Para Cláudio Melo, da Holiste Psiquiatria, as relações virtuais são bastante concretas, mas exigem atenção para que não se tornem uma fuga da realidade
O Metaverso
promete revolucionar as interações sociais e de trabalho. O ambiente virtual
compartilhado e colaborativo permite simular as interações humanas do mundo
real, no entanto, qual será o impacto de uma vida conectada para a saúde
mental? O psicólogo da Holiste Psiquiatria, Cláudio Melo, explica que as
relações audiovisuais à distância vieram para ficar, mas não substituem a
presença física.
“Acho
curiosa essa forma de nos referirmos às interações on-line como relação
virtual. É como se elas não existissem, fossem algo imaginário. A pandemia foi
um catalisador da interação audiovisual à distância, desde o simples bate-papo
e do home office até a telemedicina. O metaverso vem ampliar mais ainda essas
possibilidades. Contudo, é claro que esse tipo de interação não substitui a
presença real. Devemos vê-las como um complemento, um substituto na
impossibilidade da relação presencia”, afirma.
Para
o psicólogo, o problema não está nas novas tecnologias, mas no mau uso que se
faz delas. Ainda assim, essa é uma questão antiga que perpassa diversas
inovações, como o rádio, a televisão e o videogame. Porém, utilizar este ou
aquele aparelho não é suficiente para adoecer uma pessoa saudável. O
especialista ainda lembra que, através das consultas online, muitos pacientes
passaram a cuidar da saúde mental pela internet e este fenômeno pode ganhar
força no metaverso.
“A
questão é que a pessoa que faz um mau uso deste tipo de ferramenta
provavelmente já estava adoecida ou predisposta a adoecer. Por exemplo,
indivíduos com problemas de autoimagem podem abusar patologicamente desse mundo
virtual. Por outro lado, a possibilidade de interagir sem sair de casa pode ser
um instrumento para facilitar a sociabilidade de muitos indivíduos que se
fecham dentro do quarto por outros problemas e, talvez, um meio para que
procurem ajuda”, comenta Melo.
Apesar
de não ser um vilão, o mundo virtual que se abre com o metaverso guarda alguns
riscos, como se tornar uma fuga das responsabilidades, das tomadas de decisão,
dos incômodos da vida real. “Qualquer comportamento que seja disfuncional, que
impeça a pessoa de realizar as atividades do dia a dia ou que coloque em risco
a saúde física ou psíquica merece atenção especial. Sinais de ansiedade,
sintomas depressivos, mudanças repentinas no comportamento, alterações no ciclo
de sono podem ser sinais de alerta para buscar atendimento especializado”,
finaliza o psicólogo.
Quando
o assunto é saúde mental, a informação é o primeiro passo do tratamento.
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