Segundo psicóloga, doença não tem
relação com azar ou destino. Entendimento dos conflitos psíquicos trazidos pelo
câncer podem aliviar o sofrimento
O sentimento de culpa comum quando o paciente recebe o diagnóstico de
câncer não deve se sobrepor à tentativa de se buscar qualidade de vida durante
o tratamento. Para a psicóloga da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Sandra
Vieira Cardoso, sentir-se culpado por não ter cultivado hábitos saudáveis e
agora estar com câncer deve ser uma situação tratada de forma secundária.
No começo deste mês a divulgação de uma pesquisa feita pelo
oncologista Bert Vogelstein e o biomatemático Cristian Tomasetti, da
Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, apontou que 65% dos tumores
estudados surgem em razão de mutações aleatórias na divisão celular natural do
organismo, o que foi classificado de “má sorte” do paciente. Esse processo
estaria na origem de 22 dos 31 tumores analisados na pesquisa.
“O adoecimento para o ser
humano, seja por câncer ou por qualquer outro diagnóstico, não está relacionado
a uma questão de azar ou destino. Há uma condição que as pessoas
invariavelmente esquecem: somos mortais. Mas vivemos como se não fôssemos.
Portanto, quando estamos diante de um diagnóstico sombrio, partimos de um
estado de onipotência a um estado de desamparo, pois a sensação de eternidade é
dissolvida”, explicou a psicóloga.
O suporte dado pela psicóloga se volta para o acolhimento do paciente
e de seus familiares frente à angústia que o diagnóstico provoca, buscando o
equilíbrio biológico, psicológico, social e espiritual. Sandra reforça ainda
que o entendimento dos conflitos psíquicos provocados pela presença do câncer
podem ser desencadeadores de outros, porém também podem ser norteadores na
busca por uma melhor qualidade de vida durante o tratamento, amenizando o
sofrimento e a dor.
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