Sufocação é o único tipo de acidente que
apresentou aumento no número de óbitos infantis
De 2014 para 2015, o número de
mortes por motivos acidentais de crianças e adolescentes de zero a 14 anos caiu
10% no Brasil, passando de 4.319 óbitos registrados para 3.885. Essa é a maior
queda registrada nesse indicador desde que a Criança Segura começou a atuar no
país, em 2001. Ao longo desses 16 anos de atuação, o número de mortes
acidentais de crianças caiu 37,24%.
“Para a Criança Segura, esses dados
demonstram a importância e eficácia do trabalho que realizamos. Mas, apesar da
grande redução, sabemos que ainda há muito por fazer, pois 90% dos acidentes
podem ser evitados com medidas simples de prevenção”, comenta Gabriela Guida de
Freitas, coordenadora nacional da Criança Segura.
As internações de crianças e
adolescentes dessa faixa etária, por sua vez, caíram 1,94% de 2015 para 2016,
saindo de 119.904 casos para 117.577.
Entre os acidentes fatais, os tipos
que apresentaram maior queda nos óbitos, em números absolutos, foram os
acidentes de trânsito, que passaram de 1.654 mortes em 2014 para 1.389 em 2015
(redução de 16,02%), e os afogamentos, que caíram de 1.045 casos para 943 nesse
período (queda de 9,76%).
Percentualmente, as maiores reduções
foram dos casos de intoxicação e envenenamento (diminuição de 31,18%, passando
de 93 casos para 64) e queimaduras (redução de 17,54%, saindo de 268 óbitos
para 64).
O único tipo de acidente que
apresentou aumento no número de mortes de crianças e adolescentes de zero a 14
anos foi a sufocação, que passou de 785 casos em 2014 para 810 em 2015,
crescimento de 3,18%.
Trânsito
De 2001 a 2015, o número de mortes
de crianças no trânsito caiu 42%. Apenas de 2014 para 2015, esse número
apresentou uma redução de 16,02%.
Entretanto, apesar da grande diminuição, essa
continua sendo a principal causa de morte acidental entre pessoas de zero a 14
anos no Brasil.
Em 2015, os acidentes de trânsito
que mais vitimaram crianças dessa faixa etária foram acidentes de carro (34%);
atropelamentos (30%); moto (10%); bicicleta (6%) e outros (20%). Em 2014, os
números para essas modalidades de acidentes eram de, respectivamente, 34%; 29%;
11%; 6% e 20%.
A maior parte das vítimas desse tipo
de acidente foram crianças com idade entre 10 e 14 anos. Somente nessa
faixa etária, foram 588 mortes, o que representa 42,33% do total de óbitos de
crianças e adolescentes registrados no trânsito.
É curioso observar que, ao
compararmos os dados de mortes no trânsito em todos os grupos etários
(incluindo crianças, adultos e idosos) com a média geral de redução desse tipo
de acidente de 2014 a 2015 (que foi 12%), podemos observar que as maiores
variações, tanto positivas quanto negativas, ocorreram entre as crianças.
A faixa etária de menores de um ano
foi a que única, dentre todas as idades, que apresentou aumento no número de
óbitos. Foram registrados 5% a mais de mortes no trânsito de um ano para
outro, sendo que o maior crescimento foi o de mortes de crianças que eram
passageiras de veículos, número 11% superior ao mesmo dado em 2014. “Esse
aumento pode estar relacionado ao não uso ou uso incorreto do bebê conforto,
que é o dispositivo de retenção recomendado até um ano de idade”, alerta
Gabriela Guida de Freitas.
Por outro lado, a faixa etária de
cinco a nove anos foi a que apresentou a maior redução de mortes dentre todas
as idades. Foram 26% menos casos fatais de um ano para o outro. Em números
absolutos, a maior redução foi da criança nessa idade que perde a vida em um
atropelamento, foram ao todo 53 casos a menos que em 2014. Já considerando a
porcentagem de redução, a modalidade que mais caiu foi a de crianças que morrem
na motocicleta, com redução de 32%.
Afogamento
Os afogamentos continuam sendo a principal
causa de morte acidental de crianças de um a quatro anos no Brasil e a segunda
principal de cinco a 14 anos, apesar da redução registrada de 9,76% no número
de mortes até 14 anos de idade de 2014 para 2015.
Os afogamentos em águas naturais
foram os principais responsáveis pelas mortes de crianças. Em 2015, 411 meninos
e meninas de zero a 14 anos perderam suas vidas nesses locais, o que representa
43,58% de todas as mortes por afogamento de crianças dessa faixa etária.
As faixas etárias que mais perderam
suas vidas em afogamentos foram a de um a quatro anos (354 casos) e de 10 a 14
anos (362 casos), o que representa, respectivamente, 37,53% e 38,38% do total
de óbitos infantis registrados por afogamento em 2015.
Sufocação
A sufocação foi a única modalidade
de acidente que apresentou aumento do número de mortes de crianças de zero a 14
anos no país, subindo 3% de 2014 para 2015.
Entre os tipos de sufocações que
podem acontecer na infância, as mais fatais foram por inalação de conteúdo
gástrico (244 casos), obstrução de vias áreas por ingestão de alimentos (176
óbitos) e os não especificados (252 registros), que representaram,
respectivamente, 30,12%; 21,72% e 31,11% do total de mortes por sufocação de
crianças em 2015.
De 2014 para 2015, somente os casos
de morte por inalação de conteúdo gástrico aumentaram 12%. Comparando os dados
de 2000 a 2015, apesar de serem menos representativas, as mortes por sufocação
ou estrangulamento na cama foram as que mais cresceram: 176%, passando de 21
para 58.
A faixa etária de até um ano é a que
mais registrou casos de óbitos por sufocação. Foram 611 casos, o que representa
75,43% de todas as mortes registradas desse acidente em 2015 com crianças de
zero a 14 anos.
Entretanto, de 2015 a 2014, a faixa etária que apresentou maior
aumento de mortes por sufocação foi a de um a quatro anos, com crescimento de
13 casos em um ano.
A Criança Segura é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, dedicada à prevenção de acidentes com crianças e adolescentes de até 14 anos. A organização atua no Brasil desde 2001 e faz parte da rede internacional Safe Kids Worldwide, fundada em 1987, nos Estados Unidos, pelo cirurgião pediatra Martin Eichelberger.
Para cumprir sua missão, desenvolve ações de Políticas Públicas – incentivo ao debate e participação nas discussões sobre leis ligadas à criança, objetivando inserir a causa na agenda e orçamento público; Comunicação – geração de informação e desenvolvimento de campanhas de mídia para alertar e conscientizar a sociedade sobre a causa e Mobilização – cursos à distância, oficinas presenciais e sistematização de conteúdos para potenciais multiplicadores, como profissionais de educação, saúde, trânsito e outros ligados à infância, promovendo a adoção de comportamentos seguros.
www.criancasegura.org.br
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