Que a evasão
escolar é um problema sistêmico no Brasil, infelizmente já sabemos há algum
tempo. O mais recente Censo Escolar elaborado pelo Inep (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) aponta para mais de dois
milhões de crianças e adolescentes fora das salas de aula. E o maior problema
está no Ensino Médio, que compreende os anos finais do currículo estudantil
básico: 1,3 milhão de adolescentes entre 15 e 17 anos não está na escola.
Não bastasse
isso, neste mês surge mais um dado preocupante. Segundo a Pnad Contínua
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) sobre educação,
divulgada no último dia 19 de junho, 23% dos jovens brasileiros não estuda e
tampouco trabalha. Isso significa mais de 12 milhões de pessoas entre 15 e 29
anos sem qualquer atividade: um quarto dessa população. O porcentual é ainda
mais elevado na faixa “universitária”, de 18 a 24 anos, quando teoricamente
poderiam estar fazendo algum bacharelado, iniciando uma especialização ou se
inserindo no mercado de trabalho: 27,7%.
Ora, se a
Educação é fator primordial para a geração de uma sociedade mais justa, mais
segura, mais participativa politicamente, mais ativa na busca por uma melhoria
de vida sem recorrer a subterfúgios escusos, então o Brasil, claramente, terá
sérios problemas para progredir enquanto coletividade e também
disciplinarmente. Afinal, se não somos um país capaz de reter alunos em sala de
aula ou mostrar aos jovens a importância de um ofício, então – pedindo licença
para usar uma figura de linguagem bem atual e moderna – “falhamos
miseravelmente”.
Muitos
fenômenos podem explicar o fracasso do Brasil nesta questão: a falta de
estrutura das escolas (em muitas situações até básica, como lousa e giz, por
exemplo), a qualidade do ensino, os níveis de aprendizado, a progressão sem a
real absorção do conhecimento e, por último, mas não menos importante, a
formação dos professores.
Docentes
estimulados, formados e capacitados poderiam diminuir substancialmente a
estatística trazida pela Pnad neste ano. Formar-se-ia um ciclo positivo em
torno do futuro do Brasil no que tange à Educação: melhores professores, alunos
mais estimulados. Melhores professores, escolas com índices de ensino mais
apurados. Melhores professores, mais gente encorajada a um futuro na pedagogia.
E, com melhores professores no futuro, o ciclo recomeça.
Chegar ao
professor, entretanto, é um dos caminhos que precisamos percorrer. Ainda há de
se passar por uma boa gestão educacional, oriunda, evidentemente, do poder
público – representado por MEC (Ministério da Educação), secretarias estaduais
e municipais e suas respectivas coordenadorias pedagógicas. Há de se passar
pela solidificação de um currículo escolar adequado a instituições públicas e
particulares, sem fazer distinção de classe social. E há de se passar por uma
escola preparada para lidar com crianças e jovens de diferentes criações,
pensamentos, ideologias, valores e princípios, para não perder estudante de
vista e dá-lo o suporte necessário também enquanto ser humano.
E, quando
falamos em valorizar o trabalho dos docentes, não significa apenas dá-los a
oportunidade de formação universitária adequada (e até continuada) ou pagá-los
salários dignos. Isso seria apenas a garantia do básico. O docente é o
profissional responsável por conseguir incutir o conteúdo programático na
cabeça dos alunos de forma assertiva: não se trata de fazê-los decorar, mas,
sim, de fazê-los compreender. E há urgente necessidade de dar ferramentas aos
docentes para facilitar essa tarefa.
Fomentar a
absorção do conhecimento com aulas práticas, como faz a ONG Educando por meio
do programa STEM Brasil, é oferecer ao professor a oportunidade de dar o
segundo passo no “Ciclo do Estímulo”. O primeiro é garantir tal mecanismo ao
próprio docente. Conectar tradicionais matérias a habilidades “mão na massa”
torna o aprendizado muito mais atraente e engajador, tanto para os
profissionais de ensino quanto para os alunos.
Apoiar
professores com formações que conectem conteúdo escolar à realidade – deixando
claro sua aplicação prática no dia a dia – aliado a oportunidades de iniciação
à pesquisa e desenvolvimento de projetos, faz com que eles virem estrelas.
Primeiramente aos olhos dos alunos e, em seguida, da sociedade. Combater as
evasões escolar e do mercado de trabalho é papel também dos professores. E o
protagonista, responsável por oferecer a arma do “Ciclo do Estímulo” é o
próprio Brasil.
Marcos Paim -
professor e diretor do programa STEM Brasil da ONG Educando.
Educando
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