Uma
nova tecnologia no mundo da internet tem tirado o sono de muita gente: o Deep
Fake. O recurso — disponibilizado inclusive de forma gratuita — é muito
utilizado para colocar digitalmente o rosto de qualquer pessoa em outra. A
tecnologia é utilizada principalmente em vídeos.
Criada
por um usuário do Reddit (uma rede social em que os participantes podem votar no
conteúdo que julgam mais relevante), trata-se de uma tecnologia que faz uso da
inteligência artificial para proporcionar essa troca do rosto das pessoas, e
até proporcionando uma certa realidade à nova face, com sincronização de
movimentos dos lábios e outras expressões. São resultados impressionantes —
tanto que ninguém pode se considerar livre da possibilidade de ter seu rosto
incluído em um vídeo editado.
Tudo
começou no ano de 2017, mais precisamente em dezembro, quando um usuário do
Reddit chamado “deepfakes” utilizou inteligência artificial e aprendizado de
máquina para criar algoritmos com o objetivo de “treinar” uma rede neural. Essa
rede mapeia o rosto de uma pessoa no corpo de outra. Isso seria feito quadro a
quadro.
No
início, era necessário ter conhecimentos avançados para utilizar o Deep Fake.
Entretanto, após a criação de diversos apps, os processos foram automatizados,
tornando-se mais acessíveis e aumentando a utilização criminosa da ferramenta.
Começaram a surgir diversos vídeos pornográficos estrelados por personalidades
diversas. Uma das falhas que pode ser observada nesses vídeos é que os
coadjuvantes quase não piscam.
Além
dos filmes pornográficos, algumas personalidades estão sendo colocadas em
locais e situações em que nunca estiveram, trazendo inúmeros constrangimentos.
Infelizmente é possível, inclusive, criar um álibi, forjar um momento e
colocar, por exemplo, um CEO ou mesmo um político em situações de difícil
reparação — principalmente frente ao imediatismo das pessoas em não entender
que determinado vídeo pode ser falso e que a manipulação depende da
criatividade do editor e de quantos vídeos da celebridade (ou mesmo seus)
estejam disponíveis facilmente na internet.
Um
caso recente envolveu o partido político da Bélgica Socialistische Partij,
anders (Partido Socialista, Mas Diferente) que criou e divulgou o Deep Fake.
Nesse caso, um falso Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, solicitava à
população do país belga o voto pela renúncia ao Acordo de Paris, um tratado que
rege políticas climáticas. O vídeo utilizou-se de psicologia reversa, já que
concluiu-se que a maioria do povo votaria contra somente para contrariar a
mensagem do presidente americano.
Uma
das maneiras de nos protegermos dessas ferramentas de manipulação é evitar o
compartilhamento de vídeos com desconhecidos, ou mesmo não postá-los em redes
sociais, dificultando assim o trabalho do editor em pegar seu rosto e colocá-lo
em outro vídeo comprometedor.
Além
dos vídeos, vemos constantemente nas notícias questões sobre assuntos que
viralizaram nas redes sociais, como áudios e textos atribuídos a famosos, mas
que na verdade são #FAKE.
O
maior problema é o discernimento do que é verdadeiro e falso. Portanto,
recomenda-se evitar a distribuição de textos, áudios e vídeos sem o
conhecimento da fonte original. Fazendo isso, pode-se facilmente cometer o erro
de distribuir notícias falsas e atender aos interesses de criminosos.
Armando
Kolbe Júnior - professor do curso de Investigação Profissional do Centro
Universitário Internacional Uninter.
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