Com 17 casos confirmados de varíola do macaco em todo o Brasil, muita desinformação a respeito da doença e dúvidas começam a circular com a mesma intensidade em que surgem casos da doença
-A varíola de macaco é transmitida por meio de um
mosquito
Mito. A primeira questão a ser esclarecida é que,
apesar do nome, ela não é transmitida em geral do macaco para o ser humano.
Acredita-se que o principal reservatório desse tipo de varíola sejam os roedores
africanos. Chamam de “varíola dos macacos” pelo fato de o vírus ter sido
identificado, pela primeira vez, em um surto numa gaiola de macaco, que era
utilizado para pesquisa. Porém, os macacos não são provavelmente os principais
reservatórios da natureza.
- O atual surto é uma mutação do vírus
MITO. O que motivou o atual surto ainda não está
devidamente explicado. Existe uma possibilidade de ter sido um aumento na
capacidade de transmissão. Outra hipótese é de ter sido consequência de um
evento atípico de super espalhamento. Houve algumas festas na Europa, o que
pode ter gerado um evento em que se espalhou muito o vírus. O que estamos vendo
é consequência dessa onda de transmissão e agora cabe a nós observarmos se o
surto irá ou não evoluir.
- As irritações ou lesões de pele decorrentes da
doença desaparecem após a cura
VERDADE - A lesão em si, some. A pessoa
para de transmitir a doença quando as últimas crostas caem e, desta forma, o
que fica é a cicatriz. A lesão pode formar queloides (uma cicatriz que fica
saliente). Depende muito da gravidade da forma clínica, mas existem alguns
casos publicados na Europa em que as lesões não são tão graves. Em geral, são
lesões pequenas e localizadas. A gravidade da sequela das feridas vai depender
do grau de espalhamento das feridas durante a fase ativa da doença.
- A transmissão ocorre apenas por meio da interação
humano e macaco
MITO - A transmissão não ocorre por meio da relação com
o macaco. Na África, provavelmente houve uma interação entre alguns pequenos
roedores vivos. Também não está descartada a hipótese da transmissão por meio
de partículas respiratórias.
- As medidas de prevenção são as mesmas da varíola
de macaco e da Covid-19?
MITO. As medidas de prevenção contra a monkeypox
(varíola do macaco) envolvem diminuir o contato com as pessoas com as feridas
ou na fase prodrômica, em que se começa a sentir os sintomas da doença, como
febre e mialgia (dor muscular). A varíola não é transmitida tão facilmente
quanto ocorre com a Covid-19. É importante diferenciar uma coisa da outra. Na
Covid-19, a máscara é importante, pois a transmissão ocorre por meio de
gotículas respiratórias de forma relativamente fácil. Já na monkeypox, a
transmissão ocorre, principalmente, quando há um contato mais íntimo e
prolongado.
- A transmissão do vírus é mais difícil e o risco
aumenta quando há contato próximo prolongado
VERDADE. A transmissão ocorre por
meio de contato mais prolongado, em especial nos contatos domiciliares,
contatos sexuais e contatos mais íntimos. Existe sim transmissão respiratória
na varíola, mas não é uma transmissão tão fácil quanto da Covid-19. Então, não
está recomendado, por exemplo, o uso de máscara de maneira indiscriminada para
controlar a doença. Agora, quem cuida de paciente com monkeypox, precisa sim usar
máscara. A equipe de saúde precisa usar as mesmas proteções que são adotadas no
cuidado ao paciente com Covid-19.
- A gestante pode transmitir varíola do macaco para
o feto
VERDADE. Em gestante, a transmissão
de monkeypox é perigosa. Há o risco de transmissão para o feto e isso pode
resultar em aborto espontâneo ou então o bebê pode nascer com as lesões e,
isso, resultar em morte prematura. Não tem sido descrito má formação congênita
como o Zika Vírus, por exemplo, mas a criança sofre consequências.
- O período de incubação da doença é de 5 a 21 dias
MITO. O período de incubação pode ser de 5 a 21 dias,
mas também existem casos em que ele é mais extenso, podendo chegar a 30 dias de
incubação, o que dificulta bastante o rastreamento, pois a pessoa pode ter tido
contato e desenvolver a doença bastante tempo depois.
- A varíola tem uma taxa de letalidade baixa
VERDADE. Segundo os dados da OMS, a
letalidade na Nigéria é em torno de 3% - onde é registrada a mesma linhagem
europeia, que está se espalhando em vários países. A linhagem da República
centro-africana tem uma letalidade maior, chegando a 10%. No surto atual, ainda
não houve morte na Europa, talvez por estar no começo. Porém, também não
sabemos se a taxa de 3% de letalidade tem a ver também com a qualidade
assistencial na Nigéria (sistema assistencial pior do que a Europa). A doença
que sido diagnosticada com maior predominância entre adultos e, em particular,
homens que declaram fazer sexo com outros homens. Acredita-se que pode haver
uma interação íntima, não necessariamente sexual, que favoreça a transmissão.
- As complicações da doença envolvem infecções
secundárias
MITO. As possíveis complicações da doença são
encefalite (inflamação no cérebro). infecções respiratórias, infecções na pele,
entre outras. Na África, existe um problema relevante com as infecções de pele
em crianças pequenas que, se não tratadas adequadamente, podem matar, pois é
uma porta de entrada de vários patógenos.
Sobre A CASA – Construída em 2022 para abrigar os profissionais que atuam como
Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agentes de Combate às Endemias (ACE),
protagonistas da promoção da atenção primária à saúde no país. A CASA é uma
realização do IPADS em parceria com o CONASEMS, CONACS e a Fundação Johnson
& Johnson. Este espaço reúne uma série de conteúdos, em diferentes
formatos, selecionado pela equipe do projeto A Casa, sobre questões
relacionadas à atuação e à qualidade da formação dos agentes.
Sobre o IPADS - O IPADS é uma organização sem fins lucrativos, que atua na perspectiva de contribuir com o desenvolvimento social e com a melhoria da qualidade de vida da população, apoiando a formulação, implantação e avaliação de políticas, programas e projetos. O trabalho do Instituto é caracterizado pela interdisciplinaridade, principalmente pela atuação conjunta de seus associados que buscam uma abordagem integral das necessidades do cidadão.
Sobre o CONASEMS - O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) nasceu a partir do movimento social em prol da saúde pública e se legitimou como uma força política, que assumiu a missão de agregar e de representar as 5570 secretarias municipais de saúde do país. Desde 1988, promove e consolida um novo modelo de gestão pública de saúde baseado em conceitos como descentralização e municipalização.
Sobre o CONACS - A Confederação Nacional dos Agentes de Saúde (CONACS) foi uma
entidade criada em 1996 pelos ACS e ACE com o objetivo de ser a representante
máxima dessas categorias. Atua como importante força política em prol dos
direitos associados ao trabalho dos agentes de saúde. É formada por sindicatos
e associações desses profissionais e na década de 1990 sua atuação foi
fundamental para consolidação de leis que criaram a profissão e regulamentaram
o vínculo empregatício. A CONACS tem forte potencial de mobilização junto a ACS
e ACE de todo o país.
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