O brasileiro está comendo menos e pior. Diminuíram as compras de
alimentos e a refeição cada vez mais branca revela a diminuição da presença e
quantidade da proteína animal e de verduras e hortaliças. Os dados são do
Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo aponta que, de 2015 para 2016, houve queda
de 1,45% no consumo interno de proteína animal (bovinos, suínos e aves). O
consumo aparente diminuiu de 19,12 milhões de toneladas para 18,85 milhões de
toneladas.
Nesses dois últimos anos, contrariando períodos anteriores, há queda na
comercialização de aves (frango, peru e chester). Para o caso do frango, a
Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informa que a diminuição no
consumo atingiu 4,95%, baixando de 43,25kg por habitante ao ano para 41,10
kg/hab./ano.
E pelo segundo ano consecutivo, a tradicional venda de peru e outras
aves natalinas teve redução. As carnes natalinas em geral registraram queda de
13% com relação a 2015, de acordo com levantamento feito pela NeoGrid/Nielsen
em pelo menos 100 redes de varejo do Brasil. A retração total do setor varejista
no último fim de ano foi de nada menos do que 7% em comparação a 2015. Por sua
vez, o incremento esperado para o consumo de carne suína em 2016 será de pouco
mais de 2,5% (de 15,1 kg/hab./ano para 15,4 kg/hab./ano – estimado a partir da
variação observada no ano anterior). É absolutamente insuficiente para
compensar a redução observada nas aves, particularmente em frangos.
Uma retração que afetou também outros produtos agropecuários além da
carne. Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) da
capital paulista, 2016 registrou queda de 6% na comercialização de frutas em
comparação a 2015 – de 1.734.479,71 toneladas para 1.629.592,33 toneladas.
Sem dinheiro para adquirir até mesmo proteínas mais acessíveis, a
família brasileira usa da criatividade para garantir a popular “mistura” em
suas refeições. Sem orçamento para carne bovina ou de frango, o consumidor vem
optando por inserir mais acentuadamente o ovo em sua alimentação.
Das 191 unidades por habitante ao ano consumidas em 2015, espera-se
salto para 201 unidades/hab./ano, ou seja, incremento de 5%. Outros itens
também passaram a participar mais frequentemente da mesa, como a salsicha
(3,07% de incremento entre 2015 e 2016) e a mortadela. Também pode ser
observado o retorno às gôndolas de produtos pouco nobres, como pés, dorso e
fígado de frango.
É o reflexo no prato dos brasileiros do desemprego, da perda do poder
aquisitivo, do acentuado encolhimento da nossa economia. Nosso Produto Interno
Bruto (PIB) foi de -3,8% em 2015 e de -3,6% em 2016. Soma-se a isso a expansão
relevante da parcela da população economicamente ativa em condição de
desemprego aberto – chegando à histórica marca de 12 milhões de pessoas no ano
passado.
Houve ainda diminuição de 5,8% na venda de legumes, de 890.681,28
toneladas para 838.845,29 toneladas. 7,5% do pescado, saindo de 52.762,39t em
2015 para 48.787,90t no ano passado. 9,8% das flores, de 43.319,14t para
39.063,84t. Além de 1,7% a menos de verduras vendidas, saindo de 401.669,54t em
2015 para 397.204,35t em 2016.
A crise até o momento denominada como econômica, política e moral ganha
mais uma faceta: nutricional. Estudo revela mais um reflexo negativo da crise
econômica dos últimos anos para a população brasileira: a diminuição do consumo
de proteína animal e, também, de frutas, legumes e hortaliças. Até mesmo a já
conhecida substituição da carne bovina pela de frango, mais barata, sofreu
queda – com consequente aumento no consumo de ovos.
Queda no consumo não chega a ser novidade em tempos de economia
delicada, mas desta vez há o agravante de ser uma diminuição generalizada. O
aperto no orçamento doméstico do brasileiro antes fazia a dona-de-casa trocar a
carne bovina pela de frango, mais acessível. Mas nem mesmo essa substituição
vem acontecendo por falta de condições financeiras.
Essa crise nutricional é resultado dos caminhos
errados seguidos pelo governo anterior, que levaram o País a esta situação e
afetaram a confiança, a moral e a perspectiva de futuro do brasileiro - além
disso, refletiram também em seu direito a uma alimentação mais completa e
nutritiva.
O aumento do consumo de alimentos energéticos e
lipídicos em substituição à proteína desequilibra o prato. É um fato que
repercute na saúde da população e provoca rápido aumento dos casos de obesidade
e doenças a ele correlatas. O equilíbrio econômico brasileiro precisa ser
retomado para que nossa população volte a comer com qualidade.
Arnaldo Jardim - secretário de
Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e deputado federal
(licenciado)
E-mail: arnaldojardim@arnaldojardim.com.brSite oficial: www.arnaldojardim.com.br
Twitter: @ArnaldoJardim
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Deputado Arnaldo Jardim
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