Nossas memórias e
emoções andam de mãos dadas e são muitas vezes responsáveis pelas escolhas que
fazemos ao longo da vida. Para entender como elas nos afetam e constroem
lembranças, é preciso entender melhor nossas funções cognitivas. As
funções cognitivas são responsáveis pelo funcionamento do cérebro, determinando
a capacidade do indivíduo em aprender, processar e compreender. Ela engloba a
memória, atenção, funções executivas, habilidade visuo espacial e linguagem. A
memória faz parte da essência do indivíduo, onde ele traz consigo sua história
de vida e o peso de cada acontecimento vivido e experimentado. Para que isso
ocorra é necessária a emoção para cada momento que ficará em nossa memória.
Os tipos de memória
Existem alguns tipos de
memória como memória de curto prazo, que guarda a informação por curto período
e dentro da memória de curto prazo existem alguns subtipos como memória
imediata, que é quando o indivíduo tem que guardar algum conhecimento em pouco
tempo, como o nome de um objeto e a memória de trabalho ou operacional, em que
a pessoa deve armazenar a informação para processar algo, um exemplo dessa
memória são os cálculos mentais.
Além disso, temos a
memória de longo prazo, como a memória declarativa ou explícita, onde o
indivíduo consegue contar algo. A memória não-declarativa, um exemplo seria
como a prática de algo, que pode ser lembrado e ensinado verbalmente, como
aprender a pilotar um avião. Também temos a memória semântica, que se refere a
linguagem, conhecimento do mundo por meio das palavras. Por fim, a memória
episódica e/ou autobiográfica, que são os acontecimentos marcantes da história
de vida de cada pessoa, por isso temos muitas reclamações e/ou medos, quando se
fala de memória, pois os indivíduos têm receio de esquecer ou de perder
autonomia das suas vidas.
Memória X emoções
A Professora Doutora,
Thais Bento, gerontóloga e parceira científica do Supera – Ginástica para o
cérebro explica que as emoções são uma condição em que o indivíduo apresenta
fisiologicamente e mentalmente, que ocasiona diversas reações, contudo ela pode
modificar o estado do indivíduo no momento, tendo como consequência
modificações no comportamento e na aprendizagem.
“Você já percebeu, que
quando uma pessoa tem emoção positiva no momento do aprendizado e/ou de um
evento, ele tem mais chances de se recordar posteriormente daquele episódio ou
do aprendizado? Esses são momentos únicos, que podemos guardar como lembranças,
por isso a ideia de trazer um acontecimento na vida de alguém como algo
positivo e marcante pode gerar recordações”, detalhou.
Ainda segundo ela, a
emoção é uma resposta do nosso cérebro aos acontecimentos, como uma festa de
aniversário surpresa ou mesmo um presente inesperado “Esses momentos estão em
nossas lembranças rodeados de carinho e amor. Lembramos na professora carinhosa
ou lembramos da que estava ali por obrigação?” Não é difícil responder essa
pergunta, mas pelo motivo de que a emoção e a memória são interligadas, nesse
sentido a emoção provocada gera uma memória, principalmente se a emoção for
positiva”, detalhou.
Memórias desencadeiam
emoções ou as emoções despertam as memórias?
Quantas vezes você
sorriu, chorou, sentiu raiva ou alegria ao lembrar-se de um acontecimento ou de
alguém? E quantas tantas vezes, ao sentir medo, por exemplo, não lembrou de uma
situação do passado? Refletindo sobre essas questões percebemos que há uma
relação entre memória e emoção, mas o que diz a ciência sobre o assunto?
“Pesquisas recentes
apontam que as emoções são a associação entre respostas comportamentais e
fisiológicas, geradas a partir de uma experiência. Por exemplo, muitas pessoas
sentem-se nervosas ao se apresentarem em público e nessas situações acabam
transpirando em excesso, as mãos ficam trêmulas e a voz falha. Esses sinais
são, portanto, as respostas fisiológicas e comportamentais que algumas pessoas
manifestam ao vivenciarem a experiência da exposição”, detalhou a especialista,
que completou “ Esses estudos comprovaram ainda
que regiões específicas do cérebro identificam quais informações decorrentes
das emoções devem ou não ser armazenadas. Nesse sentido, podemos afirmar que
emoção, aprendizagem e memória se complementam”, pontuou.
O resgate das
memórias pode ser realizado de modo inconsciente ou consciente, através de
estímulos direcionados, que podem se dar por meio de atividades simples ou
intervenções específicas, veja alguns exemplos:
- Olhar
fotos, com pessoas queridas e/ou de momentos marcantes;
- Construir
uma árvore genealógica, contendo o nome desde os ascendentes da família ao
descendente mais jovem;
- Ouvir
músicas antigas;
- Terapia
de reminiscências - através dela é possível recordar acontecimentos da própria
vida (memórias autobiográficas);
A Professora Doutora, Thais Bento,
gerontóloga e parceira científica do Supera – Ginástica para o cérebro ressalta
a importância de estimular o nosso cérebro para boas lembranças, o que impacta
diretamente na nossa qualidade de vida. “O cheiro de terra molhada, o barulho
do carro parecido com o do carro que o seu avô possuía, a flor preferida da sua
esposa quando ainda namoravam, o bolinho de chuva que a sua mãe fazia no final
da tarde com café.... Escolha um dos exemplos citados e sozinho ou juntamente
com as pessoas que moram com você, recorde uma boa lembrança e desperte emoções
positivas. Exercícios simples como este afetam diretamente no nosso bem-estar e
contribuem para a nossa qualidade de vida como um todo, experimente!”, concluiu
a especialista.
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