Com o mercado cada vez mais competitivo, as
relações de consumo estão apresentando outros comportamentos. A cada dia,
produtos e serviços oferecem aos seus clientes mais experiências, o que cria
vínculos afetivos. Para especialistas da área, esta é uma forte tendência de
mercado, oportunidade em que as pessoas deixam de buscar apenas por produtos
com valor agregado, mas sim, consumir experiências positivas.
Apenas 28% dos brasileiros são consumidores
conscientes, segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O indicador
de Consumo Consciente atingiu 72,1% no ano passado. Quanto mais próximo de
100%, maior é o nível de consumo consciente. De 1 a 10, o consumidor brasileiro
avalia com 8,7 a importância do consumo consciente, 7,6 enquanto adepto de
práticos da compra e de hábitos de vida conscientes, mas apenas 28% deles podem
ser, de fato, classificados como consumidores conscientes. É isto o que aponta pesquisa
divulgada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação
Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que criaram o Indicador de Consumo
Consciente (ICC).
Larissa Camargo, coordenadora dos cursos de Design
de Interiores e Design de Produto da EAD Unicesumar, acredita que essa
tendência no consumo de experiências não seja apenas algo físico, palpável. “As
pessoas não querem só consumir objetos, mas querem ter
experiências. Essa tendência envolve diversos fatores como os sociais,
questões históricas, fatores econômicos e outras questões de mercado de
produção que acabaram fazendo com que o consumo de experiência tenha ganhado
muita força nos últimos anos", explica.
A experiência do usuário não é algo novo,
pois surgiu na década de 1990 e ganhou força nos anos 2000, com a ideia do
design de experiência, atrelado à tendência do consumo sustentável. Quando
pensamos em sustentabilidade, temos que pensar em todos os pilares. Inclusive,
na questão do culturalmente aceito, que define o design do consumo de
experiência. Todos esses fatores, acontecimentos e elementos se
interligam para pensar nessa nova tendência de consumo.
O consumo consciente surgiu depois das
revoluções industriais e é possível incluir essas mudanças na nova indústria 4.0,
muito ligada à tecnologia, mas com um resgate do contato com a natureza, coisas
naturais, da terra, das famílias, dos sentimentos e das relações e inter-relações. "Vejo que esse consumo de
experiências está relacionado justamente a isso, a consumir sensibilidade, a
você mexer com os sentidos, não só com o tato, mas trazer lembranças a partir
do seu consumo", ressalta a coordenadora.
Nesse sentido, o consumo de experiências
tende a se relacionar ao design de experiência quando falamos em produto
físico. Então, como a produção de um objeto, um carro, uma peça de roupa ou,
até mesmo, a um projeto de interiores. Aqui, os projetos precisam mexer com as
emoções, trazer sentimentos, o que aumentará o desejo pelo consumo, mas um
desejo que seja mais forte, mais poderoso. E as pessoas precisam estar sentindo
isso para consumir.
A empresa automobilística, por exemplo, tem
criado experiências bem personalizadas, feitas especialmente para aquele perfil
de consumidor. Entre elas, a oferta de viagens para quem adquire um veículo x
ou y. No caso do mercado da moda, a exclusividade e as peças artesanais
tem ganhado cada vez mais destaque. O resgaste do trabalho manual traz a emoção
do artesão, que produziu a relação da matéria prima em como foi pensada, em
como aquela ideia foi construída e que aquela ideia é única.
De uma maneira geral, o papel do designer
neste processo é o de resgatar a ideia do design de experiência. Ou seja,
ele é capaz de oferecer a experiência para solucionar problemas com produtos e
serviços, bem como alavancar os negócios de algumas empresas.
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