Sabe aquele empurrão que recebemos vez ou outra na vida? A pandemia de covid-19 pode também ser considerada esse empurrão. Do nada, uma nova realidade surgiu, deixando, em muitos casos, a seguinte mensagem: se vira! Em alto e bom som, o recado deixou muitos de nós desnorteados, sem saber o que fazer, que rumo tomar, e foi nesse contexto que o Brasil perdeu mais de 10 milhões de empreendedores, ao mesmo tempo que outros abraçaram oportunidades que surgiram mesmo em um momento de dúvidas, isolamento, perdas e medo.
Os estudantes presenciaram o desenrolar de uma
pandemia, e uma sociedade sendo obrigada a mudar seus hábitos. Se
somarmos comportamento, inovação e criação, teremos como resultado um dos
elementos essenciais para o desenvolvimento da economia: o empreendedorismo.
Mas os desafios são cada vez maiores, considerando o aumento da população
mundial e o aquecimento global.
Hoje, a escola deve ter como objetivo a formação
integral do aluno, e a proposta pedagógica deve contemplar um trabalho voltado
para as competências e habilidades que vão além das fórmulas de Matemática,
Química e Física, Língua Portuguesa ou História. É necessário sensibilizar os
alunos, ensinar o que significa inteligência emocional, a respeitar a opinião
do próximo, filtrar informações, e trabalhar constantemente as competências
socioemocionais, a educação financeira e o empreendedorismo.
Pensando nos empreendedores que viram seus negócios
falir, o que faltou? Eles aprenderam na escola o que é empreendedorismo? Ou
sobre planejamento, estratégia, visão, adaptação, inovação, criação?
Provavelmente não. No entanto, receber na escola noções de empreendedorismo é
fundamental. O empreendedorismo está intimamente ligado à autoconfiança, ao
autoconhecimento, a acreditar, perseverar, ser proativo, trabalhar as emoções,
e a liderar a própria vida dentro do seu projeto de vida.
Mas quem deve ser o professor de empreendedorismo?
Todos! Tanto o professor regente quanto o professor especialista são
responsáveis por esse aprendizado. Todos devem contribuir. Porém, nos anos
finais do Ensino Médio, a recomendação é ter um professor à frente do projeto.
A ideia é que ele seja dinâmico, e que se relacione bem com todos os
professores e alunos da escola. Esse profissional será o mediador das reflexões
e ideias que surgirão, além de conduzir as atividades e os trabalhos em
grupo.
É muito importante que os alunos criem seus
próprios projetos, seus “negócios”, e tracem objetivos em comum que devem ser
alcançados dentro do ano letivo. Nada deve ser imposto. Quando aprendem sobre
empreendedorismo, eles precisam estudar o público-alvo, entender a geografia
local, regional, nacional e mundial, elaborar pesquisas, estudar gráficos,
tabular, comparar, estudar a história do produto ou serviço, estudar seus
costumes e hábitos, tecnologias, arte, comunicação verbal e visual, criar
sites, saber gerenciar redes sociais e conhecer a concorrência. São inúmeros
elementos que fazem parte do processo para empreender. Portanto, todos os
componentes curriculares são aplicáveis e necessários para o bom resultado de
uma educação empreendedora. O importante é fazer com que os alunos apliquem
todos os conhecimentos adquiridos para que possam aperfeiçoar suas competências
e habilidades.
Empreender é executar uma ação cidadã, é ser
sustentável, olhar para o próximo, buscar soluções com a mentalidade
ganha-ganha, estar atento para conseguir enxergar e aproveitar as
oportunidades. Agora, mais do que nunca, temos um contexto, exemplos e
resultados para trabalharmos com os nossos alunos para promovermos discussões,
debates, estudos, fóruns, afinal, eles vivenciaram, na prática, um movimento
global. Com o seu atual repertório de vida e conhecimentos adquiridos antes,
durante e depois da pandemia, nossos alunos terão condições de compartilhar
suas experiências e entender, de fato, o que é o empreendedorismo, e
compreender que muitas vezes a necessidade faz você mudar, superar desafios e
romper obstáculos.
Estamos em uma época em que o aprendizado dos
nossos alunos vai além dos conteúdos acadêmicos. E não mais preparando-os
apenas para serem aprovados nos vestibulares ou para boas notas no Enem.
Contribuímos para que possam sonhar, preparando-os para a vida, para que façam
suas próprias escolhas, entendendo que toda escolha tem consequências,
ensinando-os que precisam entender e controlar suas emoções para que sejam os
verdadeiros gestores de suas vidas, pensando de forma sustentável, local e
global, questionando, argumentando, construindo e reconstruindo, sabendo que a
vida é um processo constante de reconstrução e resiliência - e que tudo isso
nos torna pessoas melhores e mais fortes.
Cristiane
Braga - consultora pedagógica da Conquista Solução Educacional.
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