A taxa de deficientes auditivos tem aumentado nos últimos anos, inclusive na infância
Por mais que a perda auditiva seja um
problema de saúde comumente associado somente à terceira idade, ela também pode
acometer jovens adultos e crianças. Por isso, mais do que apenas promover
formas eficazes de tratamento, é indispensável também a prevenção ainda na
infância. O cuidado, mais do que prevenir problemas ainda com pouca idade,
também ajuda na vida adulta, haja vista que promove uma melhor qualidade de
vida.
A audição é o primeiro sentido do
corpo humano a se constituir no bebê quando ele ainda está dentro da barriga da
gestante. Por isso, ao nascer, a criança é capaz de reconhecer a voz da mãe e
do pai quando há estímulos sonoros durante a gestação. Desse modo, “é
importante que os pais conversem com o bebê para que ele acostume com o som destas
vozes e se sinta mais protegido após o nascimento”, destaca a
otorrinolaringologista e otoneurologista Rita de Cássia Cassou Guimarães.
Ouvir é fundamental para o ser
humano. Isso porque, grande parte da aquisição do conhecimento do mundo é feito
por meio dos sons, que, além de promover a comunicação, também estimula o
desenvolvimento global do indivíduo. Por isso, independente da idade, a
faculdade de ouvir é essencial para o desenvolvimento humano.
Na infância, o reconhecimento dos
sons, a identificação de objetos, a obtenção da fala e o aprendizado de
conceitos dependem da audição. Por isso, essa faculdade é tão importante.“As
alterações que podem afetar a saúde auditiva prejudicam a educação da
criança se não houver tratamento e acompanhamento adequado. As consequências da
perda de audição são devastadoras”, observa a médica, mestre em clínica
cirúrgica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
A incidência de deficiência auditiva
ainda na infância é de aproximadamente 1,5 a cada 1.000 nascidos vivos. “Até
75% das deficiências auditivas podem ser identificadas ainda na maternidade,
com a realização do teste de otoemissões acústicas, mais conhecido como teste
da orelhinha. Esta triagem ajuda a fazer o diagnóstico precoce, ampliando as
chances da criança de ter uma vida saudável mesmo com a presença de algum
problema auditivo”, explica.
A especialista destaca também que a
exposição a ruídos intensos ocorre diariamente. O barulho do trânsito, aviões,
construções, máquinas e principalmente o uso incorreto de aparelhos de som pode
ser responsável pelos problemas de audição que afetam parte da população.
“Mesmo quem não trabalha em locais considerados de risco para a saúde auditiva
corre perigo. Várias situações do cotidiano são prejudiciais para os ouvidos.
Uma pessoa não deve ficar exposta por mais de oito horas a um som de 85
decibéis (dB NA), intensidade equivalente a uma avenida movimentada”,
esclarece.
Outra questão que se tornou comum nos
últimos anos, são problemas auditivos causados pelo uso exagerado de fones de
ouvido, principalmente por parte da população mais jovem, que além de
utiliza-los por um longo tempo, costuma deixar o volume muito alto. Cerca de
1,1 bilhão de adolescentes e jovens adultos põe sua saúde auditiva em risco com
o uso incorreto de fones de ouvido, aponta a OMS. Além disso, crianças estão
expostas a aparelhos eletrônicos muito mais cedo do que o recomendável. Uma
pesquisa realizada pelo JAMA Otolaryngology – Head & Neck Surgery com
crianças de 9 a 11 anos de idade, mostrou que o fato das mesmas utilizarem
fones de ouvido já nessa idade, acelerava a propensão de as mesmas terem
problemas auditivos futuros.
Outros balanços apontam ainda que
cerca de 25 milhões de brasileiros têm diminuição do limiar auditivo, 60% dos
distúrbios de comunicação estão relacionados com a deficiência auditiva e 90%
dos casos têm sucesso no tratamento. “Existem várias estratégias para tratar a
perda de audição, mas a prevenção é a forma mais eficaz de preservar a saúde
auditiva. A exposição a barulhos intensos é uma das causas mais frequentes de
deficiência auditiva e há inúmeras maneiras de prevenir os danos causados pelos
ruídos, mas poucas para reverter as lesões”, alerta.
Dra. Rita de
Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009) - Otorrinolaringologista, otoneurologista,
mestre em clínica cirúrgica pela UFPR
Blog: http://canaldoouvido.blogspot.com
Email: ritaguimaraescwb@gmail.com
Telefone: (41)
3225-1665 - 41-99216-9009
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