A
maioria das pessoas sabe ou pelo menos já leu em alguma mensagem que para se
comunicar adequadamente é preciso aprender a escutar. Sim, escutar sem querer
responder o tempo todo. Escutar para compreender o outro e assimilar o que ele
quer expressar e não já ficar bolando o que vai dizer como resposta ou
interromper sem nem dar chance ao outro falar.
Pois
bem, e como é isso nos dias atuais, de mídias sociais? Como posso escutar
alguém se estamos em um mundo do faz de conta que está tudo bem, todo mundo é
igual e pensa da mesma forma? Algumas pessoas desconhecem que vivem em uma
bolha de opiniões. Exato, não conseguem perceber que nem todo mundo pensa igual
ao que elas defendem. É lógico que os iguais se atraem no mundo digital e que
nas redes sociais muitos somem de nossa timeline não porque deixaram de ser
nossos amigos, mas porque não compartilham de mesmas opiniões e gostos e
automaticamente (literalmente falando) elas começam a aparecer cada vez menos.
E o que
isso tem a ver com aprender a escutar? Oras, se uma pessoa entra em nossa
página e escreve algo que contradiz o que defendemos, normalmente perdemos a
chance de aprender com a diferença se já saímos brigando, ou seja, não damos
chance para “escutar”. Com isso, ficamos cada vez mais incapacitados para
o diálogo, para o novo, para o crescimento. Não quer dizer que haja necessidade
de mudança de opinião, mas não precisamos e não devemos nos fechar para o mundo
e para opiniões contrárias.
Isso
também se repete no ambiente físico é lógico. No passado se respeitava a
opinião do outro, se conversava valorizando o diálogo e aprendendo com opiniões
contrária. Hoje a pessoa sabe que sua opinião política ou sobre um filme ou
qualquer outro assunto é contrário e mesmo assim, se fecha para a troca de opiniões
e se fecha em defesas de suas opiniões. Na verdade, não quer a conversa, quer a
briga. Muitas vezes a falta de habilidade em escutar é acompanhada de
interrupções ou de expressões faciais que dizem, “não avance que não vai dar em
nada, não estou te ouvindo, tenho minha opinião e pronto”.
Loucura!
Loucura porque não tem como fazer de conta que a opinião contrária não existe e
que é possível se fechar e só conversar com quem comunga do mesmo raciocínio,
do mesmo argumento. Loucura porque cada vez mais o mundo fica pequeno a partir
do momento que acontece o boicote ao novo, ao diferente. Com isso, é promovida
uma comunicação de raiva, de ganha-ganha ou de perde-perde. Dia desses ouvi de
uma amiga uma frase que resolvi aplicá-la em muitos momentos de minha
comunicação. Preciso me comunicar com minha mente e meu coração, não posso
deixar para me comunicar com o estômago. Por isso, temos que aprender novamente
a escutar, quem sabe muitos conflitos resultem em crescimento e inovação.
Sulamita Mendes - especialista em
comunicação e marketing, doutoranda em psicologia social e professora do Centro
Europeu (www.centroeuropeu.com.br),
de Curitiba (PR)
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