Mediar
um conflito de forma positiva, restaurando os sentimentos e as emoções usando
modelos não punitivos responsabilizando os envolvidos. Esses são alguns dos
objetivos das Práticas Restaurativas que se consolidam como um conjunto de
valores, atitudes e comportamentos que rejeitam a violência e previnem os
conflitos para resolver os problemas por meio de diálogo e da negociação entre
as pessoas, grupos, instituições ou nações.
As
Práticas Restaurativas têm sua origem na Justiça Restaurativa, que desde a
década de 1970 vem se expandindo por diversas países, como Canadá, Nova
Zelândia, África, Reino Unido, Estados Unidos e, desde de 2005, no Brasil.
Essas práticas promovem a conexão em sala de aula e podem ser utilizadas para
lidar com situações de conflitos, violência física e verbal, Bullying e
diversas situações indesejadas no ambiente escolar.
Os
processos atuais não respondem as necessidades de diminuição do problema da
violência, seja ela ocorrida no âmbito escolar, familiar, no ambiente de
trabalho e em espaços públicos e privados. O Atlas da Violência 2018 revela
dados surpreendentes: “Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade, do
Ministério da Saúde (SIM/MS), em 2016 houve 62.517 homicídios no Brasil. Isso
implica dizer que, pela primeira vez na história, o País superou o patamar de
trinta mortes por 100 mil habitantes (taxa igual a 30,3). Esse número de casos
consolida uma mudança de patamar nesse indicador (na ordem de 60 mil a 65 mil
casos por ano) e se distancia das 50 mil a 58 mil mortes, ocorridas entre 2008
e 2013”, o que revela um crescente significativo no problema da violência no
País.
O
ambiente escolar, por exemplo, sendo um lugar onde diferentes pessoas e
culturas se encontram, mas nem sempre se conectam, enfrenta desafios. Desta
forma, o diálogo entre alunos e professores pode promover e consolidar uma
cultura da paz nesse local. Em sala de aula as metodologias restaurativas podem
ser realizadas por meio de círculos de diálogos, de negociação e de estudos,
pela mediação por pares e outras estratégias restaurativas que envolvem dinâmicas
de grupos, e atividades desenvolvidas tendo como elemento central as
necessidades dos alunos, professores, pais e colaboradores.
Os
esforços devem ser feitos para uma formação continuada dos professores nas
escolas de modo que esta, se tornem um ponto não apenas de transmissão e
aquisição de conhecimentos, mas de vivências e disseminação de uma cultura
capaz de responder os problemas emergentes da violência na sociedade
contemporânea.
Nesse
sentido, as Escolas Sociais do Grupo Marista, que atendem gratuitamente mais de
7,5 mil crianças e adolescentes em áreas de vulnerabilidade social nos Estados
do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul, trabalham não apenas
a técnica, mas uma nova cultura e paradigma no campo da formação docente e de um
currículo escolar humanizado e disseminador da cultura da paz. Muitas
tecnologias também fazem parte da estratégia, sendo elementos importantes nos
espaços vulneráveis. Os resultados são um bom relacionamento e um clima escolar
que interferem diretamente na aprendizagem dos conteúdos escolares e na
vivência dos valores humanos.
O
objetivo é que no futuro tenhamos comunidades educativas capazes de mediar
conflitos e tensões, reparar danos, construir relacionamentos menos violentos e
ainda mais seguros dentro do ambiente escolar de maneira autônoma e
responsáveis.
Diego
Oliveira de Lima - Coordenador Educacional de segmento das Escolas Sociais do
Grupo Marista. Pedagogo, filósofo, especialista em Filosofia antiga e mestrando
em Direitos Humanos e Políticas Públicas pela PUCPR.
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