As lentes de contato são ótimas para quem não gosta de usar óculos. Podem ser mais práticas para realizar atividades físicas, por exemplo, bem como não atrapalham o visual. Entretanto, será que crianças e adolescentes podem usá-las?
Segundo a oftalmopediatra Dra. Marcela Barreira, crianças e
adolescentes podem usar lentes de contato, mas com muita cautela.
“O mais importante é que essa decisão seja tomada em conjunto com os pais que
devem estar cientes de todos os riscos do mau uso das lentes para a saúde
ocular de seus filhos”.
Riscos e benefícios
O uso das lentes de contato não é isento de riscos. Há muitos problemas
oculares relacionados ao mau uso desse dispositivo médico. “Portanto, é preciso
levar em consideração esse fator na hora de prescrevê-las para crianças”,
reforça Dra. Marcela.
Um estudo publicado no periódico Pediatrics, apontou que 20% das
crianças que passam por consultas de urgência, todos os anos, nos Estados
Unidos, apresentam complicações relacionadas às lentes de contato.
“Em contrapartida dos possíveis danos e complicações, o
uso das lentes de contato pode estar associado a uma melhora da visão, da
autoestima, bem como oferece à criança uma oportunidade de praticar esportes em
que o uso de óculos poderia atrapalhar”, cita Dra. Marcela.
A especialista lembra que em muitos casos as lentes de contato são usadas para
doenças que demandam esse tipo de dispositivo.
“Algumas patologias como catarata congênita, irregularidades na córnea,
ceratocone, estrabismos e anisometropia (grande diferença de grau entre os dois
olhos), podem demandar a prescrição de lentes de contato em crianças e
adolescentes”.
Momento certo
Para prescrever lentes de contato para crianças, é preciso levar em
consideração a capacidade de autonomia e o nível de maturidade.
“O uso de lentes de contato demanda uma rotina rigorosa de cuidados e uma
atenção especial com a higiene. Geralmente, crianças a partir dos 10 anos de
idade já podem cuidar sozinhas das lentes de contato, mas sempre com supervisão
dos pais”, ressalta Dra. Marcela.
No caso de crianças com menos de 10 anos, a supervisão e o auxílio para
colocar, tirar e para fazer a limpeza das lentes deve ser constante.
“Um outro aspecto é que os pais devem se comprometer a levar a criança ao
oftalmopediatra com regularidade para avaliar se há alterações ou danos
oculares decorrentes do uso das lentes de contato”, cita Dra. Marcela.
“Apesar dos benefícios das lentes de contato, é preciso
levar em consideração o motivo pelo qual o uso é recomendado. Caso seja
apenas pela estética, é preciso repensar”, afirma a especialista.
Riscos oculares
“A pior consequência do mau uso das lentes de contato é a ceratite, inflamação
grave da córnea. Quando não tratada ou tardiamente diagnosticada, pode causar danos
irreversíveis na visão”, aponta Dra. Marcela.
A ceratite pode ser causada por bactérias, fungos, vírus e pela Acanthamoeba, sendo
muito comum em usuários de lentes de contato. Alguns sintomas podem sugerir que
há problemas com as lentes de contato, como:
- Ardência ocular
- Coceira
- Vermelhidão
- Sensação de areia nos olhos
- Lacrimejamento em excesso
- Visão embaçada
- Dor nos olhos
- Acúmulo de secreção
No caso de a criança apresentar qualquer um desses sintomas, os pais devem
procurar o oftalmopediatra para avaliação.
Embora não haja contraindicações para o uso das lentes de contato em crianças,
trata-se de uma decisão importante.
“O oftalmopediatra precisa explicar e alertar os pais sobre os riscos e os
benefícios das lentes. O ideal é manter os óculos até que a criança tenha mais
autonomia e responsabilidade para cuidar das lentes de contato”, encerra Dra.
Marcela.
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