Com um estoque muito baixo, de apenas
112 litros armazenados no Banco de Leite Humano - volume que representa quase a
metade da quantidade necessária para o atendimento de uma demanda de 40 leitos
na UTI Neonatal (Unidade de Terapia Intensiva) e 22 na UCI (Unidade de Cuidados
Intermediários) -, o Hospital Maternidade de Campinas pede às mães que
contribuam com a doação de leite materno excedente a fim de garantir o alimento
para os bebês internados. Para as mulheres que residem em Campinas, a coleta é
feita quinzenalmente nas próprias residências.
O volume ideal de armazenamento no Banco de Leite Humano é de, no mínimo, 200 litros, em média, por mês, para garantir certa tranquilidade no atendimento aos casos de hospitalização. Cada litro doado pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia. O leite materno é o único alimento completo para nutrir os bebês por, no mínimo, seis meses de vida de forma exclusiva, e até dois anos complementado com outros alimentos.
Nos seis primeiros meses deste ano, o estoque do Banco de Leite Humano variou de 140 e 202 litros, o que representa uma média mensal de 171 litros/mês. No entanto, com a lotação da capacidade de internação da UTI Neonatal, agravada nos últimos meses pela reforma do Caism (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher), na Unicamp e pelo aumento das doenças respiratórias com a chegada do inverno, a taxa média de ocupação tem ultrapassado 100% (109,92% de janeiro e maio e de 103,84% apenas no mês de junho).
Vídeo
explicativo
Em 19 de maio, quando da comemoração do Dia Mundial da Doação de Leite Materno, a equipe do Banco de Leite Humano produziu um vídeo no qual a nutricionista Maitê Galhardo, as enfermeiras Elisabete Machado e Bárbara Alves e, as médicas, dra. Marinice Duarte (neonatologista) e dra. Tereza Aparecida Fernandes Mathiazzi (pediatra), apresentam a rotina de trabalho delas desde que o leite é retirado na casa da doadora ou entregue no hospital até ele ser ministrado aos bebês internados na UTI ou na UCI.
A divulgação é uma forma de conscientizar as mães sobre a simplicidade e, ao mesmo tempo, a importância da doação. Outros materiais estão sendo produzidos para a campanha do “Agosto Dourado” realizada mundialmente para o incentivo ao aleitamento materno. “Mas, com estoques tão baixos, não é possível esperar até lá”, explica a médica pediatra dra. Tereza Aparecida Fernandes Mathiazzi.
Nascem, por mês, em média, no Hospital
Maternidade de Campinas, cerca de 750 bebês, dos quais 60% são atendidos pelo
SUS (Sistema Único de Saúde). Embora a média seja de 25 nascimentos por dia,
atualmente o hospital conta com apenas 48 doadoras cadastradas. O Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF) relata que, aumentar a amamentação ideal
de acordo com as recomendações, poderia evitar mais de 823 mil mortes de
crianças e 20 mil óbitos maternos a cada ano, no mundo
“O aleitamento materno é a forma mais natural e segura de alimentar a criança no início da vida. No leite materno são encontrados diversos componentes imunológicos, tornando esta prática essencial para alcançar o crescimento e o desenvolvimento infantil adequados, além de promover benefícios para a saúde física e psíquica da mãe e do bebê. A criança amamentada pela mãe apresenta menor incidência de infecções, menor tempo de hospitalização e menor ocorrência de reinternações”, esclarece a pediatra.
Como doar
Para ser doadora é necessário que a mulher seja saudável, que esteja amamentando o próprio filho e que tenha uma produção excedente de leite após a mamada. O primeiro passo é fazer contato prévio pelo telefone (19) 3306-6039 para o cadastramento, agendar a realização da coleta de sangue, receber as orientações e os materiais para a coleta e armazenamento do leite.
A realização do exame de sangue é feita no ambulatório da Av. Francisco Glicério,
nº 1.913, sendo necessária para a verificação de sorologias de Sífilis, Hepatites B e C, doença de Chagas, HTLV (Vírus Linfotrópico da Célula Humana) e HIV (Aids). “A coleta do leite é feita pelas próprias mães, em suas residências. Elas tanto podem entregar os frascos no Banco de Leite do Hospital Maternidade de Campinas ou aguardar a retirada quinzenal feita pela instituição em suas casas, para aquelas que residem em Campinas”, orienta a médica.
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