Ele foi desenvolvido em 1919 com endereço certo: as
cabines de avião e escutas de rádio, mas ganhou o mundo globalizado e invadiu
as ruas. Os fones de ouvido,
inicialmente, eram maiores e mais pesados. Ao longo dos anos esse
acessório inofensivo foi sendo transformado e adaptado para facilitar o seu
uso. Hoje é uma febre – e um perigo -
entre adolescentes e até adultos de todas as idades.
Será
que o fone de ouvido pode prejudicar quem os utiliza?
“Apesar de
ser uma invenção maravilhosa e transformadora, o uso do fone de ouvido de
maneira errada ou abusiva pode sim prejudicar a saúde, em especial a dos
ouvidos, porém não exclusivamente. O dano costuma ser decorrente de excesso de
volume e/ou excesso de tempo e/ou vulnerabilidade individual de cada pessoa, ou
ainda, todos os fatores juntos!”, segundo Tanit Ganz Sanches,
Fundadora e Diretora do Instituto Ganz Sanchez.
Se a atual geração de adolescentes continuar se expondo a níveis muito elevados de
ruído,
possivelmente apresentará perda de audição entre 30 e 40 anos de idade.
Barulhos em excesso em danceterias, shows, e fones de ouvido causam o aumento
do zumbido no ouvido entre os adolescentes, que pode ser considerado como um
sintoma da perda auditiva precoce, embora, a maioria dos casos de zumbido sejam
diagnosticados após a idade de 50 anos, devido aos medicamentos e maus hábitos
alimentares, o quadro persistente pode ocorrer em qualquer idade.
Os
resultados dos testes revelaram que 28,8% dos adolescentes ouviram zumbido nos
ouvidos dentro da cabine acústica em níveis comparados aos de adultos
Pesquisa - Levantamento inédito
Foram realizados exames de ouvido (Otoscopia) em 170
adolescentes na faixa etária de 11 a 17 anos, matriculados em um colégio
particular da cidade de São Paulo. Solicitou-se que fosse respondido um
questionário com perguntas sobre a percepção do zumbido nos ouvidos nos últimos
12 meses e, caso positivo, com qual intensidade, duração e frequência. Mais da
metade dos adolescentes (54,7%) respondeu que tinha sentido zumbido nos ouvidos
no período.
Os resultados dos testes revelaram que 28,8% dos
adolescentes ouviram zumbido nos ouvidos dentro da cabine acústica em níveis
comparados aos de adultos.
Foi observado que, embora a maioria dos participantes do estudo
ter relatado manter hábitos arriscados de escuta, os que afirmaram sofrer de
zumbido manifestaram menor tolerância a níveis elevados de som.
Zumbido: efeitos danosos
De acordo com a pesquisadora, Dra. Tanit Ganz Sanchez, o zumbido
nos ouvidos é causado pela lesão temporária ou definitiva das células ciliadas.
Localizadas no ouvido interno (cóclea), essas células alongam e encurtam
repetidamente quando estimuladas por vibrações sonoras.
Ao serem estimuladas por altos níveis de vibrações sonoras, como
os causados por uma explosão, fogos de artifícios, o som alto de um fone de
ouvido ou em um show, por exemplo, essas células ciliadas ficam sobrecarregadas
e podem sofrer lesões temporárias ou definitivas.
A fim de compensar a perda de função das células ciliadas
lesionadas ou mortas, as regiões vizinhas passam a trabalhar em um ritmo mais
acelerado do que o normal, o que dá origem ao zumbido nos ouvidos, explicou
Sanchez.
Redução da capacidade auditiva
A perda dessas sinapses, causada pela exposição a altos níveis
de ruído, pode provocar, além da diminuição da capacidade auditiva, alterações
neurais em vias auditivas que reduzem a tolerância ao nível de som, como se
observou nos adolescentes participantes do estudo, apontaram os pesquisadores.
“O zumbido nos ouvidos e a
menor tolerância a níveis de som manifestadas pelos adolescentes participantes
do estudo podem ser indícios de perdas de sinapses das células ciliadas que não
são detectadas em exames audiométricos”, afirmou Sanchez. “Por isso, pode parecer que não há lesão na
via auditiva, mas, na verdade, a lesão é que não aparece na audiometria,
dificultando o diagnóstico”, ressaltou.
Se esses adolescentes continuarem a usar frequentemente fones de
ouvido e se expuserem a ambientes barulhentos até os 20, 25 anos, por exemplo,
a perda de sinapses tende a continuar progredindo e eles podem ter problemas de
surdez enquanto ainda são jovens, estimou Sanchez.
Dra.
Tanit explica a diferença entre os modelos de fone de ouvido mais usado:
- Fones
supra-auriculares: também são grandes, mas ao invés de envolverem as
orelhas, ficam sobre elas. Então, o bloqueio físico para os sons ambientes
é menor.
- Fones
auriculares:
são os mais usados, pois já vêm com os smartphones. São colocados próximo
à entrada do canal auditivo, mas sem vedá-lo. Não bloqueiam a entrada de
sons do ambiente.
- Fones
intra-auriculares: São os menores. Encaixam-se dentro do canal auditivo
e bloqueiam a entrada de sons ambientais.
*Fotos
meramente ilustrativas.
Algumas dicas para preservar a saúde auditiva, que podem
ser seguidas em paralelo à orientação médica individual para cada caso:
1.
Quando for a
festas, shows ou bares ruidosos, não
tenha vergonha de usar protetores de
ouvido e faça intervalos periódicos (a cada 1 hora, saia 5 a 10 minutos). Com fones de ouvido, evite ultrapassar a metade da potência do
seu aparelho ou usar mais que 2 horas seguidas. Isso faz MUITA diferença
para a segurança dos seus ouvidos!
2. Alimente-se bem, de 4 a 6 vezes por dia,
sem “pular refeição”. Evite excesso de cafeína, doces, álcool e nicotina.
3. Diminua o tempo de contato do celular com o
ouvido, use mais o viva-voz ou fone e troque algumas ligações por mensagem
de texto.
4. Estimule seus ouvidos com baixo
volume de música suave ou outros
sons agradáveis.
5.
Evite auto-medicação, pois certos medicamentos podem causar zumbido.
6. Incorpore
mais atividades de prazer na sua vida: atividade física, passeios,
relacionamentos saudáveis, cinema etc. Momentos de felicidade ajudam a
restaurar nossos os órgãos, inclusive os ouvidos.
7. Alivie seu estresse
com atividades relaxantes, como yoga, meditação, Tai-Chi,
Chi-Cong etc.
8.
Informe-se! Acesse as palestras gratuitas do Grupo de Apoio Nacional a Pessoas com Zumbido
(GANZ) na TV Zumbido (www.tvzumbido.com.br).
Profa. Dra. Tanit Ganz
Sanchez –
Otorrinolaringologista com doutorado e livre-docência pela USP, Fundadora e
Diretora do Instituto Ganz Sanchez, criadora da Campanha Nacional de
Alerta ao Zumbido (Novembro Laranja), do Grupo de Apoio Nacional a pessoas com
Zumbido, da TV Zumbido e do curso online ABC...z do Zumbido. Assumiu a missão
de desvendar os mistérios do zumbido e é pioneira nas pesquisas no Brasil,
sendo reconhecida por sua didática, objetividade e compartilhamento aberto de
ideias. É especialista em Zumbido,
Hiperacusia, Misofonia e Distúrbios do Sono.
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