De acordo com especialista do Hospital
Santa Catarina - Paulista, as arritmias cardíacas estão entre as sequelas
pós-COVID mais frequentes que afetam o coração. É importante estar atento a
sintomas como palpitações, pulsação irregular ou alteração na frequência
cardíaca mesmo em repouso
Neste ano, uma
pesquisa publicada pela Universidade de Leicester, do Reino Unido, identificou
que sete em cada dez pessoas internadas pelo novo coronavírus apresentam
sequelas por até cinco meses. Além disso, ainda não se sabe qual é o prazo
médio de permanência destes sintomas, devido à irregularidade no modo em que se
manifestam. Mesmo para indivíduos sem comorbidades, a probabilidade de
desenvolver sequelas após a Covid-19 ainda é alta.
Entre as mais de 50 sequelas associadas à COVID-19 mapeadas até o momento, as
de origem cardíaca estão entre as repercussões mais graves, capazes de causar
mudanças expressivas na qualidade de vida dos pacientes. Conforme um estudo
publicado na revista científica JAMA Cardiology, 78% dos pacientes que tiveram
a forma grave de COVID-19 apresentaram anomalias cardíacas após a infecção pelo
vírus. Além disso, 60% destes desenvolveram a miocardite - enfraquecimento do
coração -, que, embora não seja considerada uma condição grave, caso não
tratada adequadamente, pode levar à insuficiência cardíaca.
Tipos de sequelas e sintomas
De acordo com o Dr. Nilton Carneiro, cardiologista e arritmologista do Hospital
Santa Catarina - Paulista, as arritmias estão entre as sequelas pós-COVID mais
frequentes que afetam o coração, podendo se manifestar até mesmo em pacientes
que não possuem um histórico associado a complicações desta natureza.
Curiosamente, estas repercussões podem surgir semanas após o período de cura e,
por isso, o acompanhamento com um cardiologista após o acometimento é essencial
para obter um diagnóstico precoce. "De forma geral aqueles pacientes que
tiveram formas mais sintomáticas da COVID-19, ou que tenham necessitado
internação hospitalar, são os mais suscetíveis a ter alguma sequela cardíaca,
embora isso não seja a regra", adiciona.
De acordo com o especialista, existem diversos indícios que podem apontar para
a presença de alguma anomalia cardíaca após o acometimento pela infecção.
"Aqueles que tiveram a doença devem se atentar a sintomas como
palpitações, desmaio, disparo do coração, batimentos irregulares, pulsação
irregular ou frequência cardíaca muito baixa ou muito alta (mesmo em
repouso)", completa. Caso qualquer um dos sinais citados seja notado, a
procura por um cardiologista deve ser imediata para impedir que uma possível
condição evolua para quadros graves, capazes de causar sérias repercussões na
qualidade de vida.
Prazo de acometimento e tratamento
Não há definição, até este momento, de quanto tempo após se curar da COVID-19 o
paciente encontra-se em risco de ter complicações cardiológicas. O Dr. Carneiro
aponta que a maior parte delas ocorre durante o período sintomático da infecção
ou no primeiro mês. "Para aqueles pacientes que tiveram a doença,
recomenda-se realizar um ‘check-up’ geral e multidisciplinar, incluindo
orientações nutricionais e psicológicas, quando conveniente", ressalta.
No caso de um diagnóstico confirmado de alterações na frequência cardíaca, o
tratamento irá depender da evolução do quadro e da situação clínica do paciente
como um todo. "Enquanto uma parte das arritmias é de evolução benigna e
necessita apenas de acompanhamento periódico, outras exigem tratamento mais
urgente, como o uso de medicamentos ou até intervenções em ambiente
hospitalar", finaliza.
Prevenção
Embora as sequelas cardiológicas deixadas pela infecção possam se manifestar de
maneira espontânea e aleatória, sem se apegar a perfis fisiológicos
específicos, existem algumas ações que podem contribuir para evitar o
surgimento destas. Hábitos e complicações como sedentarismo, tabagismo, sono
irregular, má alimentação, estresse e o consumo exacerbado de álcool estão
entre as principais causas de complicações cardíacas em geral. Portanto, todos
estes fatores devem ser adequadamente controlados e monitorados.
Em relação às ações proativas que podem ser adotadas, a prática de exercício,
mesmo que leves ou moderados, no mínimo três vezes por semana, podem contribuir
para a saúde cardiovascular. Uma alimentação regrada também é um aspecto
essencial da prevenção, pois determinados alimentos podem diminuir as chances
de desenvolver a hipertensão arterial, enquanto outros grupos ajudam a
controlar o colesterol e reduzir o acúmulo de gorduras e outras substâncias nas
paredes das artérias e dentro delas.
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