O risco de obesidade é maior quando as crianças
estão fora da escola do que quando estão na escola
As
crianças estão em maior risco de ganhar quantidades insalubres de peso durante
as férias de verão, do que durante o ano letivo, de acordo com um novo estudo publicado no Obesity Journal. Os
pesquisadores estudaram mais de 18.000 crianças, em creches, com cerca de dois
anos, e descobriram que a obesidade aumentou apenas durante as duas férias de
verão e não durante o ano escolar. Os resultados do estudo foram apresentados
durante o simpósio Obesity Week, conferência anual da Sociedade de Obesidade,
entre 31 de outubro e 4 de novembro de 2016.
“Os
educadores há muito tempo se preocupam se as férias de verão levam à perda do
hábito de estudo. Agora, sabemos que o recesso também é um tempo de ganho de
peso excessivo para os alunos mais jovens. Os resultados do estudo levantam
questões para pais e gestores de políticas públicas sobre como ajudar as
crianças a adotar comportamentos saudáveis durante as longas férias de verão para
impedir o ganho de peso. Os resultados também sugerem que não podemos reverter a
epidemia de obesidade se nos concentrarmos apenas no que as crianças estão fazendo e
comendo enquanto estão na escola”, afirma o pediatra e homeopata Moises
Chencinski (CRM-SP 36.349).
Entre
o início do jardim de infância e o final da 2ª série, a obesidade aumentou de
8,9% para 11,5% entre as crianças, e o excesso de peso (sobrepeso) aumentou de
23,3% para 28,7%. Nenhum aumento de peso ocorreu durante o ano escolar; tudo
isso aconteceu durante as férias de verão.
Os
pesquisadores defendem que agora que existem dados sólidos apontando que as
férias de verão são um período propício para o ganho de peso potencial em
crianças pequenas, o próximo passo é trabalhar junto com as escolas para moldar
os comportamentos fora do horário letivo. “Os pais podem tomar algumas medidas
simples para ajudar os filhos a aderirem a um horário de sono adequado, durante
todo o ano, e podem reduzir o tempo de tela”, destaca o médico.
Mas
os pais não podem resolver o problema sozinhos. Os autores do estudo sugerem
que, para reduzir o aumento da obesidade infantil e do sobrepeso, os programas
escolares devem tentar moldar os comportamentos extra-escolares, bem como
melhorar a qualidade das refeições escolares e da prática de atividade
física durante o ano letivo. Sugerem também testar intervenções adicionais para
ver o que funciona melhor, mas que podem incluir:
·
Limitações
ao marketing de alimentos dirigidos às crianças;
·
Educação
nutricional para os pais.
“Esperamos
que essas descobertas unam os esforços dos pais, educadores, defensores da
saúde pública e funcionários para garantir que o verão não coloque por água
abaixo os esforços feitos durante o ano letivo para não apenas ensinar as
crianças a comerem bem, mas para mantê-las saudáveis”, diz o pediatra, que é
membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da
Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Financiado
pela Fundação Russell Sage, o estudo utilizou dados nacionais representativos
para medir objetivamente a altura e o peso ao longo de um período de três anos.
Os pesquisadores usaram o Early Childhood Longitudinal Study para seguir uma amostra aleatória nacional e
complexa de 18.170 crianças do jardim de infância em 2010, até a segunda série
em 2013. O peso e a altura foram medidos nas escolas em cada outono e primavera
e os autores estimaram o aumento do IMC, a prevalência de sobrepeso e a prevalência
de obesidade durante cada verão e ano escolar. O objetivo do estudo foi avaliar
a importância dos fatores de risco para ganho de peso dentro e fora do ambiente
escolar.
Moises
Chencinski
Nenhum comentário:
Postar um comentário