Dentista aponta os cuidados
e os problemas mais comuns nesta fase da vida e fala sobre o aumento na procura
por implantes dentários
De acordo
com o IBGE, o número de idosos com 80 anos ou mais pode passar de 19 milhões em
2060, um crescimento de mais de 27 vezes em relação a 1980, quando o Brasil
tinha pouco mais de 500 mil pessoas nesta faixa etária. Hoje, o país
contabiliza quase 3,5 milhões de pessoas com mais de 80 anos. Ao
mesmo tempo em que os brasileiros estão vivendo mais, há também uma mudança de
comportamento. Hoje, os idosos são mais ativos, preocupam-se com a aparência e
sonham em abrir mão das dentaduras. Resultado desta tendência foi a
criação, em 2001, de uma especialidade dedicada à reabilitação bucal de idosos,
a Odontogeriatria. Existe uma idade limite para implantes dentários? Quais
cuidados devem ser adotados? Quais são as alternativas para quem chega nessa
idade sem os dentes? O dentista, Fernando Ferraz, da clínica Ferraz Odonto,
esclarece essas e outras dúvidas.
Implantes
dentários e autoestima
Não comer direito e evitar o sorriso são
situações comuns entre muitos idosos. O acesso às próteses dentárias dá a eles
a possibilidade de se relacionar com outras pessoas sem timidez, melhorar a
mastigação, ter uma alimentação mais variada e até mesmo sorrir com
espontaneidade como se tivessem dentes naturais. No
Brasil, segundo a ABIMO (Associação Brasileira da Indústria Médica,
Odontológica e Hospitalar) 2,5 milhões de brasileiros já se renderam aos
implantes dentários em opção às próteses. Até 2020, o número de implantes deve
chegar a cinco milhões.
Curiosidades
Idade limite: Ferraz afirma que
nenhum idoso tem idade demais para o implante dentário, desde que o paciente
tenha ossos adequados para sustentá-lo e que se encontre em boas condições de
saúde geral. O especialista não recomenda o procedimento para idosos com
anemia, diabetes e hipertensão descontroladas. Pacientes renais crônicos, com
hepatite, fumantes ou que possuam osteoporose avançada precisam ser avaliados
com bastante critério junto com seus médicos. “O ideal é não deixar o implante
para a última hora, pois quanto mais tempo sem dente, menor será a oferta de
osso para a colocação de implantes.”
O procedimento: O implante dentário é
uma estrutura de titânio posicionada por meio de uma cirurgia no osso maxilar
ou mandibular, que fica abaixo da gengiva, para substituir a raiz do
dente. Sobre o parafuso osseointegrado, o cirurgião dentista fixa a coroa
que funcionará como o dente. “Na maioria dos casos, a integração total do
implante ao osso (osseointegração) leva cerca de seis meses para os dentes de
cima e quatro para os de baixo”, explica Ferraz. “Também é possível trabalhar
com carga imediata em alguns casos. Algumas marcas, dependendo do seu
travamento inicial, podem ser ativadas em um ou dois meses.”
Recuperação:
Após a
cirurgia, o dentista dá as seguintes orientações: “Aplicar compressa gelada ou bolsa com gelo no local até o
segundo dia; evitar esforços, exercícios físicos e repousar bastante. Evitar
alimentos duros; tomar sorvete; não beber nada quente ou ácido nos primeiros
três dias; evitar abaixar a cabeça ou tomar sol; ter cuidado ao enxaguar a boca
nas primeiras 24 horas. Ficar atento à forma correta de fazer a higienização;
tomar a medicação prescrita; não deitar do lado operado”, conclui, ressaltando
ainda que cigarro e álcool devem ser evitados.
O custo: O preço pode variar, já que depende da
quantidade de dentes, condições da boca, origem dos materiais (se nacionais ou
importados), além de outros fatores como os honorários do cirurgião dentista. O
valor médio varia entre R$ 2 mil e R$ 5 mil, mas é na consulta que o dentista
responsável faz a avaliação e dá o preço final.
Dentição saudável por toda a vida
De acordo com o profissional, os dentes podem
durar toda a vida, desde que se pratique uma boa higiene bucal. “Muita gente
ainda cultiva a falsa ideia de que quando ficar idoso perderá os dentes, como
se fosse um processo natural ou algo hereditário. Não é bem assim”, explica ao
afirmar que se a pessoa tem o hábito de fazer consultas periódicas a um
dentista, escovar os dentes sempre após as refeições com um creme dental com
flúor e usar fio dental pelo menos uma vez
ao dia, terá grandes chances de chegar aos 90 anos com dentes e gengivas
saudáveis.
Doenças
dentais mais comuns em idosos
Na terceira idade os problemas mais
corriqueiros são a Xerostomia – que é a diminuição da saliva (boca seca), bem
frequente em quem toma muitos medicamentos,
problemas nas pontes/próteses totais, doenças periodontais, lesões da mucosa
bucal (candidíases, leucoplasias, entre outras) e câncer bucal.
O especialista aponta ainda
outro problema: “Com o envelhecimento, há chances de que a gengiva comece a
retrair e isso faz com que os dentes pareçam mais longos. Esse processo
começará a expor a raiz do dente, podendo causar um risco maior de cáries, a
chamada “cárie de raiz”, criar uma hipersensibilidade da dentina e ainda levar
a perda dental”, aponta.
Fazer visitas periódicas ao
dentista é fundamental para tirar todas as dúvidas sobre os procedimentos. E
apenas ele é quem poderá indicar o tratamento mais adequado.
Dr. Fernando Ferraz - Graduado pela Unicid, é
especialista em Implantes na FerrazOdonto e YouTuber do canal Como vai esse
Sorriso?
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