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quarta-feira, 29 de junho de 2022

25% dos brasileiros com mais de 50 anos têm catarata

Pesquisa mostra que a doença só fica atrás da hipertensão arterial, problema de coluna e colesterol alto.

 

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o Brasil tem hoje uma população de 214,7 milhões pessoas e dessas 56,1 milhões têm 50 anos ou mais. Uma pesquisa da FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz),  integrada à uma rede internacional sobre as doenças mais frequentes no envelhecimento revela que 25% desta parcela, ou 14 milhões dos brasileiros com 50 anos ou mais têm catarata. Realizada com 9, 4 mil participantes, dos quais metade tinham entre 50 e 59, a catarata é a quarta doença a partir desta idade. Só fica atrás da hipertensão, problemas na coluna e colesterol alto. 

Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier de Campinas, a catarata é o turvamento do cristalino, lente natural do olho. O cristalino opaco, explica,  impede que a luz chegue ao fundo do olho onde é transmitida através do nervo óptico ao cérebro que forma as imagens.

O especialista afirma que na maioria das pessoas a catarata está relacionada ao envelhecimento, mas é uma doença multifatorial que pode estar associada à falta de filtro ultravioleta nas lentes dos óculos usados em atividades externas, traumas, hábitos alimentares pouco saudáveis, alta miopia, diabetes,  alguns medicamentos usados  no tratamento de outras doenças e até ao sono irregular. A estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que a catarata atinge 17% das pessoas entre 55 e 65 anos. No Brasil está, portanto, aparecendo antes e com maior incidência. Os pesquisadores calculam que entre os têm de 65 aos 75 anos  surge em 47% e em 73% após os 80 anos. Para o especialista, a prevalência da doença em 25% dos brasileiros com 50 a 59 anos indica que outros fatores estão contribuindo com o desenvolvimento.

 

Prevenção

As dicas do oftalmologista para evitar que a doença apareça mais cedo são:

Use lentes que filtrem 100% da radiação UV (Ultravioleta) no sol. Isso porque, está comprovado que a falta de proteção UV aumenta em 60% a chance de surgir catarata. No Brasil, um levantamento feito por Queiroz Neto mostra que só 45% da população usa óculos com filtro solar nas atividades externas. Além disso muitos desconhecem que o filtro dos óculos solares não é eterno. Em média perde a validade após dois anos de uso e os óculos precisam ser renovados.

 

Consuma sal com moderação: Segundo o IBGE  o consumo per capta diário de sal  no Brasil é de 12 gramas, contra os 5 gramas preconizados pela OMS.  “Este exagero dificulta a manutenção da pressão osmótica entre as células do cristalino que se aglomeram e antecipa a opacificação do cristalino”, explica. Para diminuir o sal na alimentação Queiroz Neto recomenda eliminar o saleiro da mesa, acrescentar outros condimentos para realçar o sabor, evitar embutidos, conservas e alimentos industrializados com glutamato de sódio.

 

Controle a glicemia - A pesquisa aponta que  o diabetes é quinta doença no ranking das que mais afetam os brasileiros com 50 anos ou mais a  uma incidência de  15,8%, contra 10% em toda população apontados pelo IDF (International Diabetes Federation). Queiroz Neto afirma que o diabetes dobra o risco de contrair catarata porque cria depósitos de glicemia nas paredes do cristalino que  aumentam a formação de radicais livres e levam ao envelhecimento precoce da lente do olho. Já as oscilações glicêmicas provocam o edema e a diminuição da espessura do cristalino. Por isso, o descontrole do diabetes acelera a formação da catarata.

 

Informe ao oftalmologista os medicamentos utilizados: A pílula anticoncepcional, contraceptivo mais adotado pela mulher brasileira, o uso contínuo de corticoide para controlar doenças autoimunes como a artrite reumatoide que atinge 21% da população com mais de 50 anos segundo a pesquisa da Fiocruz, e  mais de 300 medicamentos fotossensibilizantes podem facilitar o aparecimento precoce da catarata. Como não é possível interromper o uso destes remédios a orientação de Queiroz Neto é informar ao oftalmologista os medicamentos utilizados e realizar exames oftalmológicos anuais. Isso porque, a catarata muito madura dificulta a cirurgia, único tratamento para a doença.


Evite fumar: O tabagismo acelera a produção de radicais livre nos olhos que levam à opacificação do cristalino. Por isso, parar de fumar diminui o risco de desenvolver catarata precoce.

 

Desligue os equipamentos: As telas do celular ou computador emitem luz azul. Por isso enganam o cérebro que é dia e desregulam a produção dos hormônios que controlam o estado de vigília e sono. Por isso desligue os equipamentos uma hora antes de ir dormir.

 

Cuide de sua alimentação: As principais dicas do especialista para proteger o cristalino são consumir folhas verde escuro que contêm selênio e abacate um potente antioxidante que também contém ômega e melhora a lubrificação dos olhos.

 

Diagnóstico e sintomas

Queiroz Neto afirma que o diagnóstico de catarata é feito em uma consulta oftalmológica de rotina. A maioria das pessoas nem desconfia ter a doença logo no início porque a visão não sofre alterações perceptíveis. Por isso, é comum a cirurgia só acontecer depois de meses e em alguns casos mais de um ano após o diagnóstico. O especialista afirma que o momento certo de operar é quando começa ficar difícil realizar as atividades cotidianas. Os sinais de que está na hora de operar são: troca frequente de óculos, dificuldade de enxergar ou dirigir à noite, perda da visão de contraste, fotofobia e maior ofuscamento com faróis contra

 

Tratamento

A cirurgia é o único tratamento para catarata. Consiste em substituir o cristalino opaco pelo implante de uma lente intraocular.  “Pode ser feita com cortes manuais ou com um laser ultra rápido. Nas duas técnicas a anestesia é local, mas na cirurgia a laser o olho fica menos tempo exposto ao calor do ultrassom utilizado para retirar o cristalino”, afirma. Por isso, a perda de células irrecuperáveis da córnea é menor. O oftalmologista ressalta  que o tipo de lente usada na operação depende do vício refrativo do paciente e do estilo de vida de cada um. Toda cirurgia é personalizada de acordo com suas expectativas e características de seus olhos, conclui.


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