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terça-feira, 28 de setembro de 2021

"Covid longa" ressalta a importância de cuidados extras com o coração

De acordo com especialista do Hospital Santa Catarina - Paulista, as arritmias cardíacas estão entre as sequelas pós-COVID mais frequentes que afetam o coração. É importante estar atento a sintomas como palpitações, pulsação irregular ou alteração na frequência cardíaca mesmo em repouso

 

Neste ano, uma pesquisa publicada pela Universidade de Leicester, do Reino Unido, identificou que sete em cada dez pessoas internadas pelo novo coronavírus apresentam sequelas por até cinco meses. Além disso, ainda não se sabe qual é o prazo médio de permanência destes sintomas, devido à irregularidade no modo em que se manifestam. Mesmo para indivíduos sem comorbidades, a probabilidade de desenvolver sequelas após a Covid-19 ainda é alta.

Entre as mais de 50 sequelas associadas à COVID-19 mapeadas até o momento, as de origem cardíaca estão entre as repercussões mais graves, capazes de causar mudanças expressivas na qualidade de vida dos pacientes. Conforme um estudo publicado na revista científica JAMA Cardiology, 78% dos pacientes que tiveram a forma grave de COVID-19 apresentaram anomalias cardíacas após a infecção pelo vírus. Além disso, 60% destes desenvolveram a miocardite - enfraquecimento do coração -, que, embora não seja considerada uma condição grave, caso não tratada adequadamente, pode levar à insuficiência cardíaca.

Tipos de sequelas e sintomas

De acordo com o Dr. Nilton Carneiro, cardiologista e arritmologista do Hospital Santa Catarina - Paulista, as arritmias estão entre as sequelas pós-COVID mais frequentes que afetam o coração, podendo se manifestar até mesmo em pacientes que não possuem um histórico associado a complicações desta natureza. Curiosamente, estas repercussões podem surgir semanas após o período de cura e, por isso, o acompanhamento com um cardiologista após o acometimento é essencial para obter um diagnóstico precoce. "De forma geral aqueles pacientes que tiveram formas mais sintomáticas da COVID-19, ou que tenham necessitado internação hospitalar, são os mais suscetíveis a ter alguma sequela cardíaca, embora isso não seja a regra", adiciona.

De acordo com o especialista, existem diversos indícios que podem apontar para a presença de alguma anomalia cardíaca após o acometimento pela infecção. "Aqueles que tiveram a doença devem se atentar a sintomas como palpitações, desmaio, disparo do coração, batimentos irregulares, pulsação irregular ou frequência cardíaca muito baixa ou muito alta (mesmo em repouso)", completa. Caso qualquer um dos sinais citados seja notado, a procura por um cardiologista deve ser imediata para impedir que uma possível condição evolua para quadros graves, capazes de causar sérias repercussões na qualidade de vida.

Prazo de acometimento e tratamento
Não há definição, até este momento, de quanto tempo após se curar da COVID-19 o paciente encontra-se em risco de ter complicações cardiológicas. O Dr. Carneiro aponta que a maior parte delas ocorre durante o período sintomático da infecção ou no primeiro mês. "Para aqueles pacientes que tiveram a doença, recomenda-se realizar um ‘check-up’ geral e multidisciplinar, incluindo orientações nutricionais e psicológicas, quando conveniente", ressalta.

No caso de um diagnóstico confirmado de alterações na frequência cardíaca, o tratamento irá depender da evolução do quadro e da situação clínica do paciente como um todo. "Enquanto uma parte das arritmias é de evolução benigna e necessita apenas de acompanhamento periódico, outras exigem tratamento mais urgente, como o uso de medicamentos ou até intervenções em ambiente hospitalar", finaliza.



Prevenção

Embora as sequelas cardiológicas deixadas pela infecção possam se manifestar de maneira espontânea e aleatória, sem se apegar a perfis fisiológicos específicos, existem algumas ações que podem contribuir para evitar o surgimento destas. Hábitos e complicações como sedentarismo, tabagismo, sono irregular, má alimentação, estresse e o consumo exacerbado de álcool estão entre as principais causas de complicações cardíacas em geral. Portanto, todos estes fatores devem ser adequadamente controlados e monitorados.

Em relação às ações proativas que podem ser adotadas, a prática de exercício, mesmo que leves ou moderados, no mínimo três vezes por semana, podem contribuir para a saúde cardiovascular. Uma alimentação regrada também é um aspecto essencial da prevenção, pois determinados alimentos podem diminuir as chances de desenvolver a hipertensão arterial, enquanto outros grupos ajudam a controlar o colesterol e reduzir o acúmulo de gorduras e outras substâncias nas paredes das artérias e dentro delas.


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