A enfermidade é
uma rara patologia autoimune que afeta a comunicação entre o sistema nervoso e
os músculos. A doença é neurológica de difícil diagnóstico podendo surgir em
pessoas de qualquer gênero e idade
Segundo dados mundiais de epidemiologia dos distúrbios neuromusculares, estima-se em torno de 1,5 mil novos casos de Miastenia Gravis anualmente no Brasil. A enfermidade é uma rara patologia autoimune que afeta a comunicação entre o sistema nervoso e os músculos, a junção neuromuscular, responsável por causar fraqueza muscular de braços e pernas, queda das pálpebras, visão dupla e dificuldade para falar, mastigar e engolir. A doença é neurológica de difícil diagnóstico podendo surgir em pessoas de qualquer gênero e idade. A identificação pode ser feita por meio de exames de eletroneuromiografia e de sangue e a causa é a produção de autoanticorpos, ou seja, anticorpos que atacam o próprio organismo que os produz cujo alvo é o ponto de comunicação entre nervo e músculo.
Segundo o médico neurologista e diretor científico da Associação Brasileira de Miastenia Gravis (ABRAMI), Eduardo Estephan, como os sintomas são variáveis e flutuáveis, o indivíduo nem sempre relaciona os sinais a um problema neuromuscular. “Desta forma, o diagnóstico é um desafio aos pacientes. Como as alterações nos doentes não são tão obvias é importante ficar atento a qualquer sintoma diferente. Frequentemente, os miastênicos, antes do diagnóstico, são taxados de preguiçosos, por conta da fadiga e fraqueza induzida devido a prática de exercício físico, ou de sonolentos, pelos olhos mais fechados resultado da fraqueza das pálpebras. Dessa forma, nenhuma alteração deve ser ignorada e o paciente deve procurar atendimento médico rapidamente”, alerta.
Para amenizar os sintomas da doença, é recomendado o tratamento com medicamentos chamados anti-acetilcolinesterásicos, que melhoram a comunicação entre o nervo e o músculo. “Embora a miastenia não seja degenerativa, a remissão vai depender da eficácia do tratamento. Como ela pode voltar a qualquer momento, cuidados e acompanhamentos podem ser necessários por toda a vida”, completa.
Além disso, a miastenia é completamente desconhecida pelo público leigo e, por isso, os pacientes demoram a procurar um especialista, aumentando o tempo até o diagnóstico. “O diagnóstico precoce é essencial para início do tratamento com intuito de melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Daí a importância de divulgar essa doença, principalmente, para médicos não especialistas, mas também para a população geral”, reforça.
Desde 1984, a ABRAMI (Associação Brasileira de Miastenia) tem desenvolvido importante papel na conscientização da doença e no apoio a pacientes e familiares, inclusive com a presença em eventos importantes como a Atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Miastenia Gravis. É também da ABRAMI a iniciativa de estabelecer nacionalmente o Dia da Miastenia Gravis no país.
Atualmente, com terapias, medicamentos e tratamento
adequado, a maioria das pessoas que possuem miastenia gravis leva uma vida
normal ou quase normal. No entanto, como a doença é muito heterogênea e
bastante incomum, poucos médicos estão familiarizados com todas as suas
variações, o que torna difícil o seu pronto reconhecimento.
Atenção aos sintomas
- Classicamente, há fraqueza nos músculos voluntários e os sintomas melhoram com repouso. Na maioria dos casos, os primeiros indícios começam nos músculos que movimentam os olhos e pálpebras. Consequentemente, as queixas mais frequentes são dificuldade para abrir os olhos e visão dupla devido ao desalinhamento nos movimentos oculares.
- Em casos mais extremos, os músculos da respiração também podem ser atingidos, resultando em insuficiência respiratória.
- A fadiga excessiva também está quase sempre presente nas queixas. Com a evolução da doença, pode aparecer fraqueza dos músculos mastigatórios, da deglutição, do rosto, da respiração e/ou dos membros. Por conta disso, os relatos são distintos entre os pacientes, com diferentes combinações de músculos acometidos. Aliás, no mesmo paciente, a doença pode variar de um dia para outro.
“A miastenia gravis atinge principalmente
mulheres entre 20 e 30 anos. Acima de 60 anos, ambos os sexos dividem o
diagnóstico, enquanto aproximadamente 10% dos casos podem aparecer na infância.
Se falarmos só de casos novos entre mulheres, uma estimativa realista seria 800
diagnósticos positivos por ano. Por isso, é tão importante o acompanhamento
médico e cuidados com a saúde feminina”, comenta Dr Estephan.
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