Todos os anos, o Brasil notifica casos da febre
amarela silvestre, doença transmitida por mosquitos exclusivamente presentes em
regiões rurais e de mata. Desde a década de 50, o país não registra casos nos
centros urbanos – a última ocorrência foi notificada no Acre, em 1942. “No
Brasil, os locais de risco são as regiões de matas e rios das regiões Norte e
Centro-Oeste, bem como parte do Nordeste (Maranhão, sudoeste do Piauí, oeste e
extremo sul da Bahia), Sudeste (Minas Gerais e oeste de São Paulo) e Sul (oeste
dos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul)”, afirma Dr. Jessé
Reis, infectologista do Delboni Medicina Diagnóstica.
O médico explica que existe o risco de a população
sofrer novamente com a febre amarela urbana. “A presença do mosquito Aedes
Aegypti em grande parte dos municípios brasileiros representa uma grande
possibilidade de o vírus se reurbanizar novamente no país. Dessa forma, as
políticas de combate e erradicação do Aedes Aegypti no Brasil, além de
prevenirem as doenças como dengue, zika, e chikungunya, também são importantes
para impedir que a febre amarela se faça presente nas cidades”, alerta Dr.
Jessé.
A febre amarela é transmitida quando o homem entra
em contato acidentalmente com mosquitos transmissores da doença na região
silvestre – pertencentes aos gêneros Haemagogus e Sabethes. Porém, segundo
dados oficiais do Ministério da Saúde, no período de julho de 2014 a dezembro
de 2016 foram confirmados um total de 15 casos humanos, com locais prováveis de
infecção em Goiás, Pará, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Amazonas. “Em 2017,
está ocorrendo um surto de febre amarela silvestre em todo o estado de Minas
Gerais”, diz o médico.
Como se prevenir
Os locais de maior potencial para o mosquito Aedes
se desenvolver nas regiões urbanas são todos aqueles que acumulam água, como
pratos de vasos de planta, caixas d’água sem tampa, piscinas sem tratamento,
regiões com entulhos que acumulem poças de água e pneus, entre outros. De
acordo com o infectologista, o mosquito voa baixo, mas pode “pegar carona” e
alcançar outros lugares, mais altos, mais distantes. “Mesmo ressecados, os ovos
são perigosos. Eles sobrevivem até um ano sem água e, se neste período, houver
contato com ela, o ciclo evolutivo recomeça”, explica Dr. Jessé.
Ele reforça que a borrifação de inseticidas mata
apenas os mosquitos adultos, por isso, só é eficaz no caso de surtos ou
epidemias. Para eliminá-los é preciso acabar com os ovos. “O ciclo começa
quando a fêmea do Aedes deposita seus ovos em locais com água acumulada e parada.
A partir dos ovos depositados, temos a larva, depois a pula, e daí o mosquito
maduro”, diz ele, reforçando que somente a fêmea do mosquito pica as pessoas -
pois é ela que necessita do sangue em seu organismo para amadurecer seus ovos e
assim dar sequência ao seu ciclo de vida.
A fêmea adulta coloca cerca de 300 ovos durante
toda a sua vida, que dura, em média, de 30 a 45 dias. Metade desses ovos darão
origem aos mosquitos machos e a outra metade aos mosquitos fêmeas. Com 24 horas
de vida a fêmea já pode se reproduzir.
“Descobriu-se recentemente que existe a transmissão
transovariana, ou seja, a fêmea, contaminada inocula o vírus nos ovos e os
mosquitos já nascem com ele. Isso multiplica as chances de propagação.
Sobre a febre amarela
É uma doença de gravidade variável. Pode variar de
leve, com sintomas comuns, como febre, cefaleia e mal-estar, até uma doença
grave, com grande inflamação do fígado e hepatite fulminante, caracterizada por
icterícia (pele e mucosas amareladas) e hemorragia. Estima-se que somente cerca
de 10% dos casos se manifestem das formas graves; entretanto, essas possuem
taxa de mortalidade acima de 50%.
Não há medicamento específico para o tratamento da
doença. O paciente deve receber terapia de suporte, com medicamentos para controle
dos sinais e sintomas (como analgésicos e antitérmicos), e terapias para o
controle das complicações. Pacientes com a forma grave da doença devem ser
internados em unidades de terapia intensiva.
Assim como na dengue, o uso de medicamentos que
contenham em sua fórmula o ácido acetil-salicílico ou seus derivados não devem
ser utilizados pelo risco aumentado de hemorragias.
Para se prevenir da doença, o método mais eficaz é
a vacinação. Porém, não podem se vacinar as crianças com idade abaixo de 9
meses, gestantes, mulheres amamentando crianças menores de seis meses, pessoas
com baixa imunidade, como pacientes transplantados e pacientes oncológicos,
pessoas com hipersensibilidade a algum dos componentes da vacina e idosos
(acima de 60 anos).
Delboni
Auriemo Medicina Diagnóstica t
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