Atualmente cerca
80% dos adultos entre 50 e 90 anos são sexualmente ativos, porém a maioria não
se previne
Não é novidade para ninguém que os idosos estão
cada vez mais ativos. Os 'vovôs' e 'vovós' da atual sociedade esbanjam saúde e
disposição, praticam esportes radicais, fazem danças acrobáticas, jogam
videogame e ainda têm se permitido aproveitar os prazeres da relação sexual.
Porém, a maioria não estão atentos aos riscos que o
sexo sem a devida proteção pode ocasionar. As Doenças Sexualmente
Transmissíveis (DSTs) têm afetado a vida sexual dos 'idosos' em grande escala,
e o motivo é a ausência do uso de preservativo.
O número de casos de HIV (Vírus da Imunodeficiência
Humana), entre pessoas acima dos 50 anos dobrou na última década, já que
atualmente cerca 80% dos adultos entre 50 e 90 anos são sexualmente ativos.
Segundo os últimos dados do Ministério da Saúde,cerca
de 4% a 5% da população acima de 65 anossão portadores do vírus HIV, um aumento
de aproximadamente 103%. "Os homens e mulheres na terceira idade estão
fazendosexo sem prevençãoe se contaminando com o vírus da AIDS e outras DSTs. E
não é só isso. Os diagnósticos em pessoas com mais de 50 anos crescem no país a
cada dia, presencio este cenário todos os dias no consultório.
No Brasil, o
Ministério da Saúde não tem dados sobre o índice de transmissões das DSTs,
porque a notificação não é obrigatória, caso contrário, nos assustaríamos muito
mais", afirma o diretor do Instituto Paulista, cirurgião geral e vascular
e andrologista, Dr. Carlos Augusto Araújo.
O Pará lidera como o Estado com maior índice de
idosos contaminados. Dados da Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa)
mostram o crescimento do número de idosos com o vírus HIV no estado. Do total
de 5.465 casos investigados de AIDS (na sigla em português:SIDA– Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida), em adultos, a faixa etária dos 60 aos 80 anos registrou
214 casos, 12 novos casos foram registrados somente em 2016. No estado,Belém
lidera como município que possui maior número de infectados.
Anova geração de idosos tem recursos paraprolongar a qualidade de vida, acaba poraumentar também a sexualidade, pois medicamentos para disfunção erétil via oral, injetáveis e as próteses penianas fazem grande sucesso. Se estão ativos para dançar, passear e estudar, também estão para namorar, o problema é que ninguém os imaginam ativos sexualmente.
"O homem mais velho tem maisdificuldade de aceitar o uso do preservativo, porque ele associa isso à sua juventude, quando não se usava muito a camisinha e as DSTs ainda não eram propagadas. Outro fator importante é que ainda existe otabu de se falar sobre sexo na melhor idade, seja pela família, por eles mesmos e até nos consultórios médicos, que devem estar ainda mais atentos", acrescenta o especialista em saúde sexual masculina .
E, em decorrência da fragilidade do sistema
imunológico das pessoas com mais de 60 anos, há uma dificuldade para detectar
as Doenças Sexualmente Transmissíveis, pois os sintomas de muitas delas podem
ser confundidos com os de outras infecções.
Na Inglaterra, o aumento das doenças sexualmente
transmissíveis entre pessoas com mais de 65 anos aumentou 8,2%, segundo um
estudo realizado pelo Public Health England. Entre as doenças
mais comuns estão a clamídia, gonorréia, herpes e verrugas genitais. A
estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de
que, a cada ano, 131 milhões de pessoas são infectadas com clamídia; 78 milhões
com gonorréia; e 5,6 milhões com sífilis. "Algumas doenças desconhecidas
por muitos', enfatiza.
DSTs em alta propagação
AIDS: compromete o funcionamento do sistema
imunológico humano e, dessa forma, o organismo fica mais debilitando e não
consegue se defender das agressões externas, como: bactérias, parasitas, outros
vírus e células cancerígenas. Essa doença não tem cura, entretanto, por meio de
coquetéis de medicamentos é possível minimizar seus sintomas.
Gonorréia: altamente contagiosa, ela pode entrar no
corpo por meio da vagina, boca ou reto. Entre os principais sintomas estão:
corrimento turvo de secreções e desconforto (ardor e queimação). No entanto,
ela pode se apresentar de maneira silenciosa. A doença é tratada com o uso de
antibióticos ministrados por via oral e por injeções.
Sífilis: apresenta-se com o aparecimento de uma
pequena ferida indolor e sem a presença de pus nos órgãos sexuais e ainda com
ínguas nas virilhas. Essas feridas podem desaparecer com o tempo, mas isso não
significa que a pessoa está curada. Por isso, é importante buscar auxílio de um
médico para que ele indique medicamentos específicos a fim de evitar que a
doença continue a avançar no organismo.
Herpes: trata-se de pequenas bolhas que surgem,
especialmente, na parte externa da vagina e na ponta do pênis. Pelo fato de que
coçam bastante, as bolhas podem acabar se rompendo causando uma ferida. O
tratamento é feito com medicamento de via oral e/ou tópico.
Para o especialista, o melhor caminho para prevenir
e frear infecções sexualmente transmissíveis é lembrar daquele famoso conselho:use
camisinha. Não basta ter uma vida sexual ativa na melhor idade.
"Parece que todo mundo já sabe da importância
do preservativo, mas precisamos repetir para que todos realmente usem. Em um
cenário em que bactérias estão ficando resistentes aos antibióticos que
utilizamos em alguns tratamentos, a camisinha impede a infecção e pode pôr um
fim na transmissão", ressalta o Dr. Carlos Araujo.
O Ministério da Saúde alertou para um aumento não
apenas no número de pessoas a partir de 60 anos com HIV, como também um aumento
no número de óbitos por AIDS nessa faixa etária, que dobrou em 12 anos.
"Velho é o preconceito, o importante é se prevenir", finaliza a
andrologista.
Dr. Carlos Araujo -
especializado no implante de próteses penianas. Formado em medicina pela UNESP
– Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho de Botucatu (1985) e é
presidente e diretor clínico do Instituto Paulista. Possui especialização em
cirurgia vascular e opera no Brasil e nos Estados Unidos (Los Angeles). É
membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, da ISSM –
International Society for Sexual Medicine, AUA – American Urological
Association, SUPS – Society of Urologic Prosthetic Surgeons e da Sexual
Medicine Society of North America.
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