O Ministério da Economia manteve sua estimativa para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021 em alta de 5,3%. O cálculo foi elaborado pela Secretaria de Política Econômica (SPE). Para 2022, a projeção é de alta de 2,51%. O ministério mantém as projeções de crescimento da economia de 2023, 2024, 2025, todas em 2,5%. Conforme a Secretaria, mesmos que as incertezas continuem elevadas com os desafios de enfrentamento à pandemia, deve-se considerar os indicadores no primeiro trimestre que apontam continuidade da recuperação da atividade econômica, destacando ainda que “a retomada do crescimento sustentável da economia ocorrerá com a elevação da produtividade através das reformas estruturais e do processo de consolidação fiscal, e ainda devem ser considerados quais projetos devem ser prioritários para o Brasil”.
Com esse cenário macro econômico e a melhora no
cenário global, pincipalmente com o crescimento da economia nos Estados Unidos
e na China, que são importantes parceiros brasileiros, a indústria precisa
estar atenta ao rápido avanço da tecnologia e à transformação digital da
economia, como oportunidades para o seu fortalecimento e para continuar no
enfrentamento da pandemia, no aumento da produtividade, na redução de custos de
produção, e na criação de novos modelos de negócios.
As tecnologias avançadas e sua integração para
automação, controle em processos de manufatura, envolvendo o uso da robótica,
de novos materiais, eficiência energética, big data, entre outros, vem
requerendo um perfil profissional diferenciado, nesse contexto.
Especialmente a indústria vem sofrendo a falta de
profissionais qualificados para atendimento às suas atuais necessidades. Mesmo
que os projetos econômicos do Congresso, que ficaram pendentes devido à
pandemia e voltaram a serem discutidos, como a Reforma Tributária, não serão
suficientes para garantir de fato um crescimento econômico.
O que realmente poderá mudar este quadro é a
efetiva vacinação da população e a adequação dos programas de qualificação
profissional à realidade das indústrias, para aumentar a sua contribuição na
geração de empregos. São mais de 14 milhões de pessoas desocupadas conforme o
IBGE, sendo o setor de serviços o mais afetado com quase 1 milhão de pequenas
empresas quebradas que estão demandando programas de apoio.
Taxa de desocupação,
jan-fev-mar 2012 - out-nov-dez 2020
Fonte: IBGE
Mesmo com um grande número de desempregados no
país, a indústria tem dificuldade de contratar profissionais qualificados, e
conforme o relatório da ManpowerGroup apresentado no Fórum Econômico Mundial,
este fenômeno é global e atinge 54% das empresas no mundo todo.
Essa alta mundial de desempregados, confirma que
com o avanço da tecnologia as relações de trabalho e as buscas por talentos
mudaram, as empresas hoje são focadas na busca de soluções, e para isso são
necessárias agora domínio de novas habilidades, isto é um novo perfil
profissional envolvendo não apenas hard skills, habilidades técnicas, mas a
valorização de soft skills, habilidades comportamentais que incluem
características de personalidade e de temperamento,
Vale destacar que as vagas nas indústrias, ainda na
sua maioria, são voltadas para operadores de prensas, ponte rolante, centro de
usinagem, solda e ainda para chateadores, serralheiros, ajudante de produção
entre outras, confirmando a pesquisa da CNI de 2020, revelando que as áreas
mais afetadas nas empresas são as de operadores e técnicos de produção,
seguidas de profissionais da área de contabilidade/finanças, administração,
vendas e marketing.
A educação é um problema estrutural da economia
brasileira principalmente pela má qualidade da educação básica e que não se
resolve no curto prazo. O mundo inteiro vem se preparando para mudanças na
formação e capacitação de pessoas, antes mesmo da pandemia. A busca por
talentos está mais intensa, com a retomada da economia e com os investimentos
na modernização dos processos produtivos pelas indústrias.
Como alternativa, empresas realizam capacitação na
própria empresa ou investem em parcerias com instituições de ensino para
enfrentar o problema.
Para minimizar a falta de profissionais
qualificados é necessário uma mobilização entre o governo, instituições de
ensino e empresas, para que num esforço conjunto, possam aprimorar e criar novas
políticas públicas no sistema de ensino brasileiro, para a valorização e
reconhecimento dos profissionais de cursos técnicos, além
dos profissionais com curso superior, acompanhando tendências mundiais,
fomentar a importância da interdisciplinaridade para soluções de problemas,
tomadas de decisões, e finalmente, promover a importância da ciência,
tecnologia, engenharia, artes e matemática, associadas às necessidades da
sociedade.
Anita Dedding - Mestre em Engenharia Mecânica pela Unicamp, gerente divisional de Tecnologia Industrial da ABIMAQ e secretária executiva do IPDMAQ
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