Sabe
aquele trabalho que você desenvolveu por alguns meses e, ao entregar para o
contratante, ele lhe informa que está passando por um momento sensível e que
não vai poder lhe pagar? No primeiro momento, você engole seco e se lembra dos
profissionais envolvidos que também precisam ser pagos com o recurso de sua
empresa. Mas em seguida é hora de encarar a realidade: o que fazer quando
recebemos uma notícia assim? Podemos bater na mesa, xingar, levar o caso para a
justiça... Mas essas seriam as únicas saídas para resolver o problema?
São
várias as formas de responder a esse tipo de situação. Se você entender que a
pessoa não é má intencionada e conhecer o trabalho que ela desenvolveu em
outras oportunidades, a melhor forma é tentar ajudá-la com ações simples, como
indicar clientes. Isso permitirá que o seu contratante possa pagar o valor
devido o mais rápido possível.
Mas
e se o profissional quebrou e ficou devendo? Lembre-se, você tem créditos com
ele. Então, nunca deixe de negociar. Talvez ele possa indicar algumas empresas
e o comissionamento poderá ser usado de forma que a dívida seja quitada aos
poucos. Outra opção é o contratante trabalhar para você algum tempo,
colaborando com suas iniciativas e, assim, parte do salário pode ser utilizado
para abatimento do valor da dívida.
Sei
que é muito difícil chegar a esse grau de maturidade, por isso é preciso
trabalhar a sua inteligência emocional. Tudo se resume a débitos e créditos
- tire o fator emocional. Não adianta nada brigar e guardar rancor. Ao
contrário: imagine que essa pessoa poderá dar a volta por cima e se lembrar de
como você a tratou quando estava passando por momentos difíceis. Tenha em mente
que, um dia, a sua empresa também poderá passar por momentos difíceis e seria
ótimo contar com a compreensão de todos, não seria?
Temos
um longo caminho pela frente e o rancor não faz bem nem para a saúde nem para
os negócios. Imagine você evitar eventos e restaurantes só porque sabe que
aquele desafeto pode estar presente. Esse tipo de atitude não cabe no mundo
corporativo.
Claro,
você vai encontrar pilantras pelo caminho, mas, mesmo assim, são pessoas.
Cumprimente-as e simplesmente evite fazer negócios com elas novamente. Se, no
futuro, tiverem que trabalhar juntos novamente, encare isso de forma
profissional e seja cauteloso.
Não
saia falando mal de ninguém por aí, pois, às vezes, aquela pessoa teve uma
atitude inadequada por estar sobre pressão. Ou ainda: as pessoas que escutam
você falando mal do outro, podem imaginar que serão os próximos alvos quando
tiverem algum atrito pessoal ou profissional com você.
Em
momentos de nervosismo, o contratante pede até para você tomar as providências
legais que quiser, pois não tem dinheiro. Sempre tenha em mente que ele está
passando por um momento difícil e exercite seu poder de autotranscedência.
Ninguém quer ficar devendo – pelo menos, a maioria das pessoas! O melhor a
fazer é tirar a variável emoção da equação.
Pessoas
erram e têm o direito de se retratar. É verdade também que muitas, por falta de
maturidade, não conseguem assumir seus erros diretamente e, assim, não crescem
com eles. Entretanto, isso certamente acontecerá uma hora ou outra, quando
estiverem com sua inteligência emocional mais desenvolvida.
Cabe
a você, empreendedor, entender todo o cenário e saber lidar da melhor maneira
possível com a situação, trabalhando todo seu potencial de negociador. Negocie
sempre!
Wagner Marcelo – Coordenador do grupo de Startups na
PUC-SP. Sócio Diretor da Intellecta – Centro de estudos avançados e Membro do
comitê de investimento e inovação da FIESP/CJE
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