Conhecida por interposição ileal, procedimento
não é autorizado pelo Conselho Federal de Medicina. Cid Pitombo, referência
nacional e internacional em cirurgia bariátrica e médico dos atores André
Marques e Leandro Hassum, não recomenda o uso da técnica e alerta: "Por
ser ainda uma pesquisa, pacientes não podem pagar pela interposição”
Nas últimas semanas a imprensa começou a repercutir casos de pacientes que supostamente morreram após passar pelo procedimento chamado de interposição ileal com o objetivo de reduzir peso e controlar o diabetes. Trata-se da extração de parte do estômago e a colocação do íleo entre o jejuno e o duodeno (parte superior do intestino). Este procedimento não é autorizado pelo Conselho Federal de Medicina.
O dr. Cid Pitombo - recordista de cirurgias bariátricas pelo Sistema Único de Saúde – alerta que a interposição ileal não passou por todos os testes de eficácia e riscos necessários para a segurança dos pacientes. Por ser um procedimento praticamente irreversível, tem altos riscos e pode levar a graves consequências.
Pitombo é editor-chefe do
livro 'Obesity Surgery: principle and practice', referência mundial no assunto,
da editora McGraw-Hill.
“Para se ter uma ideia, a técnica de cirurgia bariátrica por videolaparoscopia que hoje utilizo começou a ser pesquisada em 1966 e apenas na década de 90 passou a ser um procedimento autorizado. Não há estudos suficientes sobre o protocolo da interposição ileal, muito menos a medida dos riscos que o paciente é submetido”, explica o dr. Cid Pitombo, responsável pela cirurgia bariátrica de sucesso nos atores André Marques e Leandro Hassum.
Por ser algo experimental, antes de operar um paciente com a técnica da interposição ileal o médico precisa pedir autorização à Comissão de Ética e Pesquisa (Conep), órgão vinculado ao Ministério da Educação. Além disso, a pessoa precisa estar ciente de que se trata de um teste, concordar com os riscos e nada pode ser cobrado dela. Ou seja, paciente não pode pagar nenhum valor de cirurgia, nem de material ou internação.
Ele orienta os pacientes a sempre questionarem os médicos antes de decidir por um procedimento: “Tem que perguntar se a cirurgia que está sendo sugerida é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina.”
Pitombo é o recordista de cirurgias bariátricas do SUS - Cid Pitombo é o criador do Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica que mantém a média de 40 pacientes operados por videolaparoscopia por mês no Hospital Estadual Carlos Chagas, no Rio de Janeiro. Já passaram pelo procedimento quase 1.600 pacientes do Sistema Único de Saúde.
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