De acordo com especialista, a tecnologia tem
as suas vantagens, mas é preciso ficar atento às desvantagens que o uso
excessivo dela pode apresentar
Um levantamento feito pelo Comitê
Gestor da Internet aponta que 80% das crianças com idade entre 9 e 17 anos
fazem uso da internet. Até aí tudo bem. O problema é que, segundo essa
pesquisa, 21% das pessoas dentro dessa faixa etária deixam de comer ou de
dormir por causa da web.
Nesse contexto, especialistas
entendem que o desafio dos pais é encontrar um equilíbrio para saber dosar essa
exposição às telas e evitar, por exemplo, o atraso do desenvolvimento de
habilidades de linguagem e sociabilidade, sem deixar os filhos isolados dos
avanços tecnológicos.
“A tecnologia tem as suas vantagens.
Existem aplicativos que são usados para criança que têm dificuldade de
aprendizado. Mas temos que nos atentar para as desvantagens. As crianças estão
em fase de amadurecimento e podem ter dificuldade para controlar as emoções.
Por consequência, a criança se torna impulsiva e com baixa resistência à
frustração”, explica a coordenadora clínica do Instituto Brasiliense de Análise
do Comportamento (IBAC), Aline Frasson.
Esse cuidado já é tomado pela
bancária Giselle Cavados, de 39 anos. A mãe da Olívia, de cinco anos, e do
Henrique, de três, conta que os filhos têm horários específicos para pegar o
celular ou o tablet. “Geralmente é um pouquinho antes do almoço e também depois
do jantar, à noite. Não mais do que isso”, comenta.
Mesmo estabelecendo limites, Giselle
entende que os filhos vivem em um período de constante evolução e que Olívia e
Henrique precisarão ter afinidade com as novas tecnologias. “Não tiro
totalmente o celular por isso. Porque eu acho que é importante para eles terem
acesso a esse mundo de transformação digital que a gente está vivendo agora”,
afirma.
Fora de casa
Dentro do ambiente doméstico é mais
fácil manter o controle dos filhos em relação ao uso de aparelhos eletrônicos.
No entanto, há o questionamento sobre como agir quando a família vai almoçar
fora ou passar o dia no parque, por exemplo.
Giselle encontra essa dificuldade,
principalmente quando o ambiente não disponibiliza espaços para as crianças se
entreterem. “Fora de casa eu dou uma aliviada nesse controle, porque há lugares
que você vai almoçar ou jantar que não têm uma brinquedoteca, não têm uma
pintura para a criança e ela realmente fica entediada”, esclarece.
Para a terapeuta Aline Frasson, a
solução é simples. “Levar outros materiais, lápis de cor, livrinhos, papéis
para fazer desenhos, ajudar a criança a estimular mais aquele ambiente. Que os
pais ajudem a criança a desenvolver outras habilidades importantes, não só
ficar ali no celular, o que é mais fácil.”
Pais como exemplo
Aline Frasson afirma que o
comportamento dos pais quanto ao uso do celular, também reflete na importância
que os filhos dão aos aparelhos. Ela orienta que os pais sejam modelos e
imponham limites a si mesmos. “Às vezes os pais ficam no computador, no celular
no tablet e não proveem a atenção e a disponibilidade para o filho, num momento
que seria importante”, destaca.
Apesar de se considerar uma pessoa
“viciada” no celular, Giselle conta que evita usar o aparelho enquanto está com
o as crianças. “Aquele comportamento compulsivo mesmo, de você ficar em frente
à tela, eu tento me distanciar", explica.
“Eu pego eles na escola e já coloco o
celular de lado. No máximo olho para ver se tem uma mensagem importante, alguma
notificação. Mas não fico, de fato, navegando enquanto estou com eles. Acho que
é importante a gente saber administrar isso também”, afirma a mãe.
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