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segunda-feira, 25 de maio de 2015

Saúde ocular na infância vai mal, mostra programa





Das 1940 crianças atendidas pelo Instituto Penido Burnier no programa OneSight, 1.200 precisam usar  óculos. Diagnóstico de altos graus está  200% acima da expectativa.

No último dia 23 de maio, o Instituto Penido Burnier entregou os óculos prescritos no dia anterior em consultas pelo projeto OneSight, uma parceria desta ONG pertencente à Luxottica, o hospital e a Fundação Dr. João Penido Burnier. Em sua primeira edição em Campinas, o projeto atendeu 1940 crianças com idade de 5 a 9 anos de 19 a 22 de maio.  De um universo de 10 mil alunos de 44 escolas municipais participaram 1600 e outros 340 aderiram à iniciativa através de divulgação do hospital junto à população. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor médico do projeto, um total  1.200 crianças ou 61% dos participantes precisam usar óculos. O maior problema de visão é a miopia que atingiu 504 crianças equivalendo portanto, a 42% de incidência. A hipermetropia ou dificuldade de enxergar de perto foi diagnosticada em 456 crianças ou 38% dos que precisam usar óculos e o astigmatismo em  240 crianças ou 20% dos que têm alteração na refração
Altos vícios de refração é alarmante
Para Queiroz Neto o programa mostra que Campinas segue a mesma tendência de outras regiões do Brasil. A maioria das crianças nunca foi ao oftalmologista. Prova disso é o índice dos altos vícios de refração - miopia, hipermetropia e astigmatismo.  A previsão da Agência Internacional de prevenção à cegueira ligada à OMS (Organização Mundial da Saúde é de que o problema atinge 0,15% das crianças. Tomando este índice como base e o fato de que 10 mil crianças passaram por triagem visual nas escolas para participar do OneSight a expectativa era de 15 casos de altos vícios refrativos. As consultas revelam, entretanto, um número bem maior - 45 crianças, ou seja 200% acima do esperado. Queiroz Neto conta que uma criança chegou a ter 18 graus de hipermetropia, dificuldade de enxergar de perto. "Já é considerada visão subnormal e a criança poderia ser confundida com deficiente mental sem correção visual", comenta emocionado o médico.
Deficiência alimentar atrapalha visão
O oftalmologista diz que 15 dos participantes não enxergam bem apesar de não precisarem usar óculos. São casos de dificuldade para enxerga que  resultam de alguma deficiência alimentar. Isso porque, explica, o bom desenvolvimento dos tecidos oculares está diretamente relacionado à alimentação. Por exemplo, nos primeiros meses de vida, a retina, uma membrana  que fica no fundo do olho e leva as imagens ao cérebro. sofre significativas mudanças e está mais suscetível a danos que podem comprometer a visão definitivamente. O especialista diz que crianças privadas do leite materno correm maior risco de ter deficiência de várias substâncias importantes para a visão. Uma delas é o DHA, ácido graxo responsável pelo desenvolvimento cognitivo e função visual. Outra é a luteína, um carotenoide que se deposita na mácula,  parte central da retina responsável pela visão de detalhes. O especialista ressalta que a visão de crianças também pode sofrer danos decorrentes de anemia (falta de ferro), bastante comum na infância segundo o Ministério da Saúde. A deficiência das vitaminas A, E, B2, C também prejudica o bom desenvolvimento dos olhos.
Hospital vai investigar problemas visuais graves
Queiroz Neto afirma que nas consultas também foram diagnosticados 5 casos de retinocoroidite. Trata-se de uma inflamação que causa cicatrizes na retina e atinge também a coroide, camada do olho bastante pigmentada que fica entre a parte branca (esclera) e a retina. O especialista afirma que doença é desencadeada por toxoplasmose, infecção que pode ser causada por verduras mal lavadas, carnes e ovos mal cozidos ou pelo contato de fezes de gatos. Precisa de acompanhamento médico porque geralmente tem recidivas e por isso pode provocar deficiência visual grave. As consultas também diagnosticaram um caso de cegueira monocular, ou seja, em um dos olhos, e outro caso de cegueira nos dois olhos.
Queiroz Neto afirma que outras 10 crianças apresentaram estrabismo que precisa ser investigado para checar se esta relacionado à hipermetropia e a  outras doenças oculares como, por exemplo, catarata, glaucoma ou  tumor intraocular. Por isso,  se não for tratado de forma correta pode causar sérios danos à visão.  O programa OneSight não prevê o  acompanhamento médico das crianças. Entretanto, Queiroz Neto afirma que o hospital se compromete a investigar estas doenças graves e oferecer tratamentos cirúrgicos através de seu braço social, a Fundação Dr. João Penido Burnier, caso seja necessário. O compromisso do Penido é a saúde ocular que vai muito além da doação de óculos, conclui.

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