Nos últimos anos, o Brasil adoeceu a um nível que
pouco compreendemos: o emocional. É notório que temos uma rotina estressante:
transporte público precário, empregos estafantes, poder de compra em queda,
dupla jornada de trabalho, sono ruim, falta de tempo para atividades físicas e
de lazer, enfim, uma qualidade de vida inferior. Segundo a Organização Mundial
da Saúde (OMS), a “saúde” consiste em saúde mental, física e social e essa
tríade precisa estar em equilíbrio para que alguém seja considerado saudável.
Nada disso é novidade, porém, quando associamos
estes fatores ao trabalho, área que ocupa a maior parte do nosso tempo,
concluímos que a força de trabalho brasileira está debilitada. No ranking de
países mais estressados, apurado pela International Stress Management
Association (ISMA), o Brasil figura na segunda posição e só perde para o Japão.
Segundo o estudo, realizado em 2017, o fator que mais causa estresse no
brasileiro é o trabalho - cerca de 70% apontaram sofrer com a causa. Além
disso, lidamos com a depressão - somos o 5º país no ranking dos mais deprimidos
do mundo - e com a ansiedade, figurando em primeiro lugar no globo, com mais de
18 milhões de brasileiros convivendo com o problema. Os dados são da OMS e já
demonstram que a ansiedade atinge um nível epidêmico.
Deixar as emoções e sentimentos internos de lado é
um mau negócio para qualquer trabalhador ou empregador. Um profissional com
saúde emocional comprometida não consegue desempenhar tarefas que exijam dele
as habilidades não cognitivas necessárias para resolução de conflitos, como o
trabalho em grupo, foco e automotivação. Em uma escalada contra problemas
emocionais, reconhecer essa condição é o primeiro passo, enquanto negligenciar
este cenário pode causar evolução para problemas como a síndrome de Burnout,
que é derivada de estresse crônico.
Muitas companhias já têm implementado programas
internos de apoio à saúde mental, entretanto, segundo levantamento da Mercer
Marsh Benefícios, em 2017 apenas 41% das empresas mantinham investimentos em
saúde mental e 9% pretendiam implementar algo. Já é um avanço na discussão
sobre o tema, todavia, caminhamos a passos lentos já que os problemas
emocionais correspondem a 3ª maior causa de absenteísmo, segundo Boletim sobre
Benefícios por Incapacidade de 2017, divulgado pelo governo federal.
O assunto já tem pautado as contratações no Brasil.
Oferecer ambientes descontraídos, flexibilização de horário e ausência de dress
code são medidas que vão além do modismo e buscam, sobretudo, atrais pessoas
que consigam se adaptar a estes “novos ambientes corporativos”. É uma demanda
por profissionais dotados de autoconhecimento sobre suas capacidades e
limitações, com autocontrole para tomada de decisões estratégicas e resiliência
para novos aprendizados. Neste sentido, os recrutadores se voltam para perfis
com habilidades comportamentais em mesmo peso e importância que as habilidades
técnicas. Não é à toa que o termo “inteligência emocional” tem sido um dos
assuntos mais pesquisados na web pelos brasileiros, com crescimento de 340% nos
últimos 5 anos, segundo Google Trends.
E o seu estresse, como anda? Abaixo, compartilho
link para um autoteste da ISMA Brasil que permite avaliar o nível de estresse
com relação as mudanças que ocorrem durante a vida.
Lilian Carmo - coach, palestrante nas áreas de
liderança, gestão e desenvolvimento pessoal e profissional. É certificada como
Master Trainer pela Florida Christian University (FCU), pós-graduada em Gestão
de Pessoas, com extensão em Finanças pela FGV, cursa Mestrado em Neurociência
pela FCU. Com mais de 18 anos de experiência, atuou como executiva e em empresas
como Johnson & Johnson, Astrazeneca, Sanofi Aventis, Banco Itaú e Banco do
Brasil. Atualmente é sócia da Optimize Consulting e diretora executiva da
Febracis Campinas.
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