Dicas para uma rede de apoio eficiente na prevenção ao suicídio
Se alguém não aguenta mais
viver, o primeiro passo é estar aberto ao diálogo e conversar sobre o motivo.
Depois, é essencial também estar disposto a ouvir. Independentemente do que for
dito, é importante continuar escutando, sem julgamentos nem críticas. Todo
mundo precisa saber que pode contar com alguém. Dessa forma, é preciso ser uma
rede de apoio eficiente para quem precisa, como explica a psiquiatra
Alexandrina Meleiro, membro do Conselho Científico da ABRATA (Associação
Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos), que
lançou a campanha “Bem
Me Quer, Bem Me Quero: O diálogo sobre depressão e ansiedade pode salvar vidas”
junto com a Viatris.
Um alerta para
familiares e amigos, que se sentem responsáveis por não ajudarem o suficiente a
ponto de evitar um caso de suicídio: é preciso ter em mente que o ato é
intencional e o parente não deve carregar a culpa. Por isso, a importância de
uma rede de apoio para amparar quem está passando por algum transtorno. “Além
de ajudar a criar essa teia de contatos para auxiliar a pessoa que precisa,
também é possível emprestar a sua”, lembra Alexandrina.
Como criar rede de apoio para alguém que mostra sintomas de
isolamento e depressão:
1) Entrar em contato com a
pessoa e ver se consegue abertura para conversar e verificar o que está
acontecendo, se de fato tem motivos para se preocupar. Ou se é algo momentâneo
causado por um evento pontual. Perguntar se já conversou com mais alguém, quem
são as pessoas mais próximas.
2) Procurar a família para
saber se notaram algo e para levar a preocupação com a mudança de comportamento
observada.
3) Amigos próximos, muito citados pela pessoa, também devem ser
contatados.
4) Porteiro do prédio ou
vizinhos: são indicados para fazer parte da rede de apoio, porque conhecem a
rotina da pessoa. E estão perto, ainda mais para quem mora sozinho.
5) No ambiente de trabalho
é preciso ter muito cuidado antes de levar a preocupação a alguém, para não
piorar a situação da pessoa com preconceito ou bullying. A não ser que exista um amigo
muito próximo no trabalho, em quem a pessoa confia e já demonstrou isso
claramente.
A depressão precisa ser
tratada; entretanto, nem todas as pessoas que sofrem desse transtorno mental
recebem tratamento adequado. Além de apoiar, é fundamental lembrar que esse
paciente precisa de respeito, compreensão e paciência. Portanto, é preciso
deixar de lado qualquer julgamento ou cobrança. Para tentar acolher, deve-se
ouvir, incentivar a adotar um estilo de vida saudável e encorajar a busca de
ajuda profissional.
No Brasil, são
registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos e mais de 1 milhão no
mundo, principalmente entre os jovens. Quase 97% dos casos de suicídio estavam
relacionados a transtornos mentais, sendo que em primeiro lugar está a
depressão, seguida de transtorno bipolar e abuso de álcool e de drogas
ilícitas.
Atitudes que ajudam
- Encontrar um local calmo para falar sobre esse assunto com a
pessoa;
- Incentivar que procure tratamento com profissionais de saúde;
- Se perceber que existe um risco imediato, não deixe a pessoa
sozinha.
Sinais de alerta
- Agressividade e irritabilidade constantes;
- Desinteresse em atividades comuns à pessoa;
- Mudanças nos horários de sono;
- Mudanças na aparência;
- Uso de roupas de frio com frequência, inclusive em dias
quentes, para esconder
marcas de automutilação;
- Isolamento e falta de contato constante.
O que fazer
● Praticar a escuta
ativa sem críticas: como se sente? No que está pensando? Como posso ajudar?
● Videochamada com
amigos ou uma simples ligação tornam a vida mais alegre na pandemia.
● Sugerir hobbies como
pintura, dança e esportes.
● Evitar
julgamentos e não simplifique ou minimize a dor com respostas prontas.
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