Sociedade
Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial enfatiza importância do
exame Antígeno NS1 para beneficiar o paciente, além de gerar economia para o
sistema de saúde
O exame
laboratorial para detecção rápida da dengue não é contemplado na lista de
procedimentos de cobertura obrigatória da Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS). A SBPC/ML acredita que, atualmente, este exame pode ser de grande
utilidade na situação observada em diferentes estados brasileiros, onde o
aumento de casos de dengue já alcançou 460,5 infectados, sendo 240% em 2015.
Para a entidade, a
adoção do teste rápido para a dengue na lista de exames de cobertura
obrigatória teria um impacto positivo no sistema de saúde porque reduziria o
tempo de resposta aos médicos, economizaria recursos e permitiria a tomada mais
rápida de decisões terapêuticas, beneficiando, assim, os pacientes.
"Um exame
importante para a população brasileira, o Antígeno NS1, capaz de
diagnosticar uma ocorrência de dengue em fase inicial, não é obrigatório.
Porém, a entidade considera que o exame deveria ser de cobertura mínima",
enfatiza Dr. Vitor Pariz, diretor de Defesa Profissional da Sociedade
Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML).
Outro exemplo,
além da dengue, é a infecção por chikungunya, já esperada pelo Ministério da
Saúde. A transmissão do chikungunya também acontece pelo mosquito Aedes
aegypti, o que torna o diagnóstico muito parecido com o da dengue por suas
características clínicas semelhantes. Portanto, o manejo clínico é
fundamental para a confirmação da contaminação pelo vírus.
Recentemente,
laboratórios tentaram negociar o exame rápido da dengue (NS1) diretamente com
as operadoras, entrando em contato com mais de 30 planos de saúde para
solicitar a inclusão, mas sem retorno. Hoje, somente o Bradesco tem essa
cobertura.
Para o diagnóstico
da dengue, o que as operadoras cobrem são os testes de sorologia para pesquisa
de anticorpos (IgM e IgG), ou seja, a detecção não é diretamente do antígeno
(vírus), mas do anticorpo formado contra a partícula viral, processo que leva
aproximadamente cinco dias para ser desenvolvido em pessoas com boa imunidade.
Além disso, a
Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial avalia como
"pouco eficaz" a forma proposta pela ANS para a solicitação de
inclusão de novos exames, que estabelece um nível maior de complexidade e de
exigências. "A ANS passou a considerar como obrigatório alguns requisitos,
por exemplo, se determinado procedimento já foi aprovado para utilização na
Inglaterra. O problema é que existem doenças emergentes, que ocorrem
caracteristicamente no Brasil e isso é um entrave para a solicitação",
aponta Pariz.
O diretor ainda
entende que "isso prejudica o acesso dos usuários do sistema de saúde
suplementar aos serviços contratados. Por outro lado, entendemos que o custo
destes novos exames precisa ser considerado quando a ANS estuda os índices de
reajustes das mensalidades dos planos de saúde".
A inclusão do
teste rápido para a dengue se faz necessária, considerando que a doença é um
dos principais problemas de saúde pública no Brasil. Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), lugares com mais de 300 casos da doença por 100 mil
habitantes já podem ser consideradas regiões em situação de epidemia. São Paulo
lidera, com 257.809 casos, Goiás com 45.819, Minas Gerais com 30.153, Paraná
com 22.687 e Rio de Janeiro já apresenta 13.181 ocorrências.
A SBPC/ML tem
feito constantemente solicitações de inclusão de novos procedimentos
laboratoriais e de patologia clínica no rol, que poderiam beneficiar o paciente
por se tratar de exames de utilização em grande escala, mas sem sucesso. Um
deles é a dosagem de fixação do ferro, importante para investigação de anemias
e que também se configura como um problema de saúde pública no país.
Outro exemplo de
exame não contemplado é o de dosagem de Heparina, utilizado para controle e
eficácia da medicação em pacientes com trombose. A Heparina é um anticoagulante
para o tratamento da doença. "Solicitamos 131 exames no último ciclo de
inclusões na lista da ANS, mas apenas sete foram considerados no rol",
finaliza Dr. Vitor Pariz.
A SBPC/ML está
dialogando com a ANS, com o apoio da Associação Médica Brasileira (AMB) e,
ainda, tem expectativas de conseguir encaminhar as solicitações de inclusão de
novos exames para entrar em vigor apenas em 2016.
Sobre a SBPC/ML
A Sociedade
Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) é uma Sociedade
de Especialidade Médica, fundada em 1944 e que atua na área de laboratórios
clínicos. Com sede na cidade do Rio de Janeiro, tem como finalidade reunir
médicos com Título de Especialista em Patologia Clínica/Medicina Laboratorial e
de outras especialidades como farmacêuticos-bioquímicos, biomédicos, biólogos e
outros profissionais de laboratórios clínicos, além de empresas do setor.
A SBPC/ML dispõe
de projetos de habilitação e qualificação profissional de acordo com a
legislação em vigor, através de atividades voltadas para ensino, pesquisa e
divulgação científica em Medicina Laboratorial, tendo como meta principal a
saúde da população. Para alcançar esses objetivos a SBPC/ML realiza cursos,
jornadas, congressos, eventos relacionados e publicações científicas.
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