Especialista
explica que criatividade deve ser nutrida na infância para estabelecer vínculos
e ajudar as crianças a se tornarem adultos emocionalmente saudáveis
Segundo a última pesquisa realizada pelo LinkedIn,
a criatividade é a habilidade mais procurada pelas empresas em 2019, em todos
os setores, deixando para trás aptidões como persuasão, colaboração,
adaptabilidade e gerenciamento de tempo.
Entretanto, a capacidade criativa é algo que deve
ser estimulado desde a infância, principalmente em casa e no ambiente
educacional. Por isso, a psicóloga e educadora criativa Bianca Solléro tomou a
criatividade como seu principal objeto de estudo. Segundo a especialista, uma
das chaves do sucesso da criatividade está em observarmos o modelo mental
infantil, naturalmente inovador e carregado de elementos que precisamos
resgatar para atingirmos esse potencial.
O que é educação criativa?
A educação criativa diz respeito ao processo
educativo centrado na criatividade, seja por parte da família ou da
escola, com o objetivo de que as crianças se tornem adultos realizados,
com autonomia e protagonistas de sua própria realidade. A psicóloga afirma que
a criança já nasce com as habilidades que propiciam o desenvolvimento da criatividade
e nutrir isso significa um aumento nas chances de ela ser um adulto realizado.
“A importância de nutrir a criatividade ainda na
primeira infância é garantir que a criança terá a principal habilidade do
futuro. Será mais capaz de se realizar profissional e pessoalmente, de ser
bem-sucedida e segura”, destaca Solléro, que defende a criatividade como
um dos principais mantenedores do equilíbrio emocional.
Bianca Solléro acaba de realizar uma viagem à
Alemanha e Estônia para o projeto Inovação Educacional em foco, em que realizou
uma pesquisa de fundamentação prática, baseada em observações locais e contato
com docentes, sobre práticas pedagógicas inovadoras.
Como nutrir vínculos e a criatividade em família?
Segundo Bianca Solléro, vínculo familiar e criatividade
são conceitos que andam lado a lado. “Toda vez que nos preocupamos
em promover a criatividade de nossas crianças, automaticamente estamos
fortalecendo o vínculo, elemento essencial para que ela cresça emocionalmente
saudável”, explica. Os estudos de Solléro mostram ainda que o
vínculo familiar é um dos fatores que contribuem para que a criança esteja
menos propensa a desenvolver problemas psicológicos durante a vida,
principalmente a depressão. Até 2020, esta será a doença mais incapacitante do
planeta, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Ela aponta ainda a falta de tempo como principal
empecilho na tentativa de estabelecer esse vínculo, porém ressalta a
importância de firmar essa conexão e aproximar pais e filhos ainda que seja em
curtos períodos, mas bem aproveitados. “Às vezes, a gente encontra realidades em que os
pais mal conseguem ver o filho de segunda a sexta-feira, somente aos finais de
semana. Quando saem, a criança está dormindo e, quando chegam, a criança já
dormiu. Além disso, os pais estão exaustos e toda essa circunstância pode
afastar, mas é possível se organizar com medidas simples para que esse vínculo
seja nutrido e mantido”, completa Solléro.
A especialista traz 5 dicas para nutrir a
criatividade das crianças em casa:
- Crie
um cantinho criativo. Escolha com a criança um cantinho da liberdade
criativa. Nesse espaço, que pode ser uma parede, uma mesa ou uma porta, a
ideia é que a criança possa fazer tudo que estimule sua criatividade, sem
deixar de cuidar de si, do outro, da natureza e das coisas ao seu redor.
- Escute
o que ela tem a dizer. Podemos promover pequenos gestos e diálogos
com a criança, fazendo com que ela se sinta estimulada a opinar ou
oferecer caminhos para uma determinada situação, como: ‘que tal hoje
decidirmos juntos o que teremos para o jantar?’ ou ‘amanhã é aniversário
da sua irmã, que tipo de surpresa boa podemos preparar para ela?
- Estimule
a coragem e autoconfiança. Evite dizer para a criança que o que ela faz
está errado, procure palavras como “inadequado" ou “desrespeitoso”.
Em vez de elogiar ou dizer palavras que denigrem sua competência, prefira
expressões como “Você consegue”, “Ainda não deu, mas em breve você será
capaz de fazer isso”, “Uau, que legal você ter conseguido isso se
esforçando, não é? Como se sente agora?”.
- Entenda
a teimosia e a desobediência. Faça combinados curtos, fáceis de entender.
Você pode colocar frases ou desenhos que representem as recomendações na
parede ou na geladeira, por exemplo. Procure ainda restringir seus “nãos”
a essas “regrinhas”. Assim, quando a criança “teimar” com você, será mais
fácil justificar seu posicionamento.
- Aguce
a curiosidade. Respeite o tempo da criança de brincar sozinha e em silêncio.
Nesse momento, ela conhece todas as possibilidades daquele brinquedo e
também suas próprias habilidades. Outra dica é estimular a criança a se
interessar por coisas novas, dizendo: “Nossa! O que é aquilo?” , “Que
textura aquilo tem?”, “Como será que usa isso?”.
Bianca Solléro - psicóloga, educadora criativa e
consultora de inovação em educação, com aperfeiçoamento em Gestão de Pessoas
pela FGV. Há mais de 18 anos envolve-se em projetos e ações que estimulam
crianças a crescerem conectadas com sua essência por meio da habilidade
criativa. Pesquisadora prática do modelo mental infantil, Bianca inspira
adultos a resgatarem a criatividade que um dia tiveram em abundância, para que
hoje consigam atuar de forma inovadora no trabalho e na educação de outras
crianças. Desde 2015 é consultora da KeepLearning School, onde atualmente atua
como tutora oficial do curso Criando Crianças Criativas (Cri Cri Cri),
promovido por essa escola online, em parceria com o professor e palestrante
Murilo Gun.
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