comportamento suicida infanto juvenil – psiquiatra Victor Pablo da Silveira
30/09 – O
Transtorno Bipolar e o suicídio – psicóloga Caroline Severo
Quando: Sempre às
19h, pelo Instagram @holistepsiquiatria
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