Estudo analisou dados de gravidezes de jovens de 15 a 19 anos, nos últimos 20 anos
Estudo realizado pela ginecologista
Dra. Denise Leite Maia Monteiro, secretária da Comissão Nacional Especializada
em Ginecologia Infanto Puberal da Federação Brasileira das Associações de
Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) aponta queda de 50,6% nos índices de
gravidezes adolescentes no estado de São Paulo, nos últimos 20 anos. A pesquisa
analisou o número de nascidos vivos (NV) e a Taxa de Fecundidade por Idade
Específica (TIEF) de meninas de 15 a 19 anos, entre o período compreendido
entre os anos 2000 e 2019. No primeiro ano observado, a gestação juvenil
atingiu 71,1 meninas em cada mil. Em 2019, esse índice caiu para 35,1 em cada
mil. A especialista aponta que apesar da importante evolução, o cenário da
gestação adolescente continua preocupante.
Entre os estados
brasileiros, a redução média foi de 40,7% no número de nascidos vivos de mães
adolescentes. Cada estado, contudo apresentou uma realidade distinta - variando
de -17,4%, no estado maranhense, a -56,1% no Distrito Federal. "A
proporção de nascidos vivos de mães adolescentes do Sudeste e Sul são as
menores do País, o que demonstra tendência inversamente proporcional ao Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH)", comenta especialista.
Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), as regiões Sudeste e Sul
apresentam os maiores IDH do país (0,80), seguidas do Centro-Oeste (0,79),
Norte (0,73) e Nordeste (0,71). De acordo com o DataSUS/Sinasc, a cada dia
ocorram cerca de 1150 nascimentos de filhos de adolescentes.
A especialista da Febrasgo explica que
a gravidez na adolescência está associada à evasão escolar, maior perpetuação
da pobreza gerando impactos pessoais e sociais. Na esfera da saúde, "a
gravidez precoce acarreta inúmeras consequências para a adolescente e o
recém-nascido. As complicações gestacionais e no parto representam a principal
causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos mundialmente, pois existe maior
risco de eclâmpsia, endometrite puerperal, infecções sistêmicas e
prematuridade, segundo a Organização Mundial da Saúde. Ainda há consequências
sociais e econômicas como rejeição ou violência e interrupção dos estudos,
comprometendo o futuro dessas jovens".
1. World Health Organization (WHO).
Adolescent pregnancy. January, 2020. [cited 2021Feb08]. Available from: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/adolescent-pregnancy.
2. Trends in teenage pregnancy in Brazil in the last 20 years (2000-2019). Rev
Assoc Med Bras, 2021, in press.
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