quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Brasil tem média de 60 mil novos casos de depressão por ano


 Idosos são os que mais sofrem, mudanças no estilo de vida e isolamento são alguns dos fatores que agravam a doença


A partir de 2021, a depressão deverá ser o segundo maior problema de saúde mundial segundo estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde). O número de casos registrados nos últimos anos serve de alerta. Só no Brasil, houve um aumento de 300 mil portadores da doença, passando de 11,2 milhões em 2013 para 11,5 milhões em 2018 - uma média de 60 mil novos casos por ano.

Apesar do problema atingir pessoas de diferentes idades, a OPAS-Brasil (Organização Pan-Americana de Saúde) alerta que os idosos são os que mais enfrentam a depressão. O último levantamento do IBGE sobre a doença reforça que a faixa entre 60 e 64 é a que mais sofre com o problema, ultrapassando 11 % do total de diagnósticos.  As causas vão desde déficits físicos e cognitivos, comorbidades, uso de medicamentos e mudanças no estilo de vida.

Há indivíduos com episódios depressivos desde a fase adulta e aqueles que apresentam só ao envelhecer, mais relacionados a fatores como o declínio da saúde, perda do papel social com a aposentadoria e do poder aquisitivo, isolamento e perdas bem significativas como o falecimento de cônjuge, familiares e amigos próximos”, explica a dra. Ana Catarina Quadrante, geriatra da Cora Residencial Senior.


Lidando com a depressão

Como se sabe, a depressão não tem uma causa específica. Além de associada à reclusão, há outros fatores como má alimentação, dificuldades para dormir, tristeza e traumas.  E nos idosos o diagnóstico é mais difícil. Diferente dos jovens, eles não costumam se queixar de desânimo e angústia. Por isso, especialistas recomendam: conversar com quem está depressivo e acompanhar a rotina sempre que possível ajuda. 

Segundo a dra. Quadrante, “o primeiro passo é entender que os sintomas depressivos não são normais do envelhecimento. Idosos frequentemente tem queixas leves de humor deprimido, apresentando muitas queixas somáticas (como dores, falta de energia, insônia e falta de apetite) e evoluem com apatia e isolamento social. É importante que os familiares estimulem o idoso a buscar tratamento e, em alguns casos, o acompanhem, uma vez que o indivíduo pode não perceber seu estado de humor ou não ter energia suficiente para buscar auxílio”.

Neste sentido, ganha importância a atuação do cuidador e também o trabalho desenvolvido pelas ILPIs (Instituições de Longa Permanência para Idosos) no acompanhamento da rotina dos idosos e na socialização. A Cora Residencial Senior, por exemplo, disponibiliza atividades diárias que ajudam a evitar a solidão, desde exercícios físicos à jogos e jantares temáticos. A instituição conta com 500 residentes.

Especialistas alertam para a importância de uma rede de apoio como suporte para o idoso, tanto em casa quanto nos residenciais. Os medicamentos são importantes, mas não se deve ficar restrito apenas a eles. “O tratamento da depressão pode ser dividido em farmacológico (uso de medicações antidepressivas) e não farmacológico, que envolve a atividade física, inserção em grupos sociais e religiosos, meditação e psicoterapia”, completa Quadrante.

Atitudes como respeitar a autonomia do idosos, valorização da autoestima, e claro, o acompanhamento médico são pilares essenciais para vencer a depressão.


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