A pandemia começou em março de 2020 e nunca imaginamos que duraria o tempo que está durando. Em nenhum registro se tem relato de tanto tempo de crianças afastadas da escola, dos amigos, familiares e isoladas de suas atividades diárias.
Estamos chegando ao
final do ano e há pouco tempo começamos a ter uma abertura, ainda que pequena e
nos perguntamos quais as consequências emocionais de tanto tempo de afastamento
social, como está a saúde mental de nossos jovens e de suas famílias. E com
receio de um vírus ainda desconhecido, percebemos que muitos apresentam pânico
ao imaginar o retorno ao convívio escolar.
É sempre bom lembrar
que toda situação vivida nos traz ganhos e perdas e não foi diferente com essa
experiência que ainda estamos vivendo. Na contramão de tudo que já passamos na
vida, nos trouxe momentos de muita angústia e também experiências prazerosas.
Muitas vezes temos a
tendência de achar que uma situação como essa só nos traz sofrimento e
experiências ruins, pois ela é envolvida pelo sentimento real do medo. Afinal é
uma doença grave e muito contagiosa, que sem sombra de dúvida foi uma parada
brusca em um planeta dinâmico que por décadas estava em um crescimento
aceleradíssimo e absolutamente globalizado. Abruptamente perdemos a liberdade
de ir e vir e isso nos abalou emocionalmente.
Qual é então o lado
positivo de tudo isso?
É entendermos que
talvez esse crescimento acelerado, essa falta de parada, nos fez esquecer de
coisas muito importantes do nosso dia a dia. O isolamento social imposto pela
pandemia, nos fez repensar sobre nossos valores e necessidades e, assim, pensar
na saúde mental de nosso planeta. Nos colocou uma lente de aumento em questões
que só estavam debaixo do tapete nesse mundo frenético que parou frente ao
inesperado e teve de repensar suas condutas.
Então, vamos pensar no
que ganhamos com isso em relação às nossas novas gerações e como vamos
ajudá-los em suas questões emocionais.
Ganhamos tempo para
ouvir, olhar, observar e brincar.
Pudemos conhecer mais
nossos filhos, participar da vida escolar deles, entender a importância do
professor, ver a grande parceira que é a escola, entender que nosso filho é uma
pessoa e o aluno que ele se mostra pode ser outro. Que o filho corajoso, pode
ser um aluno tímido; que o filho bagunceiro, pode ser um amigo líder,
organizado e muito proativo. Que a vida é cheia de possibilidades e que como família
posso contar com uma rede de pessoas na educação desta criança. Que as relações
são humanas e que se o filho entende isso, aprende a respeitar seus amigos e
entende que na hierarquia da vida tem que admirar e respeitar seu professor,
seus avós e as pessoas mais velhas.
Essa pandemia na
verdade colocou muita coisa no lugar certo, colocou a família no centro e nos
fez ver de novo a fragilidade da vida, a necessidade que as pessoas têm em
estar juntas e se ajudando.
E com esse espírito
que temos de voltar a convivência cuidando uns dos outros, usando máscara,
lavando as mãos, não se aglomerando, mas lembrando que está na hora de se
encontrar, que o ser humano é social. Que as crianças precisam correr, gastar
energia, com cuidado voltar a ir à escola e falar sobre os medos.
Precisamos agora fazer
uma rede segura de convivência. Voltar a vida está se tornando emocionalmente
tão importante quanto se cuidar da Covid. As consequências do Isolamento
social, são tão graves quanto a consequência da doença, vamos pensar sobre
isso.
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