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terça-feira, 5 de maio de 2015

Confrontos na região da Cracolândia tendem a piorar




Enquanto a questão das drogas não for discutida sob uma perspectiva político-econômica, confrontos violentos na região da Cracolândia, São Paulo, tendem ser cada vez mais frequentes. O alerta é da assistente social e diretora do Conselho Regional de Serviço Social de São Paulo (CRESS-SP) Adriana Brito.
“Políticas parciais como o programa De Braços Abertos, que oferece alimentação diária, vagas em hotéis na região e remuneração de R$ 15 por dia para a realização de atividades de zeladoria, são estratégias paliativas insuficientes para resolver o problema das drogas. Tratar de uma parcela pequena dos usuários, sem discutir a legalização dessas substâncias, não pode trazer resultados realmente efetivos”, comenta.
Desamparo e violência
A diretora do CRESS-SP explica que o programa da Prefeitura de São Paulo, por mais que tente, não atende a todas as demandas dos usuários, como tratamento odontológico e acompanhamento psicológico adequado. O próprio incentivo dado para aqueles que trabalham apresenta problemas, já que as pessoas em situação de dependência química nem sempre têm condições físicas e mentais de assumirem compromissos e regras relacionadas ao trabalho, como carga horária e produtividade.
A situação é complexa e exige a ação não só da saúde, mas também de outras políticas setoriais como assistência social, trabalho, habitação e educação. Como essas pessoas têm o acesso a serviços básicos cada vez mais dificultado, elas acabam sem amparo do Estado ou perspectiva de melhora.
“Tudo se desdobra em ações de higienização social, quando a polícia intervém de forma truculenta para ‘limpar’ a região. Temos então um governo que viola não só os direitos humanos, mas a vida em si. Nessa lógica nefasta, essas pessoas são vistas e tratadas como não humanos, uma espécie de praga social sem solução além da dispersão ou extermínio”, ressalta Adriana.
Enfrentando o problema
Para a assistente social, a questão das drogas não tem como avançar sem uma efetiva legalização e enfrentamento político-econômico do tráfico. Essa discussão, explica ela, pode estar ainda mais distante por conta do Congresso conservador escolhido pela população nas últimas eleições.
“Estamos fugindo desse debate e nos refugiando em ações sem efetividade, focadas apenas na saúde dos usuários. Enquanto evitarmos uma discussão ampla sobre legalizar e enfrentar a questão das drogas de frente, os confrontos como aqueles vistos na Cracolândia só tendem a piorar”, finaliza.
Sobre o CRESS
O Conselho Regional de Serviço Social de São Paulo (CRESS-SP) tem como competências orientar, disciplinar, fiscalizar e defender a profissão de serviço social, zelando pelo livre exercício, dignidade e autonomia dos assistentes sociais.
O CRESS integra o conjunto CFESS/CRESS, criado quando a profissão de assistente social foi regulamentada pelas Leis nos 3.252/57 e 8.662/93, uma exigência constitucional para todas as atividades profissionais regulamentadas por lei

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