Risco de tentativa de
suicídio chega a 50% dos pacientes, o que reforça a importância do diagnóstico
correto e tratamento, que deve ser multidisciplinar; especialista da SBEM-PR
responde às principais dúvidas no consultório de endocrinologia sobre o tema
Pessoas que não se identificam com o sexo que
nasceram enfrentam grande angústia (Bebel Ritzmann)
Uma
pessoa que não se identifica com o sexo que nasceu enfrenta um processo de
grande angústia, ansiedade e frustração, até que receba um acompanhamento
adequado. O tratamento do transtorno de identidade de gênero, no sentindo de
promover uma melhor aceitação pessoal, pode contribuir para reduzir o risco de
suicídio, que chega a 50% dos pacientes.
“A
Conduta no Transtorno de Identidade de Gênero” será abordado durante a 11ª
edição do EndoSul – Congresso de Endocrinologia e Metabologia da Região Sul. Os
especialistas convidados para falar sobre o tema são os endocrinologistas
Emerson Cestari Marino (PR) e Elaine Frade Costa (SP), juntos com a psicóloga
Fernanda Bonato (PR). Organizado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia - Regional Paraná (SBEM-PR), o EndoSul 2017 acontecerá nos dias 4,
5 e 6, na Associação Médica do Paraná.
A
intervenção médica em jovens transexuais é eficiente? Quais os efeitos
deletérios da terapia hormonal ao metabolismo? Quais são os riscos de não
oferecer ao paciente a possibilidade para fazer a mudança de gênero? O
endocrinologista Emerson Cestari Marino, membro da SBEM-PR, respondeu algumas
das perguntas frequentes no consultório de endocrinologia.
Como
deve ser a conduta no tratamento do transtorno de identidade de gênero?
Dr.
Emerson Marino Cestari - O
tratamento é multidisciplinar, envolvendo principalmente psicólogos,
psiquiatras, assistentes sociais, endocrinologistas, ginecologistas e
urologistas, com uma abordagem geral do paciente, desde o aspecto psicológico
ao tratamento de comorbidades comuns e tratamento hormonal.
Quais
os principais desafios para os profissionais envolvidos?
Dr.
Emerson Marino Cestari - Os
principais desafios são fazer o diagnóstico correto da situação do indivíduo
que busca o atendimento, indicar a terapia e medicamentos corretos, agir na
prevenção de complicações, atentar aos efeitos colaterais de medicamentos,
auxiliar na aceitação pessoal, identificar quadros psiquiátricos,
principalmente depressivos e risco de suicídio.
No
consultório como são as etapas de atendimento ao paciente, até que seja
possível fazer a cirurgia de redesignação sexual?
Dr.
Emerson Marino Cestari - O
diagnóstico é feito pelo psiquiatra, passando pela psicoterapia e avaliando a
elegibilidade para o tratamento hormonal, após 6 meses de acompanhamento.
Quando o indivíduo passa a ser elegível, ele inicia o tratamento hormonal, que
deve ser de no mínimo 2 anos, para então poder se submeter a cirurgia de
redesignacão sexual.
Porque
é importante tratar o paciente com este transtorno?
Dr.
Emerson Marino Cestari - É
importante tratar estes indivíduos visando melhor aceitação pessoal e social,
assim como prevenir mortalidade e comorbidades, dentre elas as tentativas de
suicídio, que chega a 50% dos pacientes.
A
terapia hormonal pode ser adotada em indivíduos jovens?
Dr.
Emerson Marino Cestari - As
normas de tratamento para maiores de 18 anos são bastante claras para a
indicação, porém para menores de idade, em nosso país, é ambígua, devendo ser
avaliada caso a caso. Entidades como a Endocrine Society preconizam bloqueio
puberal a partir do estadio 2, até o indivíduo completar 16 anos e poder ter
seu diagnóstico firmado com certeza, sendo tratado com hormônios sexuais a
partir desta idade.
Quais
efeitos desse tratamento no metabolismo?
Dr.
Emerson Marino Cestari - O
tratamento hormonal pode levar a efeitos no metabolismo lipídico, alterações
nas concentrações de glóbulos vermelhos, aumento de risco de eventos
tromboembólicos e cardiovasculares (Trombose venosa / Infarto do miocárdio/
AVC), alterações no fígado e principalmente na função reprodutiva.
Confira
a programação científica do 11ª EndoSul – Congresso de Endocrinologia e
Metabologia da Região Sul no site: http://www.endosul2017.com.br/
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Paraná | SBEM-PR
E-mail: sbempr@endocrino.org.br
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