De
acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2013, o número de
mulheres sem filhos aumentou no país. A pesquisa aponta que 38,4% das mulheres
de 15 a 49 anos não possuem filho.
A
maternidade ainda é sentida por grande parte das mulheres como uma obrigação,
pois culturalmente ainda é isso que se espera delas. Embora esses valores
tenham sido constantemente mudados e o papel da mulher na sociedade esteja cada
vez mais diversificado, os cargos de esposa e mãe ainda têm um peso forte na
vida da mulher.
Ainda
existe muito medo do arrependimento por não ter gerado um filho, pois muitas
mulheres sentem-se pressionadas por elas mesmas e pela família a seguir o senso
comum. A opção de não querer ter filhos provoca reações de espanto de grande
parte das pessoas, por isso quanto mais segura ela estiver em relação a essa
decisão, mais fácil será lidar com o estranhamento das pessoas.
A
mulher que tem um filho por conta dessa exigência e não por um desejo próprio
provavelmente se sentirá frustrada e impotente com a chegada da criança e com o
papel de mãe. Além disso, ela pode passar a se enxergar de uma forma mais
negativa por não ter tido força para impor o seu desejo. Esses sentimentos
interferem na relação que ela terá com a criança e com o parceiro a partir
daquele momento, ou seja, são fatores de risco para relações disfuncionais e
uma dinâmica familiar conflituosa.
Normalmente,
quando a maternidade é considerada, apenas os pontos positivos são levados em
conta, mas também é preciso entender que tornar-se mãe implica em uma mudança
de vida e é preciso saber que nem todas as mudanças serão para melhor. Há uma
construção ilusória de que ser mãe é padecer no paraíso e isso não é real.
O
nascimento de uma criança, ainda que tenha sido muito desejado, provoca
mudanças que não são sentidas como boas, contrariando a expectativa da mulher.
Assim, quando esses sentimentos negativos em relação à maternidade surgem, essa
mulher se sente culpada e “pior mãe” do que as demais.
É
preciso abrir mão de algumas coisas principalmente no que diz respeito ao fato
de que a partir do nascimento da criança, a mulher não poderá mais pensar apenas
em si e em seus desejos. Ela vai precisar passar a considerar as necessidades e
vontades da criança, deixando muitas vezes suas vontades próprias em segundo
plano.
A maternidade deve ser vista como uma opção e
não como uma obrigação, pois trata-se de um passo que traz mudanças bruscas e
consequências não só para a mulher, mas para toda a família.
Admitir
para si mesma que não quer ter filhos, ter os motivos claros, e se livrar da
autocobrança sobre esse assunto fará com que essa mulher não se sinta tão
afetada pelas opiniões contrárias que ela encontrará pelo caminho.
Entender
o papel de mãe e as cargas de responsabilidade que nascem junto com a criança
são imprescindíveis para a prática efetiva do papel. A decisão deve ser
amadurecida e pensada!
Marina
Barbi - psicóloga da Clínica Sintropia
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