“Que horror!” – foi esse o
comentário que recebi de uma seguidora quando falei no Instagram que, quando
minha filha está muito desobediente e pede para ir na casa da avó, eu fico em
dúvida se não deixo ir para ficar de castigo ou se mando de uma vez para eu ter
um pouco de paz. Mas a maior parte dos comentários foram de mães que
entendem bem o que eu falei e que, assim como eu, muitas vezes mandam para a
casa da avó, sim!
O horror da seguidora não
é um julgamento sem fundamento. É, na verdade, o susto de ver alguém falando
sobre as dificuldades da maternidade em uma sociedade cheia de mães perfeitas.
Mães que guardam para as redes sociais as poses e conquistas dos filhos, os
beijos e abraços, a ajuda que recebem dos amigos e parentes, o amor
incondicional e sacrifical intrínseco à maternidade. Mas deixam para fora da
tela as birras e malcriações, as dúvidas e questionamentos, a assadura que
apareceu no bumbum do bebê ou a vez que ela pensou seriamente em pensar de
amamentar por causa do cansaço.
Em um mundo de mães
perfeitas, pelo menos aparentemente, a verdade da maternidade não tem vez. E a
falta de verdade cria uma grande ilusão que engana as mulheres sem filhos. Ao
engravidar, muitas vão se lembrar dos momentos de prazer intenso que “aquela
grávida do blog” sentia, não importando a temperatura ou qualquer sintoma que
estivesse sentindo. Aliás, “aquela grávida do blog” não deve ter tido enjoo,
nem calor, muito menos pés inchados iguais ao meu. “Será que há algo errado
comigo?”
Lá na maternidade, quando
o bebê vier mamar, a expectativa será de um lindo momento a dois, como “aquela
mãe de recém-nascido do Facebook” contou outro dia. E quando o neném não mamar,
a dor aparecer e a mulher tiver vontade de correr na farmácia comprar
mamadeira, aquela pensamento voltará: “será que há algo errado comigo?”.
E o mesmo vai acontecer na
primeira crise de birra, algo que o “filho daquela moça do Instagram” nunca
teve ou com notas baixas na escola, o que é impensável para “a blogueira mãe
dos filhos gênios”. “Será que há algo errado comigo?”
A maternidade é linda?
Sim. O bons momentos superam os ruins? Sim. Mas também tem horas que toda mãe
quer sair correndo achar um ombro em que chorar. Em um mundo de mães perfeitas,
julgamento, comparação e ostentação imperam e não há espaço para desabafos,
cumplicidade e companheirismo. É por isso que eu quero um mundo com menos mães
das que a gente vê nas redes sociais, perfeitas e de filhos impecáveis. Quero
viver em um mundo com mães reais, cheias de dúvidas, questionamentos,
dificuldades, mas sempre com uma mão estendida para ajudar!
Melina Pockrandt -
jornalista e criadora do blog Maternidade
Simples (www.maternidadesimples.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário