As mudanças que a covid-19 trouxe acarretaram em sobrecarga de trabalho, o que pode prejudicar a saúde mental dos docentes
Com a implementação do formato de
ensino a distância, professores e alunos precisaram se adaptar ao novo modelo
de aprendizagem. No que se refere aos problemas enfrentados pela comunidade
docente, a sobrecarga de trabalho e a dificuldade de tornar possível um ensino
de qualidade mesmo no formato remoto são alguns dos mais severos. Exaustos, é de
se esperar que a saúde mental dos profissionais fique comprometida.
De acordo com Alexandro
Scaranto, Psicólogo especialista em Saúde Pública e Saúde da família, “em um
contexto virtual, o desgaste psicológico dos professores é exponencialmente
maior do que o vivido presencialmente”. Isso porque, com diversas limitações -
que são atenuadas no âmbito infantil -, o ensino remoto dificulta o controle do
profissional com relação às crianças, a aprendizagem e o vínculo
aluno-professor, “que é muito importante para o desenvolvimento infantil”,
completa o especialista.
Haja vista que os professores
precisam lidar com as suas questões pessoais, mas, além disso, também são
inseridos em contextos de terceiros por meio das crianças, “o psicológico dos
docentes tende a ficar prejudicado”, alerta o especialista. Assim, ademais aos
seus problemas e medos como qualquer brasileiro têm, os professores devem lidar
com medos, ansiedades e angústias também dos alunos.
O problema se agrava ainda mais
quando o modelo de ensino híbrido é inserido. Por mais que seja necessário a
volta do ensino presencial, com relação à saúde mental dos professores, o
assunto se torna mais delicado. Uma vez que devem se preocupar com as suas
próprias questões sanitárias, mas também a dos pequenos, o cuidado quanto ao
contágio do coronavírus recai, mais uma vez, sobre esses profissionais. “Mesmo
com a vacinação, ainda existe um temor”, completa Scaranto.
Em poucas palavras, entendemos a
situação dos professores como a de um cuidado dedicado a todos, menos a ele
próprio. Desse modo, quando o profissional se sente descuidado e exausto com
relação às suas obrigações e medos, “ele começa a não dar conta de si mesmo”,
alerta o especialista. Nesse estágio, o perigo de desencadear problemas
emocionais como depressão, ansiedade, baixa autoestima é muito grande.
Em meio a esse caos, é muito comum o
sentimento de impotência. Scaranto lembra que, nesses casos, é indispensável um
aconselhamento psicológico com um especialista. “A psicologia foi uma profissão
que deu muito amparo a todos em momentos de pandemia”, explica Scaranto. É
importante que nesse momento profissionais de todas as áreas se encontrem em
uma união para o prol de todos.
Alessandro
Scaranto - Psicólogo - Especialista em Saúde Pública e Saúde da família. Acupunturista
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